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PSD e MDB consolidam hegemonia nas capitais brasileiras e elegem 5 prefeitos cada um

O PSD e MDB saíram das urnas neste domingo (27) com o maior número de prefeituras dentre as capitais brasileiras, com cinco cada. O resultado consolida a hegemonia dos dois partidos, que também foram os que mais elegeram prefeitos dentre as 5.569 cidades do país. Os dois partidos fazem parte da base aliada do governo Lula, mas adotam uma posição ambígua em relação ao cenário nacional, com prefeitos próximos ao petista e outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O PL atingiu uma marca inédita em sua trajetória ao conquistar quatro prefeituras. Mas teve um desempenho aquém do esperado pela cúpula do partido –disputou o segundo turno neste domingo em nove capitais, mas venceu em apenas em duas. Partido de centro-direita que também faz parte de Lula, o União Brasil teve desempenho semelhante e sai da eleição com quatro prefeituras nas capitais. O PT, que não havia conquistado nenhuma capital em 2020, venceu em Fortaleza. Também elegeram prefeitos de capitais o Podemos, PP, Republicanos e PSB.

Liderado por Gilberto Kassab, o PSD lançou oito candidatos a prefeito de capitais e conseguiu manter as cinco capitais atualmente comandadas pela sigla. No primeiro turno, reelegeu os prefeitos do Rio de Janeiro, São Luís e Florianópolis.

Neste domingo, confirmou nas urnas a reeleição de Fuad Norman em Belo Horizonte, em uma das disputas consideradas mais difíceis frente ao cenário pulverizado no primeiro turno.

O partido também elegeu em Curitiba o hoje vice-prefeito Eduardo Pimentel, em uma vitória que dá musculatura ao governador Ratinho Júnior (PSD), apontado como potencial candidato à Presidência em 2026.

Mesmo sendo base do governo Lula, o PSD enfrenta divisões internas em relação ao cenário nacional. Enquanto os prefeitos reeleitos Paes (RJ) e Fuad (MG) são mais próximos ao petista, enquanto Topazio Neto (SC) e Eduardo Pimentel (PR) são apoiadores de Bolsonaro —inclusive terão vices do PL.

O MDB também manteve o espaço conquistado em 2020, com cinco prefeituras, mas ganhou musculatura ao conquistar cidades mais populosas. No primeiro turno, a legenda venceu em Boa Vista e Macapá. Neste segundo turno, assegurou as prefeituras de São Paulo, Porto Alegre e Belém.

Os prefeitos reeleitos de São Paulo, Ricardo Nunes, e de Porto Alegre, Sebastião Melo, terão vices do PL e gestões próximas a Bolsonaro.

Em Belém, o cenário é o oposto. O prefeito reeleito Igor Normando (MDB) é aliado do presidente Lula e teve o respaldo da esquerda no segundo turno contra o bolsonarista Eder Mauro (PL).

O PL de Bolsonaro já tinha emplacado os prefeitos de Maceió e Rio Branco no primeiro turno, e agora venceu em Cuiabá e Aracaju. Dentre eles, apenas Abílio Brunini (PL), de Cuiabá, é considerado um quadro do bolsonarismo raiz.

O partido também mostrou força na composição de alianças e terá os vice-prefeitos de São Paulo, Porto Alegre e Curitiba –no primeiro turno, elegeu a vice em Florianópolis.

O resultado fortalece o partido no xadrez das forças políticas nas grandes cidades, onde as urnas consolidaram um predomínio de partidos de centro e de direita.

Antes da filiação de Bolsonaro, em 2021, a última vez que o PL tinha vencido nas urnas em uma capital nas urnas havia sido em 2000, quando Alfredo Nascimento venceu em Manaus.

Na eleição municipal de 2020, Bolsonaro tinha rompido com o PSL e estava sem partido. Seus aliados se pulverizaram entre diversas legendas de direita.

O União Brasil, que venceu em Salvador e Teresina no primeiro turno, também conquistou as prefeituras de Goiânia, Natal e Campo Grande.

Na capital de Goiás, a vitória do empresário e ex-deputado federal Sandro Mabel contra o candidato bolsonarista Fred Rodrigues (PL) fortaleceu o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), principal fiador da sua candidatura.

Os partidos de esquerda, que venceram apenas com João Campos (PSB) no Recife na primeira votação da eleição, disputaram seis capitais neste segundo turno, mas venceram apenas em Fortaleza.

Uma das principais apostas era o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que acabou derrotado em São Paulo para o atual prefeito.

O PT saiu vitorioso em Fortaleza. Evandro Leitão, deputado estadual que era do PDT e se filiou ao partido em dezembro passado, que venceu o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL). Sua candidatura teve a digital do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), que sai fortalecido com o resultado.

Por outro lado, os petistas perderam em Natal, Cuiabá e Porto Alegre neste segundo turno.

O PDT, que concorreu às duas últimas eleições presidenciais com Ciro Gomes, perdeu a Prefeitura de Aracaju. No primeiro turno, a legenda já havia sido derrotada em Fortaleza, onde o prefeito José Sarto não conseguiu sequer chegar ao segundo turno.

O PP reelegeu os prefeitos de João Pessoa (PB) e Campo Grande (MS), enquanto o Podemos saiu vitorioso em Palmas (TO) e Porto Velho (RO). O Republicanos elegeu o prefeito de Vitória (ES).

O PSDB, partido que chegou a ter o maior número de prefeitos nas capitais em 2016, quando emplacou sete nomes, teve o seu pior desempenho da história e saiu das urnas sem nenhuma nas 26 capitais.

João Pedro Pitombo/Fernanda Brigatti/Folhapress