Com o objetivo de proteger 80% do público-alvo, ontem a campanha do Ministério da Saúde contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) foi lançada, usada na prevenção do câncer do colo do útero. Neste ano, a campanha foca em meninas de 9 a 11 anos e inclui também como alvo, mulheres jovens portadoras do vírus HIV e do HPV. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a iniciativa pretende vacinar 9,095 milhões de meninas no país, porém a procura nos postos da capital baiana ainda é tímida.
Somada com o grupo de adolescentes de 11 a 13 anos vacinadas no ano passado, o Ministério da Saúde destaca que essa pode ser a primeira geração livre do risco do câncer do colo de útero. A vacinação também é ampliada para jovens até os 26 anos, com o vírus da AIDS, por serem consideradas alvos fáceis diante da baixa imunidade. No total, 33,5 mil mulheres dentre desse fator de risco devem ser vacinadas. A inclusão do grupo como prioritário para a prevenção segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em conformidade com o Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais.
De acordo com a coordenadora substituta da área técnica da Vigilância Epidemiológica da Sesab, Marta Guerra, a vacinação ainda é o melhor método de prevenção contra o câncer do colo do útero. “A doença é a terceira mais freqüente em mulheres e, sem a vacinação, a mulher corre muito mais risco de obter o câncer”, afirmou.
Durante o lançamento da campanha, em Belo Horizonte, o ministro da Saúde, Arthur Chioro também destacou a importância da vacinação. “A vacina é extremamente segura, uma proteção para a vida. Além de proteger a menina, os estudos mostram que a comunidade também fica protegida. Precisamos contar com a colaboração dos pais e das escolas para conseguir alcançar a nossa meta e começar a escrever outra história no nosso País de enfrentamento a essa doença, que é o terceiro tipo de câncer que mais mata as mulheres no Brasil”, reforçou.
Considerado pelo Ministério da Saúde como responsável por cerca de 90% dos casos de câncer de colo do útero, o vírus é registrado em 137 mil pessoas a cada ano. O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência, sendo que a maioria das vítimas são mulheres com idades entre 15 e 25 anos. Apesar disso, médicos afirmam que a realização de exames ginecológicos (preventivos) é a principal arma contra a doença.
Na tarde de ontem, a Tribuna percorreu alguns postos de saúde da cidade e comprovou que a procura pela vacinação contra o HPV ainda é tímida. “Ainda não vi ninguém procurar a vacina, mas acho que durante a semana as pessoas começam a vim”, disse uma funcionária do 2º Centro de Saúde Ramiro de Azevedo, no Campo da Pólvora, que preferiu não se identificar.
A vacina
A vacina está disponível desde o início de março nas 36 mil salas de vacinação espalhadas pelo País. As portadoras do vírus do HIV, assim como as meninas que pretendem receber a dose, deve procurar um posto e apresentar cartão de vacina e documento de identificação. A segunda dose deve ser tomada após seis meses e a terceira após cinco anos, contados a partir da primeira.
Os tipos de HPV mais comuns são os de números 6, 11, 16 e 18, nos quais os sintomas se manifestam através de coceiras, verrugas genitais ou lesões que incomodam. Estas podem ser eliminadas por cauterização e laser. Os do tipo 16 e 18 apresentam ligações com o câncer, porém, podem ser tratados se diagnosticados com antecedência. Nos casos mais avançadas, o HPV é classificado como tipo 31, 35 e 42.