A política de preços da Petrobras vai mudar a partir de maio, quando os novos conselheiros da estatal tomam posse, afirmou nesta quinta-feira, 2, o presidente da empresa, Jean Paul Prates. O executivo deixou claro que não haverá intervenção do governo nos preços, mas que a política de paridade de importação (PPI) está com seus dias contados. Segundo ele, “se é mercado, vamos jogar o jogo do mercado”.
“Não existe bala de prata, não existe um único preço de referência para o Brasil todo. O PPI é uma abstração, virou um dogma, tudo é PPI. O mercado brasileiro é diferente, é diverso”, disse. A estatal, segundo ele, tem sua própria política comercial e o importante é buscar os melhores clientes, nas melhores condições para conquistar uma maior fatia do mercado de combustíveis.
“A Petrobras vai praticar preços competitivos para o mercado dela, conforme achar que tem de ser para garantir sua fatia de mercado, onde estiver presente. Se for o PPI, que seja, mas em alguns casos talvez não seja. O PPI só garante ao concorrente uma posição mais confortável. A minha função é ser competitivo”, disse. A meta é mostrar ao acionista que é bom ser sócio do Estado brasileiro e deixar como legado uma empresa com fôlego para os próximos 70 anos.
Com a mudança de rota, a nova gestão espera ampliar sua fatia no do segmento de derivados. “Não seguir o PPI não quer dizer que a Petrobras vai se afastar da referência internacional. A companhia vai praticar o preço do mercado em que estiver atuando”, disse.
A diferença frente ao governo anterior, pondera, é que a nova Petrobras no comando de Prates vai ser mais agressiva em relação à concorrência dos importadores. “Enquanto houver fatia de mercado para a Petrobras catar, ela vai catar. Praticar preços internacionais só para deixar entrar concorrentes no mercado não vai acontecer”, explicou. Enquanto o PPI for uma regra para a empresa, essa política será cumprida, disse o executivo.
Um dia depois de anunciar o maior lucro da história da companhia, de R$ 188 bilhões em 2022, o que vai significar uma distribuição também recorde de dividendos (R$ 215,7 bilhões), o executivo afirmou que a empresa vai manter o protagonismo na produção de petróleo e gás, que pavimentará a entrada da companhia em energias renováveis. “Nosso maior objetivo é tornar a Petrobras uma empresa forte preparada, equilibrada para se manter nesse cenário de transição energética”, disse.
Já os dividendos da estatal não serão mais os mesmos na gestão de Prates. No quarto trimestre do ano passado, parte dos R$ 35,7 bilhões distribuídos – cerca de R$ 6,5 bilhões – já está sob risco de retenção para aumentar os investimentos da companhia, o que será decidido na assembleia de acionistas marcada para 27 de abril. Em breve, prometeu Prates, o Plano Estratégico de US$ 78 bilhões entre 2023 e 2027 será revisto, para incluir novos investimentos visando ao fortalecimento da Petrobras em todo o País.