Reconhecido como berço do samba brasileiro, o Recôncavo baiano abriga a música, dança e poesia, que fizeram o ritmo canarinho ganhar inscrição na Lista Representativa do Patrimônio Imaterial da Humanidade. Para reverenciar as riquezas culturais e musicais presentes no Samba do Recôncavo baiano, os blocos de samba Leva Eu, Vamos Nessa, Amor e Paixão, Samba Popular, e Sambetão, todos contemplados pelo Carnaval Ouro Negro 2018, fazem homenagem ao samba e a sambistas da região, onde teria surgido as primeiras manifestações do samba de roda.
Marivaldo Souza Santos é presidente e fundador do bloco Vamos Nessa. Em 2018, o bloco infantil completa 6 anos de existência e presta homenagem ao samba do recôncavo. Uma ala de Samba de Roda promete alegrar a criançada na avenida. “O resgate do samba de roda fortalece e valoriza a música baiana. É muito interessante e satisfatório apresentar o samba de Roda para as crianças no circuito do Carnaval, é uma forma de preservação da nossa cultura”, explicou Marivaldo.
O Samba Chula de São Braz – Santo Amaro também estará presente no desfile Ouro Negro 2018. O bloco Sambetão, este ano, traz o Samba Chula João do Boi para o desfile do Pelourinho na noite de sexta-feira, 9, do bloco. João do Boi é um dos maiores representantes da tradição oral do Samba de Roda do Recôncavo. “No bloco, haverão alegorias, ala de baianas e camisas que homenageiam a João do Boi” prometeu Alberto Lázaro, produtor do Sambetão.
Tia Ciata, a Matriarca do samba, é o tema do bloco Samba Popular. Natural de Santo Amaro, a sambista saiu da Bahia durante a diáspora para se tornar a dama do samba e do candomblé no Rio de Janeiro. Manoel Natividade, presidente do bloco carnavalesco Samba Popular, explica que as atrações executarão canções de Tia Ciata, além de prestar homenagem a compositora baiana na estampa das fantasias dos foliões no bloco.
Manoel Natividade relata que o programa Ouro Negro é fundamental para colocar o bloco na rua. “Sem apoio da iniciativa privada nos sentimos limitados em muitos quesitos na realização da festa, o incentivo que recebemos nos permite realizarmos o Carnaval. Porém, para o aperfeiçoamento na produção dos desfiles, acredito que a habilitação dos blocos deva acontecer com antecedência. Pois, mais tempo de preparação requer mais capricho e beleza para os desfiles”, sugeriu o carnavalesco.
O apoio financeiro da Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBA), através do Carnaval Ouro Negro, às entidades sócio-culturais de matriz africana no carnaval da Bahia é imprescindível para realização dos desfiles dessas organizações.
Alberto Lázaro explica que existem dificuldades na realização do Carnaval. Além da distribuição gratuita das fantasias do bloco à comunidade, a entidade com trabalho social voltado ao câncer infantil, valoriza o apoio que recebe para a festa. “Vivemos tempos de dificuldades, mas precisamos continuar fortalecendo a permanência das entidades de matriz africana no Carnaval de Salvador”, concluiu o presidente do Sambetão.
Sobre o projeto – Um dos projetos do Carnaval da Cultura, o Ouro Negro credenciou neste ano 91 entidades dentre blocos afro e de índio, afoxés e blocos de samba e reggae de Salvador, com objetivo de apoiar seus desfiles nos circuitos da folia. Atualmente gerido pelo Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) da Secretaria de Cultura, em 2018 o projeto comemora dez anos. Ao longo deste período vem apoiando e reconhecendo o legado e a importância da cultura negra para o carnaval, como forma de manter a plasticidade, beleza e identidade desses blocos na avenida, assim como a maior participação da juventude, transmitindo o legado para as novas gerações.