Afastado temporariamente da presidência da CBF, Rogério Caboclo responderá por denúncia de assédios moral e sexual a uma funcionária da entidade, que apresentou provas à Comissão de Ética na sexta-feira passada (4). Os áudios foram divulgados neste domingo (6) pela TV Globo. A funcionária, cuja identidade é mantida sob sigilo como forma de proteção, gravou uma conversa entre ela e Caboclo no dia 16 de março, na sala do então presidente da CBF, no Rio de Janeiro.
Lives, conteúdos originais e o melhor da programação da ESPN! Inscreva-se no nosso canal do YouTube, ative as notificações e não perca nenhum vídeo! No diálogo, Caboclo faz comentários sobre a vida pessoal da funcionária e também dá detalhes de seu casamento com a esposa. Além disso, oferece bebida alcoólica à mulher, tenta descobrir a relação que ela possui com outros funcionários da CBF e a constrange com perguntas de cunho sexual.
De acordo com o perito especialista em crimes digitais Vanderson Castilho, ouvido pela TV Globo, a voz na gravação pertence, sim, a Rogério Caboclo. A funcionária alega ainda que passou por outras tentativas de assédio.
Ao receber a denúncia, o Comitê de Ética, presidido pelo advogado e ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) Carlos Renato de Azevedo Ferreira, decidiu afastar Caboclo imediatamente. O cartola, sentindo-se traído nos bastidores, arquitetava uma série de demissões, entre elas a do técnico Tite.
A saída a princípio será por 30 dias, mas o prazo pode ser renovado. Quem assume a cadeira de presidente da CBF é Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, um dos oito vices. Ele tem a preferência pelo critério de idade, pois tem 82 anos e é o mais velho do grupo.
Em nota enviada à Globo, por meio de seus advogados, Caboclo negou que tenha cometido assédio e apenas reconheceu a realização de “brincadeiras inadequadas”. A defesa alega ainda que havia entre as partes um acordo de R$ 12 milhões em troca da não divulgação dos áudios. Os advogados da vítima, no entanto, dizem que não existia acordo, mas sim a oferta, não aceita, por parte do dirigente.
Veja abaixo a defesa de Rogério Caboclo:
Rogério Caboclo nega veementemente ter cometido qualquer ato de assédio. Embora ele reconheça que houve brincadeiras inadequadas e excesso de intimidade, é preciso deixar claro que essas decorreram do fato de que havia uma relação de amizade entre ambos, que a denunciante esteve várias vezes na casa dele, convivia com sua família e que ambos conversavam com frequência sobre assuntos de natureza pessoal. Mas jamais ele se aproximou fisicamente da denunciante, menos ainda fez qualquer movimento ou proposta no sentido de se aproveitar de forma libidinosa dela.
A denunciante omite o fato de que, por várias semanas, negociou acordo em torno da questão, e até constituiu advogado para tanto, tendo feito pedido inicial de 12 milhões de reais, em troca da não divulgação da gravação. Estranhamente, acabou por fazer a denúncia, três meses após a data em que realizou a gravação, e em dia de jogo oficial da Seleção Brasileira. Minutas de acordo foram comprovadamente trocadas, mas, ao que parece, ao final, a denunciante não se contentou com seus termos.