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População condena pagamento de pensão vitalícia a ex-governadores

Paulo Souto e Wagner receberão salários vitalícios
Paulo Souto e Wagner receberão salários vitalícios

A aprovação por unanimidade da emenda constitucional que garante aposentadoria vitalícia a quatro dos ex-governadores do estado está sendo alvo de muitas criticas por parte dos baianos.

Nas ruas, indignação é a palavra mais utilizada para definir a opinião da população sobre o caso. “Tá errado! Não é justo com os demais trabalhadores”, brada o servidor público, também aposentado, Djalma Luis, 66 anos. Na opinião dele, as condições levadas em conta para se definir a aposentadoria dos governadores e do público em geral deveriam ser as mesmas dos demais trabalhadores.

Outro que se mostrou indignado com a aprovação legislativa foi o motorista Odair Nobre. Na opinião dele, a lei chega a ser uma afronta aos demais trabalhadores. “Não consigo entender como todos nós somos trabalhadores e para alguns as leis devem ser diferentes”, afirmou. Indignado, o mergulhador aposentado José Luis, 77, questiona a participação da população na aprovação da emenda. “Quem foi que escolheu os deputados? Eles nos representam, nós votamos e continuamos errando, porque a cada ano que passa a bancada não muda. Você vê sempre as mesmas caras e elas sempre legislam em causas próprias”, disse, ressaltando que em alguns países gestores governamentais sequer recebem salário.

“Porque que para mim, que acordo cedo todos os dias e trabalho duro, a aposentadoria tem que ser a média feita dos anos de contribuição e para o governador do estado tem que ser o último salário dele? Cadê a justiça nisto”, pergunta o comerciante Genivalter Souza. Ele também questionou a postura dos legisladores que aprovaram o projeto. “Não pensam no povo. Só fazem legislar em causa própria”, lamentou.
Já o engenheiro agrônomo Paulo Fernando da Silva concorda com a decisão. “Se as leis fossem sérias e construídas de modo que beneficiasse a todos, eles não precisariam fazer leis deste tipo. Se os vereadores e ministros têm a aposentadoria nestas mesmas condições, porque seria diferente com o governador?”, questionou.

As criticas à emenda também tomaram as redes sociais. No Facebook, os desabafos da população ocorreram logo após o fim da sessão e seguiram ao longo da semana. “Um absurdo, quando não faltam às sessões, só legislam em causas próprias, uma vergonha neste país, uma classe ineficiente aprovou um beneficio e ainda retroativo, para que outros já endinheirados abocanhem uma fatia do bolo, feito pelos baianos”, escreveu em seu perfil Cristino De Jesus, em comentário feito à matéria do Tribuna Online que trata do assunto.

Quem também fez questão de expressar seu sentimento pela nova lei nas redes sociais foi o Lene Dourado. “O problema é a imoralidade. O tempo de contribuição para funcionário público é de 30 anos, até ai tudo bem, mas aposentar-se com R$ 19.000 é um absurdo, levando-se em conta que eles não pegam o fator previdenciário, que é um câncer para o trabalhador da iniciativa privada”, ponderou.

Consultado pela Tribuna da Bahia, o economista Pedro Gomes falou sobre o impacto da emenda constitucional no Fundo Financeiro da Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (Funprev). Ele explica que os quatro governadores beneficiados com a lei, se fossem aposentados pelo INSS, receberiam o teto de R$ 4.520 que, descontado o fator previdenciário, cairiam para aproximadamente R$ 4 mil.
“Com a aprovação desta aposentadoria, ao invés desta regra, eles receberão o valor atual do salário, pago pelo Funprev e não pelo INSS”, contou. Na ponta do lápis, o fundo estadual terá que desembolsar, por ano, mais de R$ 1 milhão para o pagamento da aposentadoria dos quatro beneficiados. “Se o Funprev já sofre dificuldades com a situação atual, mais esta demanda só irá deixar o fundo ainda mais crítico”. Tribuna da Bahia.