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Profissionais do Ciave recomendam cuidado com intoxicações e envenenamentos nos festejos juninos

Durante as festas juninas, além da animação, existem também diversos fatores de risco de intoxicação ou envenenamento. Segundo o médico toxicologista Daniel Rebouças, diretor do Centro de Informações Antiveneno (Ciave), “neste período são frequentes as intoxicações por alimentos contaminados e bebidas alcóolicas, além dos acidentes por animais peçonhentos”.

O médico lembra que uma das grandes atrações das festas juninas são as comidas típicas. Portanto, deve-se estar atento para não sofrer intoxicação causada por alimentos contaminados por bactérias ou fungos que produzem toxinas, principalmente aqueles mal armazenados, manipulados ou expostos ao ambiente por muito tempo. Além dos alimentos prontos, é preciso ter cuidado também com os ingredientes como o amendoim e o milho, que podem representar perigo à saúde quando contaminados por fungos ou bactérias.

Para garantir que as delícias de São João não se transformem em dor de cabeça, é preciso tomar cuidado na hora de comprar os ingredientes e manusear os pratos. Deve-se dar preferência aos alimentos frescos e evitar aqueles que possam ter sido manipulados, principalmente se estiverem expostos ao ambiente, pois podem se constituir em um meio de cultura fácil para a proliferação de germes patogênicos.

Nos últimos três anos, com uma média mensal de 58 casos, o mês de junho foi o que teve um maior número de intoxicação alimentar na Bahia, correspondendo a 12% dentre todos os agentes tóxicos, segundo dados do Ciave. “É preciso estar alerta quando se tratar de crianças e idosos, além de pessoas com o sistema imunológico comprometido, pois estes precisam de cuidado redobrado, uma vez que a intoxicação pode ter uma gravidade maior. No que diz respeito às crianças, deve-se evitar deixar ao seu alcance substâncias tóxicas, como medicamentos e bebidas alcoólicas.

O farmacêutico Jucelino Nery, do Ciave, e também coordenador do Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos no Estado, chama atenção para o risco deste tipo de acidente no período junino, principalmente serpentes e escorpiões, em função do maior fluxo de pessoas em cidades do interior com proximidade de matas, preparo do solo, plantio, colheita e procura de madeira para as fogueiras. Segundo o farmacêutico, a Bahia notificou 20.996 casos de acidentes por animais peçonhentos em 2017. Já este ano, só nos três primeiros meses, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), foram notificados 5.436 acidentes (74% por escorpiões e 10% por serpentes), o que corresponde a um aumento de 8% em relação ao primeiro trimestre de 2017.

Tanto nos casos de acidentes por animais peçonhentos quanto por intoxicações por outros agentes, é importante evitar a automedicação e medidas não adequadas como o uso de leite (não funciona como antídoto e facilita a absorção de muitas substâncias tóxicas), estímulo de vômito (caso não haja orientação médica), dentre outras, que podem agravar o quadro clínico da vítima.

Segundo Daniel Rebouças, ao contrário do que muita gente pensa, o Ciave não realiza atendimento presencial no próprio Centro, devendo a vítima ser conduzida para a unidade de saúde mais próxima para o tratamento médico adequado. Quando necessário, o Ciave é contatado para prestar orientações quanto ao diagnóstico e tratamento. O atendimento presencial é feito na emergência do Hospital Geral Roberto Santos, quando a vítima é transferida para lá através da Central de Regulação, geralmente nos casos mais graves, que requerem uma atenção mais especializada.

No caso de acidentes por animais peçonhentos, algumas medidas populares são totalmente inadequadas como: amarrar, sugar ou cortar o local da picada; passar alho, café ou qualquer outro produto no local; dar bebida alcoólica, querosene, remédios considerados “milagrosos”, etc. Tudo isso pode agravar o quadro clínico e prejudicar o tratamento. O que deve ser feito é procurar acalmar a vítima, lavar bem o local da picada com bastante água (e sabão, se houver disponibilidade), colocar a vítima em repouso (com o membro afetado elevado sobre um apoio) e transportá-la imediatamente (de forma segura), para a unidade de saúde mais próxima. Caso o animal tenha sido capturado, levá-lo para identificação.

Como os sintomas variam de acordo com a forma de contato e o tipo de agente causador da intoxicação, em caso de dúvida no diagnóstico e tratamento, os profissionais de saúde podem entrar em contato com o Ciave para buscar orientações. O serviço funciona 24 horas por dia, com profissionais de plantão para prestar orientação toxicológica a esses tipos de ocorrências.

Fonte: Ciave
Ciave/junino