Policias militares se transformam em professores nas salas de aula do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e dão lições que vão desde o respeito aos mais velhos e a valorização da autoestima até a prevenção ao uso de drogas e álcool. São agentes voluntários, incluindo o efetivo de Bases Comunitárias de Segurança (BCS), que dedicam o seu tempo para ensinar aos pequenos da Educação Infantil e aos jovens do Ensino Fundamental de escolas da capital e do interior do estado.
O esforço dos PMs é recompensado com o número expressivo de alunos que o Proerd tem conseguido alcançar. São 450 mil jovens formados desde a implantação do programa na Bahia, há 14 anos. A coordenadora do Proerd, capitã Suzane Melo, acredita na proposta de promover, além de questões de educação para drogas, o aumento da autoestima dos alunos. Para ela, os números comprovam os bons resultados.
“Nosso programa não tem fronteira. Atendemos as escolas municipais, estaduais e particulares. Só depende da escola nos solicitar ou dos instrutores apresentarem nosso programa pedagógico nas instituições de ensino. Se a coordenação pedagógica ou diretoria concordarem, levamos nossa mensagem para esses alunos. Já conseguimos atender 136 municípios na Bahia e, somente esse ano, conseguimos alcançar os 72 mil alunos que vão concluir o programa até o final de 2016. Em 2017, esperamos avançar ainda mais, em quantidade de escolas e em número de alunos atendidos”, explica a coordenadora.
A próxima turma, formada por cerca de cinco mil estudantes do 5º ao 7º ano de escolas de Salvador, vai celebrar a formatura em grande estilo, em cerimônia realizada no Estádio de Pituaçu, no dia 29. São estudantes como Letícia Stefani, aluna do 5º ano do Colégio da Polícia Militar, que já está ansiosa pela festa. “Eu gostei muito desse curso, porque aprendi que a gente precisa respeitar os mais velhos, não fazer bullying com os outros, não deixar ninguém nos pressionar a fazer algo que não queremos. E eu não vejo a hora de chegar a formatura. Vai ser em Pituaçu e eu nunca fui [ao estádio]. Estou muito feliz mesmo”, conta Letícia.
Avaliação
Para chegaram à formatura, os estudantes precisam provar que aprenderam as principais lições do programa, com uma redação, que marca a conclusão do curso. Para a soldado Amanda Ferreira, instrutora da Educação Infantil, a avaliação é um modo de estimulá-los a colocar os ensinamentos no papel.
“Estamos interessados em saber o que eles assimilaram do programa e como vão utilizar esses conhecimentos para a vida. A gente percebe que eles conseguem ‘linkar’ tudo com a vida deles, tem conceitos que realmente ficam e isso é muito gratificante”, destaca Amanda.
Instrutores
Mas não são apenas os alunos que precisam ir para as salas de aula. Para se tornarem instrutores, os policiais militares voluntários passam por uma capacitação de mais de 100 horas, na qual têm aulas com especialistas nas áreas de saúde, prevenção e educação. Tudo para atrair o jovem e conseguir, de forma lúdica e utilizando o material didático do programa, ensiná-lo conceitos e comportamentos que ele não deve esquecer.
Para a instrutora do Proerd e também soldado da Base Comunitária do Uruguai, Jucineia Souza, os 14 anos que ela tem de dedicação ao programa já mostram resultados surpreendentes. “Eu fiz uma entrevista com os alunos que hoje estão no Ensino Médio e cursaram o Proerd, e eles falam como se estivessem vivendo hoje o curso. É um resultado a longo prazo, mas esse resultado acontece, é real. O papel do policial militar enquanto educador social é complementar a educação dessas crianças. Estamos ajudando as famílias e as escolas. Sinto-me orgulhosa porque poderemos olhar para essas crianças na fase adulta e veremos um pouquinho de nós em cada uma delas”.
Repórter: Anna Larissa Falcão