O Brasil encerrou o mês de junho com o fechamento de 661 vagas de emprego com carteira assinada, de acordo com o saldo entre contratações e demissões do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged, divulgado pelo Ministério do Trabalho. Um ano antes, a economia brasileira havia registrado a abertura (líquida) de 16.702 empregos com carteira assinada. Junho foi o primeiro mês com queda do emprego formal no ano de 2018. Até poucas semanas atrás, o mercado de trabalho ainda criava vagas. Em abril, o País havia criado 121.146 empregos, mas em maio o número já havia caído expressivamente para 33.659 postos de trabalho. O último resultado negativo foi registrado em dezembro de 2017, quando o Brasil perdeu 340.087 empregos com carteira assinada.
O resultado mensal de junho não estava no radar e veio muito pior que o intervalo das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast. Entre as 17 previsões, a expectativa era de um saldo positivo que previa a criação de 12 mil a 68,8 mil postos, com mediana positiva em 35 mil postos de trabalho, sem ajuste sazonal. Não havia previsão de redução do número de empregos. Apesar do resultado negativo no mês passado, o primeiro semestre do ano terminou com saldo positivo de 392.461 vagas e, nos últimos 12 meses até junho, com 280.093 postos. O resultado mensal negativo foi puxado pelo comércio, que registrou o fechamento de 20.971 postos, seguido pela indústria da transformação, que perdeu 20.470 empregos com carteira assinada e pela construção civil (-934). Também foram negativos os resultados dos setores de administração pública (-855) e indústria extrativa mineral (-88). Por outro lado, houve criação de empregos formais nos serviços industriais de utilidade pública (+1.151 postos) nos serviços (+589 postos).
O ritmo de recuperação do emprego segue inferior ao desejado, explicam economistas, já que incertezas políticas e econômicas pesam sobre o apetite por investimentos e contratações ao menos até a definição do próximo presidente da República. Da mesma forma, a paralisação dos caminhoneiros no fim de maio e início de junho esfriou a atividade de determinados setores e foi um importante revés na confiança dos agentes. Após dados relativamente positivos sobre o emprego formal no início do ano, os últimos meses apontam uma deterioração do ritmo de geração de postos de trabalho, afirma o economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria. “Os primeiros meses foram um pouco melhores. Os últimos resultados mostram que a desaceleração de importantes setores no primeiro trimestre afetou o mercado de trabalho formal”, disse. O economista estima uma geração líquida de 45 mil vagas formais em junho. Na análise por setores, Xavier destaca a criação de vagas no comércio. “É um setor que tem predominantemente gerado vagas em termos dessazonalizados”, disse, explicando que a geração de emprego pela indústria e serviços vem perdendo força. “A construção civil continua bem negativa para o emprego. É uma das decepções em relação aos cenários do início do ano”, comentou.
Estadão Conteúdo