Uma categoria de golpe relativamente conhecida, e que vem se tornando cada vez mais popular, é divulgada livremente nas redes sociais, principalmente Grupos de Whatsapp, Telegram, Twitter e Instagram, com a oferta de altos valores em troca de um depósito inicial. É uma ideia de multiplicação de renda que parece ótima, afinal, quem não gostaria de enviar R$ 50,00, R$ 25,00 ou até R$ 300 e receber de volta, na conta, valores que podem ultrapassar a casa dos R$ 1.000? Por trás, entretanto, estão cartões de crédito clonados e contas bancárias comprometidas.
Você precisa ajudar a divulgar matéria como esta, pois ajuda levar conhecimento e menos pessoas sendo enganadas. Algumas pessoas idosas, que estão em grupos de Whatsapp que permitem a ação dos criminosos, caíram no golpe e relataram ao Itiruçu Online. Observe que os golpistas usam contas falsas com nomes diferentes dos usuários.
O esquema é chamado de Rei do Pix, que é alcunha usada pelos perfis que são adeptos da prática. Basta uma busca nas plataformas para encontrar dezenas deles; alguns são mais discretos e pedem que os interessados entrem em contato pelo WhatsApp, enquanto outros já exibem diretamente os valores e contas para as quais a transferência pode ser realizada, bem como screenshots que comprovam os montantes enviados e a satisfação dos chamados clientes.
A sinceridade e clareza de alguns chega ao ponto de, em alguns casos, até mesmo o uso de cartões clonados e contas bancárias comprometidas ser explicitado. Nas postagens e também nas descrições, os tais Reis do Pix também afirmam trabalharem com a venda de notas falsas, plásticos roubados e documentos falsificados, que podem ser adquiridos diretamente para uso em fraudes ou golpes.
Em meio a outras frases que ajudam a identificar os esquemas, como “promoção Pix” e “golpe só no sistema”, aparecem ainda a venda de perfis comprometidos nas próprias redes sociais ou a oferta de aquisição de seguidores, provavelmente a partir destas mesmas contas roubadas. A ideia é dar uma aparência de legitimidade à inflação dos números, enquanto em outros caos, as transferências são ventiladas como se fossem oportunidades de ampliar a renda familiar ou ganhar dinheiro fácil, mirando muita gente que está passando necessidade nestes tempos de pandemia e crise econômica.
“As tentativas de fraudes com o Pix são identificadas como ataques de phishing, que usam técnicas de engenharia social para enganar o indivíduo”, explica a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). “[Nossa instituição] e seus bancos associados investem constantemente em campanhas e ações de conscientização, com o objetivo de orientar a população a se prevenir”, continua, apontando ainda que atividades desse tipo não representam brechas no sistema de transferências, que foi adotado no Brasil em 2020.
O esquema pode ser comparado à lavagem de dinheiro, apesar de não funcionar da mesma maneira. A ideia dos criminosos é pulverizar os montantes obtidos nas contas bancárias comprometidas ou cartões clonados, recebendo, de volta, depósitos reais realizados pelos usuários. Enquanto os “clientes” nem mesmo têm garantia de que receberão o montante de volta, assim como podem ver as transações sendo bloqueadas ou desfeitas pelas instituições bancárias, os golpistas acumulam recebimentos legítimos, ainda que em valores menores do que os que estavam disponíveis originalmente.
Quem participa também pode ser responsabilizado, explica a advogada Carla Rahal Benedetti, sócia da Viseu Advogados e especialista em crimes eletrônicos e econômicos. “Caso a pessoa tenha ciência e acabe aderindo a essa conduta, responde pelo que chamamos de concurso de pessoas de acordo com sua participação, maior ou menor, no crime tentado ou praticado”, explica. A pena vai de quatro a oito anos de prisão, além de multa.