O prefeito Wagner Novaes (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (02), em entrevista para o Blog Itiruçu Online, as medidas administrativas adotadas pelo município de Itiruçu para enfrentar a maior queda na receita de sua história. Diante desse cenário, o prefeito está fazendo ajustes com a redução de despesas da administração, principalmente no que se refere a custeio de pessoal.
Entre as medidas de ajustes anunciadas pelo prefeito estão o corte de 30% do próprio salário e da vice-prefeita, além de secretários e cargos comissionados por um período de 90 dias, a contar deste mês de outubro. A determinação é que todos os órgãos integrantes da administração cortem em no mínimo 30% as despesas com custeio (cargos, telefone, combustível, eventos, energia, diárias, locação de veículos, patrocínios e publicidade). Além disso, todos os contratos serão revisados e as gratificações salariais estão suspensas.
Ainda de acordo com o gestor municipal, foram realizadas reuniões com a equipe financeira para avalizar os ajustes. Em 2015, a atitude foi diferente de 2014, quando foram demitidos todos os secretários e nomeados de forma coletiva por um período de 03 meses. Em 2015, apenas 17 demissões serão feitas.
– “Itiruçu não é diferente de nenhuma outra cidade brasileira e tem passado por várias dificuldades. A primeira dessa dificuldade iniciou-se lá em 2010, quando o Censo do IBGE diminuiu a população de 16 mil habitantes para 13 mil habitantes. Com isso tivemos uma queda no Fundo de Participação dos Municípios-FPM-, de 20% na arrecadação, em média de R$ 400.000,00 aos cofres municipais. É muito recurso para Itiruçu deixar de receber. Se estivéssemos recebendo pelo índice de 1.0 as coisas estariam bem diferentes. Infelizmente, herdei essas dificuldades, mas também o ex-prefeito já sofreu e não conseguiu honrar os compromissos no mês de dezembro em 2012 deixando para prefeitura alguns débitos. Na condição de gestor, tenho a obrigação de tomar as medidas necessárias para não deixar esses problemas de herança ao próximo governo. 2016 será mais um ano difícil, pois a crise que o Brasil enfrenta é assustadora e só terá uma perspectiva de melhora em 2018. Então, coube a mim como prefeito fazer essas reduções de salários de A a Z, começando pelo prefeito, vice e secretários e, com essa medida, iremos somente ter a necessidade de demitir 17 pessoas ao invés de 100. Essa medida protege também o funcionamento da máquina, garantindo a manutenção do Hospital, das Unidades de Saúde, mesmo com o governo federal reduzindo de 10% a 20% de corte nos repasses de 3 meses para cá. A presidente Dilma não avisa e corta o FPM, não avisa e corta o FPM, não avisa e corta o FPM…, daí, ficamos em dificuldades, pois trabalhamos com previsão e nos restou somente discutir com o financeiro e fazer os ajustes necessários para suprir as necessidades da prefeitura”- Declarou Wagner Novaes.
Durante a entrevista o prefeito citou a saúde como uma das áreas que requer atenção da prefeitura. De acordo com o alcaide, o Hospital Municipal recebe de repasse para custeio de pouco mais de R$ 90.000,00 Mil Reais, mas os custos chegam a R$ 300.000,00 mil. Ainda de acordo com o prefeito, o município completa o funcionamento da unidade hospitalar em mais de R$ 200.000,00 ao mês para mantê-lo funcionando.
– “Na saúde dispomos de 03 ou mais carros por dia, a depender das necessidades, fazendo o transporte de pacientes para salvador e cada carro desse custa para o município R$500,00. Estamos fazendo um trabalho na saúde que nenhuma outra prefeitura do porte de Itiruçu tem conseguido. Lógico que, a saúde não estar bem. Não vai bem no Brasil, na Bahia e em Itiruçu, mas em termo de comparação com outros municípios, Itiruçu vai muito bem. Temos uma demanda grande com pessoas de outros municípios que são atendidos no Hospital de Itiruçu. Pessoas do Entroncamento de Jaguaquara, por exemplo, vem para Itiruçu, chegam aqui e são bem atendidos e tem o remédio necessário. Arcamos com uma obrigação que não é nossa por não poder negar atendimento à saúde ao ser humano”-, Disse Wagner.
Sobre a crise que o Brasil vive, Wagner foi crítico e disse não ter esperanças de melhoras nos próximos dois anos. Novaes garantiu que deseja deixar a prefeitura com sentimento de dever cumprido.
-“Essa crise que o Brasil mergulhou é preocupante. O dólar já passa dos R$ 4,00, o euro já vale R$ 5,00. Todo nosso produto de importação é em dólar, por isso esses aumentos desenfreados e essa crise que estamos apenas começando. Creio que a dificuldade maior será em 2016. Não é fácil tomar atitudes aonde punimos nos salários das pessoas, na demissão, mas não temos outra opção. Estou no comando de um barco que está em alto mar, temos mil funcionários, se eu não cortar os 17 e um pouquinho de cada um, irei levar esse barco com os mil funcionários ao fundo do mar e terminarei minha administração em dezembro de 2016 devendo de dois a quatro meses ao funcionalismo. Isso não vai acontecer, pois detectamos e estamos fazendo essas interseções duras, mas necessárias para manter o equilíbrio financeiro, que é o patamar de toda gestão. A educação e saúde são os pilares da gestão pública, mas ambas não se sustentam se o financeiro não estiver organizado. Peço a população apoio neste momento difícil. O Brasil terá dois anos difíceis com essa crise, mas como diz o Hino Nacional, somos ‘gigantes pela própria natureza’ iremos sair dessa crise, mas não será de uma hora para oura. Peço perdão e desculpas as pessoas que estamos afastando nesse momento. Isso eu sei que custará minha reeleição, pois as pessoas não entendem e vão ver que perderam o salário e ficarão contra mim. Quero deixar a prefeitura dizendo: ‘Itiruçu, eu cumpri com minha obrigação, cuidei do índice da saúde, educação, não deixei ninguém morrer de fome, cuidei dos transportes dos doentes, mas infelizmente, dentro do recurso que estou recebendo hoje, não tive outra posição de dureza tomada com dificuldades”- Lamentou o gestor.