O senador Cid Gomes foi baleado com um tiro na tarde desta quarta-feira durante um protesto de policiais que reivindicam aumento salarial em Sobral, no interior do Ceará. Não há confirmação oficial se Cid foi atingido por bala de borracha ou por arma de fogo. Segundo a assessoria do governador, o disparo foi feito por arma de fogo. Já a prefeitura de Sobral informou que o senador foi atingido por munição de uma pistola calibre .40. Logo depois de ser atingido, Cid foi encaminhado ao Hospital do Coração de Sobral, e será transferido ainda nesta quarta-feira para a Santa Casa do município. Ele foi atingido no peito pelo tiro e também por estilhaços de vidro do retroescavadeira usada por ele para tentar atingir os manifestantes. Nas redes sociais, vídeos mostram o senador consciente e com manchas de sangue no rosto e na camisa.
À imprensa, a assessoria de Cid reiterou em nota que ele foi atingido por arma de fogo: “O senador Cid Gomes foi baleado por uma arma de fogo na tarde desta quarta-feira (19), em Sobral. Neste momento, o senador passa por estabilização no Hospital do Coração de Sobral e será transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Sobral”, diz nota da assessoria do senador.
O ex-ministro Ciro Gomes, irmão de Cid, se manifestou no Twitter sobre o ocorrido. Ele afirmou que o senador “foi vítima de dois tiros de arma de fogo por parte de policiais militares amotinados e mascarados” e que “as informações médicas são de que as balas não atingiram órgãos vitais apesar de terem mirado seu peito esquerdo”. Ciro disse ainda que espera que as autoridades responsáveis “apresentem prontamente os marginais que tentaram este homicídio bárbaro às penas da lei”. O senador, que está licenciado do cargo desde dezembro, pilotava a retroescavadeira e tentava furar o bloqueio feitos pelos policiais no centro de Sobral. Durante a confusão, tiros foram disparados na direção de Cid e os vidros do veículo foram estilhaçados. Pessoas que acompanhavam a operação gritavam desesperadas.
Os policiais e bombeiros militares tentam aumento de salário desde dezembro do ano passado. O governo anunciou um pacote de reajuste no final de janeiro deste ano, que foi rechaçado pelas categorias. Depois de mais uma oferta de aumento, os policiais decidiram não só recusar o aumento como passaram a realizar atos pelo estado. Batalhões da PM chegaram a ser atacados por homens encapuzados.
Mais cedo, Cid fez uma postagem em suas redes sociais para pedir apoio da população do município para acabar com a manifestação dos policiais grevistas.
“Eu vim aqui defender a paz e a tranquilidade do povo de Sobral. Ninguém será chantageado, ninguém deixará de trabalhar, de abrir suas portas e caminhar com tranquilidade em Sobral. Uma coisa é se amotinarem em um local, outra são os próprios que deveriam defender a paz e a tranquilidade serem eles próprios os incitadores da violência. Eu tô aqui desarmado, e vou enfrentar quem armado estiver, sob o custo da minha vida. Mas ninguém vai fazer o que esses bandidos estão fazendo aqui em Sobral”.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, acionou o ministro Sergio Moro (Justiça) e o governador do Ceará, Camilo Santana, para tratar do episódio. Ele pediu informações sobre a situação do parlamentar e cobrou que a segurança de Cid Gomes fosse garantida.
Em nota, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública informou que enviou agentes da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal para o local. A assessoria da pasta disse que “está acompanhando a situação no Ceará e analisando as providências que podem ser tomadas”.
O município de Sobral é o berço político da família Gomes. A cidade é o reduto eleitoral do senador e do seu irmão Ciro Gomes, ex-ministro e ex-candidato à presidência nas eleições de 2018. Sobral está hoje sob a gestão do prefeito Ivo Gomes, outro irmão do senador.