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Uso excessivo de anti-inflamatórios pode prejudicar a saúde

Medicamentos são importantes para controlar doenças crônicas, reduzir os riscos de complicações e recuperar a saúde. Mas quando ingeridos em excesso, podem ser muito mais prejudiciais do que benéficos. Um exemplo de medicamento usado mais do que o necessário pela população e que pode causar danos ao nosso organismo é o anti-inflamatório.

Existem diferentes classificações desse medicamento. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) representam um grupo com ações analgésica (alívio da dor), antipirética (diminui a febre), inibidora da agregação de plaquetas, além, claro, da ação anti-inflamatória. São exemplos: ibuprofeno, diclofenaco, nimesulida, entre outros. Não fazem parte deste grupo os medicamentos com componente esteroide ou costicosteroide, como prednisolona, dexametasona, hidrocortisona, entre outros.

Dados da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil (PNAUM), mostram que pelo menos 8,5% da população usaram anti-inflamatórios nos 15 dias anteriores à entrevista. Foram entrevistados mais de 40 mil indivíduos nas cinco grandes regiões do país. Os principais motivos de uso destes fármacos foram dor (49,4%) e febre (9,8%).

Mas quais são os perigos da ingestão excessiva desses remédios? Os AINEs precisam de uma atenção especial, por exemplo, porque diminuem a produção de prostaglandinas, que são substâncias naturais em nosso organismo envolvidas no processo da dor, inflamação, febre, proteção do estômago, trabalho de parto, controle de pressão arterial, menstruação, entre outros. 

A diminuição de prostaglandinas interfere na ocorrência de gastrites, úlceras, problemas nos rins, fígado e coração, aumento da pressão arterial e oferece dificuldade no nascimento de uma criança. A insuficiência renal é um dos problemas mais graves acarretado pelo uso excessivo, já que com a redução de prostaglandinas, o processo de filtragem do sangue pelos rins fica comprometido e reduz a eliminação do sódio pelo órgão.

Além disso, os AINEs ainda podem aumentar o risco de sangramentos/hemorragias quando usados por pessoas tratadas com anticoagulantes, ou pacientes com dengue. Também podem diminuir o efeito dos anti-hipertensivos (medicamentos para pressão alta). Em casos de cirurgias e fraturas, ou extrações de dente, podem prejudicar o processo de cicatrização/restauração e aumenta a chance de hemorragias.

O Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde recomenda que os AINEs sejam usados nas doses mais baixas, pelo mínimo tempo possível e necessário para aliviar inflamações , sempre de acordo com prescrição médica.

A inflamação é um processo natural, benéfico e necessário para a defesa e a reparação do organismo, que deve ser interrompido somente quando necessário. Também cabe ao próprio corpo produzir substâncias anti-inflamatórias capazes de agir nessas situações. Sendo assim, o combate à inflamação só é necessário quando sinais e sintomas, como inchaço e dor, são tão intensos a ponto de se tornarem desconfortáveis e incapacitantes (inflamação no joelho ou inflamação de garganta, por exemplo).

E o que fazer para evitar o uso dos anti-inflamatórios? A Cartilha para a promoção do uso racional de medicamentos estabelece que, para algumas doenças, medidas como dietas, repouso e exercícios podem ser mais eficazes do que remédios. Em situações de inflamação localizada, gelo, repouso e imobilização podem ser suficientes. É importante lembrar que apenas um profissional de saúde habilitado pode indicar o tratamento adequado para determinadas doenças ou inflamações.

Atendimento

Os efeitos colaterais pelo uso de AINEs são mais comuns depois de alguns dias de tratamento, mas às vezes podem ocorrer logo após a primeira dose. Em geral, os efeitos no estômago (dor, náuseas, vômito) podem ser diminuídos se o medicamento for ingerido com o paciente em pé ou sentado, com um copo de água (cerca de 250 mL), junto ou logo após uma refeição. Na maioria dos casos, os efeitos colaterais cessam com a interrupção do tratamento. Quando há necessidade de uso prolongado, o médico pode prescrever outro medicamento, para ser tomado pelo mesmo período, e, assim, evitar os efeitos colaterais no estômago.

Orientações para prevenir efeitos colaterais podem ser obtidas com o próprio profissional que prescreveu o medicamento e/ou com um farmacêutico. Em caso de efeito colateral leve, pode ser consultado o farmacêutico ou outro profissional da equipe da saúde da família (ESF) ou de uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Em situações de efeito mais intenso, como sangue nas fezes, inchaço na perna ou em todo o corpo, recomenda-se procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Aline Czezacki, para o Blog da Saúde