A Chapecoense recomeçou. Quase dois meses depois do acidente aéreo responsável pela morte de 71 pessoas – inclui-se neste número boa parte do elenco profissional, comissão técnica e funcionários -, o clube do oeste catarinense desafiou com um time totalmente remodelado o Palmeiras, atual campeão brasileiro e que estreou o técnico Eduardo Baptista. Fora do campo, homenagens, dentro das quatro linhas, um empate por 2 a 2.
O ‘jogo da amizade’, termo usado por ambos os clubes, transcendeu a competitividade comum de uma partida entre dois membros da elite do futebol brasileiro. Antes de a bola rolar, homenagens aos familiares dos falecidos e aos sobreviventes – Neto, Jackson Follmann e Alan Ruschel estiveram na Arena Condá, enquanto Rafael Henzel narrou o jogo pela Rádio Oeste Capital – emocionaram os presentes no estádio.
Em campo, a oportunidade para Vagner Mancini e Eduardo Baptista testarem os seus times pela primeira vez. O resultado, neste início de temporada, pouco importou. Acima de tudo, o fundamental deste sábado aponta para a reconstrução da Chapecoense; agora, devidamente preparada para encarar uma temporada histórica.
Em uma tarde de homenagens, o grito de gol saiu por intermédio do adversário. Ainda nos primeiros minutos com a camisa do Palmeiras, Raphael Veiga se apresentou aos torcedores ao abrir o placar com 11min de partida; um chute rasteiro, no canto direito, foi o suficiente para o placar ser aberto na Arena Condá. Aplausos de todos os torcedores, e dos palmeirenses ao público.
Reconstrução parte 1
A tarde não seria completa sem pelo menos um gol da Chape, a principal homenageada neste sábado. O responsável pelo primeiro grito local foi justamente um dos atletas deste grupo mais relacionados ao time. O catarinense Douglas Grolli, criado nas categorias de base do clube, igualou o marcador ao 14min. Festa com joelhos no gramado, mãos aos céus e a homenagem aos mortos na tragédia.
Eduardo Baptista testa dois times
Apesar do caráter emocional do encontro desta tarde, Eduardo Baptista tratou de testar o máximo de opções logo no compromisso de estreia na temporada. A formação tática (4-1-4-1), definida nos primeiros dias de trabalho, se apresentou com Felipe Melo centralizando a saída de bola e Raphael Veiga com liberdade para infiltrar.
Além da parte tática, as individualidades do elenco palmeirense ganharam atenção especial neste sábado. Eduardo Baptista promoveu oito alterações logo no intervalo e deu chance a jogadores como o recém-contratado Hyoran e o jovem Vitinho, revelado nas categorias de base do Palmeiras.
Mal deu tempo para o treinador palmeirense analisar as novas opções. Com apenas 2min, o ex-palmeirense Amaral recebeu cruzamento e desviou para o gol defendido por Jailson. Apesar do movimento de cabeçada, o volante acertou a bola com o ombro para surpreender o goleiro palmeirense.
Emoção no camarote
Sobreviventes do acidente ocorrido com a delegação da Chape em novembro do ano passado, Neto, Alan Ruschel e Jackson Follmann assistiram ao confronto em um camarote na Arena Condá. Em recuperação, os dois desceram ao gramado no intervalo e foram cumprimentados pelos jogadores do Palmeiras. O goleiro Jailson e o lateral Fabiano, ex-Chapecoense, deram uma atenção especial aos sobreviventes da tragédia.
Elias, o novo ídolo?
Refém de ídolos desde a morte de nomes como Danilo no acidente, o torcedor da Chapecoense elegeu um potencial candidato a ocupar o posto de nova estrela. O goleiro Elias, chegado ao clube após destacada temporada no Juventude, realizou três boas defesas durante o segundo tempo. Quando parou Erik cara a cara, teve o nome gritado pela torcida.
‘Vamos, Chape’
Exatamente aos 26min do segundo tempo, Heber Roberto Lopes pausou o jogo para mais uma tocante homenagem às vítimas. Quando a partida completou 71min de disputa, justamente o número de mortos no acidente, torcedores, jogadores, e até a imprensa presente na Arena Condá iniciou o tradicional grito de ‘Vamos, vamos, Chape’. O ato virará tradição no estádio.
Cartão de visitas
Vitinho aproveitou as primeiras semanas de Eduardo Baptista para ganhar espaço dentro do elenco palmeirense. Neste sábado, na primeira oportunidade para ratificar o bom momento, a jovem revelação do atual campeão nacional tratou de se destacar. A boa atuação acabou coroada com um golaço aos 32min: um chute de fora da área no ângulo de Elias.
FICHA TÉCNICA
CHAPECOENSE 2 x 2 PALMEIRAS
Local: Arena Condá, em Chapecó (SC)
Data: 21 de janeiro de 2017 (sábado)
Horário: 16h30 (de Brasília)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (SC)
Auxiliares: Nadine Câmara Bastos (Fifa-SC) e Maira Americano Labes (SC)
Cartões Amarelos: Wellington Paulista (Chapecoense); Róger Guedes (Palmeiras)
GOLS:
CHAPECOENSE: Douglas Grolli, aos 14min do 1º tempo; e Amaral, aos 2min do 2º tempo
PALMEIRAS: Raphael Veiga, aos 11min do 1º tempo; e Vitinho, aos 33min do 2º tempo
CHAPECOENSE: Artur Moraes (Elias); João Pedro (Zeballos), Douglas Grolli (Nathan), Fabricio Bruno (Luiz Otávio) e Reinaldo (Diego Renan); Andrei Girotto (Luiz Antônio), Amaral (Moisés) e Nenén (Dodô) (Martinuccio); Rossi (Arthur), Niltinho (Osman) (Nadson) e Wellington Paulista (Túlio de Melo).
Técnico: Vagner Mancini.
PALMEIRAS: Fernando Prass (Jailson); Jean (Fabiano), Antônio Carlos (Mailton), Thiago Martins e Egídio; Felipe Melo (Thiago Santos); Róger Guedes (Keno), Tchê Tchê (Arouca), Raphael Veiga (Hyoran) e Dudu (Vitinho); Alecsandro (Erik)
Técnico: Eduardo Baptista.
Matéria do Uol.