O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta 5ª feira (14.mai.2020) que pediu ao presidente da República, Jair Bolsonaro, o adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Devido à pandemia de covid-19, causada pelo coronavírus, escolas estão fechadas. É comum a percepção de que a realização do Exame beneficiaria alunos mais ricos. Eles estudam em escolas com mais condições de organizar aulas à distância em meio a emergência e têm melhor acesso à internet, entre outros serviços.
“Outro pleito que fiz ao presidente –ele ficou de avaliar, eu disse que era muito importante, que havia uma demanda muito grande da Câmara– foi o adiamento do Enem, ele ficou muito sensível”, contou o presidente da Câmara. Rodrigo Maia falou a jornalistas na tarde desta 5ª feira (14.mai.2020) depois de ir ao Palácio do Planalto e “tomar 1 café” com Bolsonaro.
“Acho que é melhor uma solução que passe por uma decisão do presidente em diálogo com o Parlamento do que uma decisão do Parlamento de suspender por lei ou por decreto legislativo”, afirmou Maia. Ele se referia à tensão política que costuma causar a derrubada de uma decisão do Executivo pelo Legislativo. Poderia ser lida como uma afronta entre Poderes.
A organização do Enem é vinculada ao Ministério da Educação e, portanto, sob influência direta de Abraham Weintraub. O ministro é 1 dos mais alinhados com os discursos de Bolsonaro. Até agora, ele rejeita o adiamento. O Exame está marcado para os dias 1º e 8 de novembro. De acordo com Rodrigo Maia, a visita foi 1 convite dos ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) feito há semanas para conhecer o gabinete de crise que lida com a pandemia do coronavírus. Depois, houve a conversa com o presidente da República. Mais cedo, Rodrigo Maia foi atacado por Jair Bolsonaro. O presidente da República disse que Maia “parece que quer afundar a economia”.
Enquanto Bolsonaro quer que as pessoas voltem ao trabalho, o deputado defende o isolamento social como forma de conter o avanço do coronavírus. Além disso, a Câmara, sob o comando de Maia, aprovou medidas de combate à pandemia tidas pelo governo como excessivamente caras. O deputado negou que o assunto da conversa com o presidente da República tenha sido essa declaração. “Foi para manter o diálogo, não foi para nos dividir”, disse.