O governador Rui Costa (PT) afirmou na manhã desta quarta-feira, 21, que estuda judicializar a compra da vacina Sputnik V, do Instituto Gamaleya, junto a outros governadores do Consórcio Nordeste. Com uma ordem de compra de 9,7 milhões de doses do imunizante, o governador afirmou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocou entraves na aquisição das doses por parte dos estados e que a vacinação estaria acelerada caso o recebimento do primeiro lote, com 300 mil doses, fosse permitido.
“Pedi ao procurador que avalie eventuais medidas judiciais que a gente possa tomar para dar um basta a essa perseguição contra o Nordeste e contra o Estado da Bahia. A Anvisa colocou inúmeros obstáculos. Nós tentamos superar esses obstáculos. É um negócio incompreensível, irracional e inaceitável. É de causar indignação. Nós contabilizamos mais de 60 milhões de doses da Sputnik aplicadas no mundo, e essas vacinas podiam estar ajudando a acelerar a vacinação aqui no Brasil”, afirmou.
Ainda de acordo com o petista, a declaração do ministro Marcelo Queiroga, de que o Brasil não precisava mais adquirir imunizantes diferentes dos que já obteve, precisa ser oficializada já que a aquisição de imunizantes pelos estados depende diretamente do aval do Ministério da Saúde.
“No último final de semana ele deu uma declaração de que não queria mais vacina, nem da Sputnik nem qualquer outra. Então, resolvemos oficializar para perguntar qual é a posição oficial do Ministério da Saúde. Ver se eles não querem e, portanto, vão dificultar a chegada de qualquer outra vacina, porque não adianta ficar remando contra a maré, contra a decisão tomada pelo ministro ou o Ministério da Saúde junto com a Anvisa de impedir a chegada de vacinas ao Brasil”, disse.
Rui voltou a reclamar também dos critérios de distribuição de vacinas adotados pelo Governo Federal, que argumentou o risco de contaminação pela variante Delta em estados que fazem fronteira com outros países para justificar a distribuição de doses extras, o que foi visto por Rui como uma “perseguição ao Nordeste”.
“Quero manifestar a nossa indignação e insatisfação em relação a mais uma decisão do Ministério da Saúde que discrimina o Nordeste e a Bahia na distribuição de vacina. Soltaram uma nota que iam dar dose extra para alguns estados brasileiros, que fazem divisa com outros países sob a pretensão que iriam proteger da variante delta. A variante Delta já está dentro do Brasil, isso é diminuir ainda mais o volume de vacinas que vem para a Bahia e Nordeste. Não vamos aceitar passivamente essa sequência de decisões. Se fosse usado o critério populacional a Bahia teria recebido 750 mil vacinas a mais. E agora, com essa nova decisão o déficit vai aumentar ainda mais”, ponderou.
“Postei no grupo de governadores do Nordeste para que a gente tire uma posição dos governadores e enviei também para a Procuradoria Geral do Estado. Vamos discutir com o Consórcio Nordeste o que fazer, mas eu pedi ao procurador que avalie inclusive eventuais medidas judiciais que a gente possa tomar para dar um basta a essa perseguição”.
Carnaval
O governador comentou ainda que mesmo com as quedas nos índices de contaminações e mortes pela Covid-19 na Bahia, a realização do Carnaval de Salvador em 2022 continuará indefinida. De acordo com o gestor, o evento estará condicionado à observância do cenário da doença nos próximos meses.
“É prematuro falar de Réveillon e de Carnaval. Eu sempre digo aquele velho ditado: ‘cada dia com sua agonia’. Então, nesse momento, eu acho que é precipitado ficar especulando o que nós conseguiremos fazer no final do ano ou no início do ano que vem. Vamos aguardar um pouco para ver como as coisas vão transcorrer. É mais prudente pra todo mundo a gente ir tomando medidas paulatinamente com a queda da doença”, pontuou.