“A situação foi muito humilhante, me senti humilhado na frente de todos”. Foi com essas palavras que William Silva, professor universitário que relatou ter sido vítima de racismo após ser abordado por policiais militares com acusação de roubo, definiu como se sentiu no momento da abordagem.
O caso aconteceu durante a festa de São Pedro, na cidade de Ipiaú, no sul da Bahia e é investigado pela Polícia Civil. Nesta terça-feira (4), William Silva vai se reunir com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), em Salvador, para registrar denúncia. “Situações como essas não podem acontecer, tendo em vista que muitos pretos e pardos passam por isso todos os dias e são silenciados. Muitas vezes apanham e ficam calados porque não têm coragem de se expor”, lamentou o professor.
Segundo William Silva, que trabalha como coordenador do curso de nutrição da UNIFTC em Itabuna, Jequié e Vitória da Conquista, o caso aconteceu na noite de quinta-feira (29), depois que ele tentou ajudar uma mulher que teria sido empurrada por um homem embriagado no camarote.
“Os policiais, em nenhum instante, procuraram saber se aquilo realmente tinha acontecido. Eles já chegaram como se eu fosse o principal culpado nesse processo”, afirmou.
O professor, que aparece algemado em uma das fotos que divulgou, afirmou que foi abordado com cassetetes e que foi vítima de “preconceito estrutural”. De acordo com William Silva, ele foi levado à delegacia, ouvido e liberado.
“Eu falei que não roubei, eles revistaram e viram que eu estava só com meu celular. Vou até o fim. Como já disse nas redes sociais, não posso ficar mais calado, eu tenho que realmente me expor e procurar meus direitos”, disse William Silva.
Em nota, a Polícia Militar informou que foi acionada após denúncia de furtos de aparelhos de celulares no camarote e que durante a condução do professor ao posto policial, ele teria agredido um dos militares com chutes.
Já a Polícia Civil, que também se manifestou através de nota, informou que não instaurou inquérito contra o professor e que o caso foi registrado como atípico, já que não havia indício de crime cometido por ele. A instituição relatou também, que os PMs envolvidos na abordagem foram ouvidos e outras pessoas que estavam no local da festa devem prestar depoimento à polícia ainda nesta semana.
A universidade, UNIFTC, local de trabalho do professor emitiu uma nota de solidariedade, onde traz o a seguinte frase: “Uma figura respeitada a admirada na comunidade acadêmica”. A universidade classificou o episódio como tratamento injusto e humilhante. Assista reportagem no G1