Uma cerimônia marcada por forte emoção e grande simbolismo. Assim, podemos definir a solenidade de conclusão do curso Estágio de Motociclista Militar e Batedor, ocorrido nesta quinta-feira (06), no pátio de formaturas do 6º Batalhão de Polícia do Exército, em Salvador . E não foi diferente para a concludente PRF Neila Fabíola Santos Cardoso, única representante feminina no curso e a primeira mulher da Polícia Rodoviária Federal na Bahia a formar-se motociclista e batedor no Exército.
Emocionada e com um largo sorriso no rosto, ela recebeu o brevê de conclusão do estágio das mãos do Superintendente da PRF BA, Virgílio de Paula Tourinho. Para realizar o Curso de Motociclista Militar e Batedor é necessário passar por um processo seletivo que incluí a entrega de documentos e também precisa ser aprovado no teste de maneabilidade que é realizado em pista com cones. O curso iniciado em 15 de março teve duração de 8 semanas. Com mais de 300 horas/aula, capacitou os estagiários com as técnicas e habilidades necessárias para as atividades de motopoliciamento e batedores de escolta.
O estágio foi dividido em 3 fases: sendo a 1ª fase teórica, composta de instruções de Primeiros Socorros, Legislação de Trânsito e Amparo Legal; na 2ª fase foram abordadas técnicas de Pilotagem, Frenagem e Posicionamento em Motocicleta; e a 3ª fase compreendeu planejamento e técnicas de escolta. Os estagiários também foram submetidos a instruções de técnicas de aceleração e tomada de curva, pilotagem em condições adversas, educação física militar, comunicações, mecânica, abordagem a pessoas e a viaturas, armamento, munição e tiro, tiro embarcado e manobras evasivas.
Além da PRF, a turma foi formada por militares do Exército, policiais militares da Bahia e um integrante da Força Aérea Brasileira.
Participaram da cerimônia, autoridades civis e militares, além de familiares dos concludentes e outros convidados. O Superintendente da SPRF-BA, Virgílio de Paula Tourinho, compareceu ao evento e demonstrou grande admiração pela força e falou sobre a importância do conhecimento, compartilhamento de experiências e também reforçou a relevância da integração entre as instituições. Ele entregou uma placa de homenagem ao comandante do 6º BPE e ao coordenador do curso, além de certificado de agradecimento aos instrutores.
Ao final, os formandos se uniram num abraço coletivo para a oração dos batedores: “[…] ser batedor é vontade de muitos, oportunidades de poucos e audácia de alguns […]”. E foi justamente a integração que marcou essa turma de motociclismo e retratou a ideia de espírito de equipe, qualidade tão valorizado pela PRF.
Desafio pessoal e profissional
Segundo Neila, a paixão por veículos de duas rodas vem desde pequena. Ela cresceu em uma cidade do interior da Bahia ao meio do ronco de motores.
Alguns anos depois e já na PRF, Neila Cardoso, coordenou o Centro Integrado de Comando e Controle, durante o torneio mundial de futebol da Copa América 2019. Uma de suas atribuições era monitorar e controlar as escoltas de chegadas e partidas das delegações.
Ela conta que ficou ainda mais apaixonada ao vê a habilidade dos seus colegas escoltadores e batedores, abrindo passagem para o comboio das seleções nas vias de trânsito da capital em direção a Arena Fonte Nova. “Tudo era bem planejado. O profissionalismo dos colegas, garantiram um deslocamento ágil e seguro das delegações, prezando sempre pela retomada rápida do trânsito nas vias por aonde passaram. Foram 05 jogos aqui na Bahia e tudo ocorreu sem incidentes e ainda era lindo demais vê as Harley-Davidson desfilando na pista”, frisou a policial.
Neila acrescenta que quando soube do Curso de Motociclista Batedor do Exército não pensou duas vezes e foi logo fazer a inscrição. Comemorou bastante a sua aprovação no teste de maneabilidade em uma pista com cones.
Só no primeiro dia de aula ela percebeu que era a única representante feminina da turma. “Desde o primeiro dia ficou bem claro que não haveria diferenciação entre os gêneros. Apesar das diferenças biológicas entre homem e mulher, saber que seria tratada com isonomia me ajudou bastante. Todos foram tratados por igual.”, disse.
Ela relatou que o dia a dia do curso era muito exaustivo. E que o grau de dificuldade e as exigências foram aumentando. “Desde as provas teóricas, exercícios físicos e as avaliações práticas, todas as fases exigiam muita concentração e superação. Era uma batalha a ser vencida a cada dia e fui progredindo, conseguindo passar por todas as fases e seguir adiante. Tive que preparar o meu psicológico e ter muita persistência, mas nunca pensei em desistir”, disse Neila.
As técnicas de pilotagem nas ruas também deram confiança e segurança para enfrentar os desafios diários seja na cidade, nas estradas ou rodovias. Foram inúmeras simulações de escoltas e tudo realizado com um único propósito: chegar sempre a frente e no menor tempo possível, mas garantindo a segurança da célula transportada.
Por fim, ressaltou o desejo que outras turmas de mulheres possam surgir. Ela conta que durante as oito semanas do curso recebeu muito incentivo e foi elogiada por seus pares. “Precisamos ocupar o nosso espaço. Se você tem um sonho, lute para conquistá-lo. E sem competição, mas com igualdade de oportunidades”, enfatizou a formanda.
“E sigo acelerando, pronta para o próximo desafio”, finalizou Neila.
Ao integrar todo o aprendizado técnico com as habilidades práticas, a formanda agora está apta a desempenhar as novas missões, contribuindo com a excelência da qualidade do serviço de segurança pública oferecido pela PRF à nação brasileira.
A PRF é pioneira no quesito duas rodas. Das Harley-Davidson, que percorriam a rodovia Rio-Petrópolis, na era Turquinho, já são quase 100 anos de experiência. E é reconhecida pela eficiência no seu trabalho de escoltas seja de Chefes de Estado, delegações de atletas, competições de rua. O ponto mais alto foram as atividades realizadas durante a Copa das Confederações, Copa do Mundo Fifa 2014, Olimpíadas Rio 2016 e por último o evento da Copa América 2019.
Para atingir esse grau de proficiência, a instituição mantém um programa de treinamento constante do efetivo. Diversos policiais são capacitados para o emprego de motocicletas, tanto no serviço de escolta e batedor, como também no de motopoliciamento.
Informações da Ascom da PRF.