O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quarta-feira (15) que o maior erro político que já aconteceu no Brasil foi a autorização da reeleição. Segundo ele, há uma fixação constante na recondução dos mandatos. Guedes vem trabalhando em negociações para viabilizar uma abertura no Orçamento de 2022 e turbinar o programa do Bolsa Família, uma das principais apostas para incrementar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro no ano eleitoral.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em maio, o ministro indicou que buscaria pautas positivas para a reeleição do presidente. “Agora vem eleição? Nós vamos para o ataque”, disse na ocasião. Em entrevista à rádio Jovem Pan nesta quarta, Guedes fez críticas ao mecanismo da reeleição.
“Eu considero que foi o maior erro político que já aconteceu no país”, disse. A emenda constitucional para permitir a reeleição de prefeitos, governadores e presidente foi aprovada pela Câmara em 25 de fevereiro de 1997, após uma série de articulações iniciadas em 1995, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“Quando foi criada a emenda de reeleição, no primeiro ano todo mundo fala que podemos fazer alguma coisa, no segundo ano tem eleição municipal, no terceiro ano ‘tem que fazer tudo agora porque o quarto ano é de eleição e não dá tempo’, no quarto ano é de eleição. Então, fica quase uma fixação de reeleição o tempo inteiro”, disse o ministro.
Em setembro de 2020, FHC fez um mea-culpa e disse ter sido um erro a instituição da reeleição no Brasil. Ele foi o primeiro presidente reeleito no país.
“Devo reconhecer que historicamente foi um erro: se quatro anos são insuficientes e seis parecem ser muito tempo, em vez de pedir que no quarto ano o eleitorado dê um voto de tipo ‘plebiscitário’, seria preferível termos um mandato de cinco anos e ponto final”, afirmou na ocasião, em artigo publicado em jornais.
Bernardo Caram/Folhapress