Sete presos fugiram da delegacia de Belmonte, no extremo Sul da Bahia, na noite desta terça-feira (24), após renderem o carcereiro, que é servidor da prefeitura local, enquanto o café da noite era servido. A Polícia Civil não deu detalhes de como o carcereiro foi rendido. Ele era a única pessoa que estava na delegacia no momento da ação dos bandidos. No total, a delegacia tinha 15 presos. Na fuga, os presos correram pulando o muro da delegacia e um deles roubou uma bicicleta de um homem não identificado. Seis dos fugitivos estava preso por tráfico de drogas e um por roubo. Até às 10h desta quarta-feira ninguém havia sido recapturado.
A polícia da região está em alerta. Os fugitivos são Anderson Souza Monteiro, o Andinho, preso por roubo; Cláudio Ivan Soares Costa, o Birro; Péricles Caetano Santos, o Pica-pau; Fábio Júnior Portugal Alves dos Santos; José Ramos dos Santos Júnior; Willian Souza Barbosa; e Sailon Matheus Santos Alves. A fuga expôs uma situação que há anos perdura no estado, sem que haja uma solução: a manutenção de carceragens em delegacias, o que força muitos policiais civis e, como no caso de Belmonte, funcionários cedidos por prefeituras a atuarem como carcereiros, função que é de responsabilidade da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
No estado, de acordo com o Sindicado dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindipoc), há cerca de 1.700 presos em carceragens de quase 100 delegacias, sendo que em 67 delas a carceragem é feita por funcionários públicos municipais, e as demais por policiais civis da Secretaria de Segurança Pública.
O Sindipoc estima que 40% do efetivo dos policiais civis, de pouco mais de 8.500, atue na custódia de presos na Bahia, onde a população carcerária nos presídios é de pouco mais de 15 mil presos.
“No caso de Belmonte, só temos dois investigadores que deveriam estar investigando crimes, mas têm de atuar também com a carceragem dos presos”, disse o presidente do Sindipoc Eustácio Lopes.
O sindicalista aponta ainda para a fragilidade das delegacias com relação à segurança dos funcionários tanto do Estado quanto dos municípios. No dia 28 de novembro de 2019, por exemplo, dez bandidos invadiram a delegacia de Pau Brasil, no sul do estado, e resgataram o traficante Davi de Jesus Araújo, 20.
No momento da invasão estava na delegacia somente o carcereiro, que é um funcionário municipal. Ele foi alvejado com três tiros, sendo dois no abdômen e um na face, mas sobreviveu. Os bandidos ainda depredaram uma viatura e dispararam tiros em várias partes da delegacia.
A Polícia Civil da Bahia foi procurada pelo CORREIO para comentar a situação de Belmonte e das carceragens de delegacias no restante do estado, mas não deu retorno. Com informações do Correio.