
Vinte e duas pessoas, entre elas cinco policiais militares, foram presas nesta quarta-feira (9), na Região Metropolitana de Salvador, suspeitas de integrar um esquema de lavagem de dinheiro oriundo de rifas ilegais nas redes sociais. Segundo a Polícia Civil, o grupo criminoso movimentou R$ 680 milhões. De acordo com apuração da TV Bahia, entre os presos está o influenciador digital Ramhon Dias, que tem 427 mil seguidores em uma das redes sociais. Ele foi preso na primeira fase da operação, em setembro de 2024, mas foi solto, com uso de tornozeleira eletrônica, um mês depois.
Ainda de acordo com a apuração da TV Bahia, o casal de “rifeiros” José Roberto Santos, mais conhecido como Nanam Premiações, e Gabriela Silva, que juntos somam mais de 250 mil seguidores nas redes sociais, também estão entre os presos. Nanam Premiações e Gabriela Silva estavam em um condomínio de luxo, na Estrada do Coco, na Região Metropolitana de Salvador. O casal é apontado como chefe do esquema. Nanam Premiações também já tinha sido preso na primeira fase da operação e foi solto pouco mais de um mês depois.
Além deles, outras duas pessoas, que não tiveram os nomes revelados, foram presas em Vera Cruz, na Região Metropolitana de Salvador, e Juazeiro, no norte do estado, exerciam papel central no planejamento e coordenação das atividades ilícitas do grupo em diferentes áreas. Um dos cinco policiais presos é Lázaro Andrade, conhecido como Alexandre Tchaca, que tem 169 mil seguidores nas redes sociais.
Em 21 de março, ele usou as redes sociais para dizer que estavam tentando “armar contra ele” e que “a depender das cenas do próximo capítulos”, ele “largaria nomes”, mesmo sem querer, porque ele tinha que “cair atirando”. Ainda no vídeo, ele disse que desde novembro de 2024 havia recebido o informe de mandado de busca e apreensão para ele e outros policiais. Contou ainda que recebeu uma foto de um processo que corria em segredo de Justiça e confirmava o nome dele e de outros colegas.
No vídeo, Alexandre Tchaca afirmou ainda que não deixaria “ninguém acabar com a conduta dele”.
Como funcionava o esquema
Segundo a Polícia Civil, com forte presença em Salvador e RMS, São Felipe, Vera Cruz, Juazeiro e Nazaré, o grupo operava por meio de uma estrutura sofisticada de transações financeiras, usando empresas de fachada e pessoas para disfarçar a origem dos valores obtidos ilegalmente.
De acordo com a polícia, policiais militares da ativa e ex-PMs faziam parte do esquema, oferecendo proteção, fornecendo informações privilegiadas e, em alguns casos, atuando diretamente como operadores das rifas fraudulentas.
O grupo usava redes sociais para divulgar rifas de centavos com prêmios de alto valor, como veículos de luxo, e atraía um grande número de participantes. No entanto, os sorteios eram manipulados e os prêmios frequentemente entregues a integrantes da própria organização, com o objetivo de legitimar o esquema e ampliar os lucros.
Segunda fase da operação
Além das prisões, a “Operação Falsas Promessas 2” cumpriu 30 mandados de busca e apreensão e seis medidas cautelares.
Durante as investigações, ainda em andamento, foram apreendidos veículos de luxo, relógios, dinheiro, celulares e notebooks. A Justiça autorizou o sequestro de até R$ 10 milhões por CPF ou CNPJ investigado, somando um bloqueio total de R$ 680 milhões em bens e valores.
A ação conduzida pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD), ocorre em Salvador, região metropolitana da capital baiana, São Paulo e outras cidades do interior do estado.
Participam da operação cerca de 300 policiais civis, com o apoio do Departamento Especializado de Investigações Criminais (DEIC), da Coordenação de Operações de Polícia Judiciária, do Departamento de Homicídios e Proteção à pessoa( DHPP), do Departamentos de Polícia do Interior (Depin) , do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), do Departamento de e Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV), do Departamento de Inteligência Policial (DIP), além do acompanhamento da Corregedoria da Polícia Militar.
Do g1 Bahia.