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Jerônimo acena para aliados, mas diz não abrir mão de algumas pastas

Eleito no dia 30 do mês passado como governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) foi entrevistado no programa Isso É Bahia, da Rádio A TARDE FM (103.9), na manhã desta quinta-feira, 10. Em sua primeira entrevista após as reuniões com os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira (PP-AL), o petista falou sobre de que maneira espera dialogar com todos os poderes, inclusive com o presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu aliado.

“Uma coisa importante, quando a gente está alinhado com o Governo Federal, é a força política”, disse Jerônimo, que também foi perguntado sobre a influência que baianos podem vir a ter na nova gestão federal. “Se cogita os nomes de Rui, Wagner e Otto. Estamos tranquilos. Mas precisamos ter força política para que as obras venham. Ter ministros é bom, mas no fundo o que queremos é que as estradas, as habitações e as industrias venham”, pontuou.

Jerônimo acenou para partidos e quadros que o ajudaram na campanha, mas alega que não abre mão de que algumas secretarias no governo da Bahia sejam indicações suas. “Quero escolher nomes certos para os lugares certos. Os partidos vão indicar nomes. Tem algumas que não está na cota da política, como a Fazenda. Assim como Educação, Saúde e Segurança Pública. Eu fui cota de Rui [Costa, ex-governador]”, contextualiza o governador eleito.

O desenho de um plano de governo, baseado nas edições do evento de campanha chamado Programa de Governo Participativo (PGP), deve requerer um tempo para a definição dos nomes que estarão na gestão, aponta o petista. “Pedi que combinassem comigo [partidos aliados] de me dar uma trégua até dezembro, para que a partir daí eu tome ações concretas”.

Aliança com Lula

Além do PGP, Jerônimo alegou que o desenho do seu governo depende das conversas com a equipe de Lula, em busca de um alinhamento nacional. “Entregamos a Lula um documento com nossas expectativas, baseada no PGP. Mas eu preciso agir de acordo com o que Lula propõe para o Brasil. Lula quer, por exemplo, investir no Minha Casa Minha Vida e pegar pesado no combate à fome. Assim, precisamos de secretarias nesse sentido. A conversa com [Geraldo] Alckmin foi para alinhar isso”, conta o governador eleito, que se reuniu com o vice-presidente da República eleito e coordenador de transição nesta semana.

Um dos problemas imediatos, para o governador eleito, é unificar o Brasil. “É uma bandeira e um hino. O que acontece com essas manifestações é ruim para o Brasil. É preciso unificar o país para combater a fome, são 34 milhões de pessoas nessa situação”, pontua. A maior votação de Lula no Nordeste, para Jerônimo, representa o desejo da região de se aproximar de ações do Governo Federal. “Ele [Lula] está consciente do que o Nordeste fez por ele. Não é troca, é gratidão”.

Para o governador eleito, no entanto, as dificuldades a serem encontradas a partir de janeiro por Lula deverão ser maiores do que as encontradas de janeiro de 2003 até dezembro de 2010, quando ele exerceu dois mandatos consecutivos na Presidência da República. “Não é um céu de brigadeiro. Na relação com Lula está ótimo, mas o Brasil que Lula está recebendo em 1º de janeiro [de 2023] não é o mesmo de 1º de janeiro de 2003”. Da gestão de Michel Temer (MDB) para cá, a Bahia deixou de ter investimentos estratégicos, segundo o petista. “Depois da Dilma [Rousseff, presidente entre 2011 e 2016], não teve nem habitação, como Minha Casa Minha Vida. Lula precisará fazer as contas”, comenta.

Obras e investimentos

Foram citadas por Jerônimo algumas das obras que serão prioritárias em seu governo, como a ferrovia Oeste-Leste; o Porto Sul, em Ilhéus; o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, em Maragogipe; e a Ponte Salvador–Ilha de Itaparica. “Não estamos pedindo recursos [para a construção da ponte], mas não tinha uma palavra de confiança da Presidência”, aponta o governador eleito, que também citou obras rodoviárias. “Não só a duplicação de BRs, mas a construção, e com recursos do Governo do Estado, não só da União”, continuou.

Otimista de que fará um bom governo, o petista elogiou as gestões dos seus antecessores, Jaques Wagner (PT) e Rui Costa (PT), e nega que tenha existido omissão nas áreas de Educação, Saúde e Segurança Pública. “Fizemos investimentos valorosos na Educação. Eu vou colher. Na última avaliação do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] houve melhoria, embora não no ritmo que gostaríamos”, opina. A deficiência em alguns índices de aprendizagem, para o petista, tem grande influência dos primeiros anos na escola. “É preciso parceria com as prefeituras. Estamos enviando jovens para a universidade com falhas na base. Essas falhas não surgiram no ensino médio”, justifica.

Relação com a Alba

Jerônimo foi perguntado sobre o que espera da relação com a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), que também escolheu seus representantes em outubro. “O fato de o Governo Federal dar sustentação para a oposição favoreceu em alguns momentos de pancada. Com Lula, a oposição ficará enfraquecida”, acredita.

O governador eleito, no entanto, preferiu não dar palpite sobre quem deve assumir a presidência da casa. “Não posso interferir na eleição da mesa diretora, mas torço para que os deputados façam a coisa certa”, disse o petista, que enxerga o momento atual como propício para as discussões sobre o tema. “As forças precisam se movimentar. Não está no momento errado. É natural. Mas vamos trabalhar para ter maioria. Sou do diálogo”, conclui. Com informações do Atarde.