Do Correio
Após sair de uma festa, na madrugada de ontem, em Feira de Santana, o promotor público Audo da Silva Rodrigues, 41, ficou cerca de uma hora sob a mira de revólveres dentro de seu carro. Atuando no Ministério Público da cidade há cinco anos, ele temeu ser reconhecido pelos bandidos durante a ação. “Eles perguntaram minha profissão e eu disse que era advogado. Eu fiquei com medo deles descobrirem minha real profissão. Além disso, a arma que eu uso (uma pistola) estava guardada em um compartimento do carro. Temi que eles encontrassem”, contou o promotor, ontem, por telefone, ao CORREIO.
Audo relatou que os ladrões estavam à sua espera atrás do automóvel, uma Amarok branca, de placa OUS 8994, que, até o fechamento desta edição, não havia sido recuperada pela polícia. “Quando eu saí da festa, estava com minha esposa e uma amiga. Pedi que elas ficassem na porta da casa de eventos e fui pegar o carro no estacionamento. Era uma distância de mais ou menos 20 metros. Quando eu acionei o alarme do carro, os dois ladrões me pegaram e me levaram junto do carro. Só me soltaram uma hora depois”, relembrou.
Apesar da proximidade da portaria do evento onde deixou as acompanhantes, ninguém viu o promotor ser sequestrado. “Quando minha esposa se deu conta da demora, ela ligou para o meu celular. Nessa hora, o ladrão mandou eu atender. Tentei disfarçar, dizendo que estava tudo bem, mas ela percebeu. O ladrão mandou eu desligar e ela acionou a polícia”, conta o promotor, que há alguns anos já havia sido assaltado por dois homens armados em uma motocicleta na BR-324, próximo de Feira de Santana.
Audo Rodrigues, que atua na promotoria de Cidadania, Educação e Saúde, falou que os ladrões não o agrediram fisicamente e diziam a todo tempo que “só queriam o carro para fazer um serviço”. “Eles me colocaram de cabeça baixa e com uma camisa cobrindo o meu rosto. Por isso, não tenho ideia por onde passei. Eles me deixaram numa estrada de chão e saí correndo”.
O promotor foi abandonado na proximidade da entrada do viaduto que dá acesso a Santo Amaro. “Quando eles me deixaram eu saí correndo. A tensão é muito grande. Minha arma estava escondida em um compartimento do carro e eles não tiveram acesso. Eu me escondia quando os carros passavam e tinha medo deles descobrirem minha profissão e/ou a arma”, relembra.
Audo correu até encontrar uma viatura, já na pista principal. “Não tenho ideia de quanto tempo andei e corri. Quando vi a luz da viatura eu acenei e eles pararam, aí me identifiquei. Como minha esposa tinha ligado para a polícia, eles já sabiam do ocorrido”, explicou o promotor. Além do carro, os ladrões levaram o celular, a carteira funcional, o talão de cheques e o dinheiro do promotor.