Deflagrada nesta quinta-feira (7), a “Operação Puritas” resultou na prisão de 15 pessoas e no cumprimento de 30 mandados de busca e apreensão em sete estados: Bahia, Rondônia, Ceará, Pará, São Paulo, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. A ação, coordenada pela Polícia Federal, investiga um grupo criminoso responsável por um esquema de tráfico interestadual de drogas com participação de policiais em Rondônia e na Bahia.

Em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, um cofre com dinheiro foi encontrado na casa de um policial rodoviário federal. O agente foi preso em Natal, no Rio Grande do Norte. No total, as autoridades apreenderam R$ 580 mil e 8.157 dólares. Na Bahia, foram detidos um policial militar, preso em Santaluz, e um advogado, capturado em Euclides da Cunha. O PM, que atua em Gandu, já havia sido preso em 2023 por suspeita de envolvimento com o mesmo grupo criminoso. De acordo com as investigações, os três detidos desempenhavam papéis administrativos no esquema, sendo responsáveis pelo envio de pagamentos relacionados às transações de drogas.

Os mandados judiciais foram expedidos pela 2ª Vara de Delitos de Tóxicos de Porto Velho, Rondônia. Além das prisões, houve apreensões de veículos, sete flagrantes de porte e posse de armas de fogo de grosso calibre e a execução de medidas de sequestro de bens.

Estudo publicado nesta quinta-feira (7) pela Rede de Observatórios da Segurança mostra que 4.025 pessoas foram mortas por policiais no Brasil em 2023. Em 3.169 desses casos foram disponibilizados os dados de raça e cor: 2.782 das vítimas eram pessoas negras, o que representa 87,8%. Os dados do boletim Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão, que está na quinta edição, foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) em nove estados. Em todos eles, o padrão é de uma proporção muito alta de pessoas negras mortas por intervenção do Estado: Amazonas (92,6%), Bahia (94,6%), Ceará (88,7%), Maranhão (80%), Pará (91,7%), Pernambuco (95,7%), Piauí (74,1%), Rio de Janeiro (86,9%) e São Paulo (66,3%).

Para a cientista social e coordenadora da Rede, Silvia Ramos, os números são “escandalosos” e reforçam um problema estrutural do país: o racismo que atravessa diferentes áreas como educação, saúde, mercado de trabalho, mas que tem sua face mais crítica na segurança pública.

“O perfil do suspeito policial é fortalecido nas corporações. O policial aprende que deve tratar diferente um jovem branco vestido de terno na cidade e um jovem negro de bermuda e chinelo em uma favela. A questão é: 99,9% dos jovens negros das favelas e periferias estão de bermuda e chinelo. E todos passam a ser vistos como perigosos e como possíveis alvos que a polícia, se precisar, pode matar”, diz a pesquisadora. (mais…)

Um turista israelense, de 20 anos, foi preso na tarde desta terça-feira (5) em Boipeba, destino turístico do município de Cairu, no baixo-sul da Bahia, acusado de injúria racial e corrupção ativa. Conforme o delegado Tiago Campos, que responde pela Delegacia Territorial de Cairu, o caso aconteceu no atracadouro da ilha.

De acordo com relatos das vítimas, ambas trabalhadores do transporte de bagagens e mercadorias, o estrangeiro proferiu insultos racistas, chamando os dois homens negros de “macacos”. As vítimas buscaram ajuda de policiais militares e apresentaram um vídeo gravado no momento do ato, como evidência.

Diante da situação flagrante, o turista ainda tentou subornar os agentes, oferecendo dinheiro para evitar a prisão, o que configurou o crime de corrupção ativa, segundo detalhou o delegado. O suspeito foi encaminhado para a Delegacia de Cairu, onde foi realizado o auto de prisão em flagrante.

O turista, cujo nome não foi divulgado, está à disposição da Justiça, sem direito a fiança. Ele passou por exame de corpo de delito e teve sua prisão comunicada ao Juízo Criminal de Valença, ao Ministério Público da Bahia, à Defensoria Pública, ao Consulado de Israel no Brasil e à Polícia Federal.