O esquema de falsificação de cartões de vacina contra a covid-19 que beneficiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sua filha Laura, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e a esposa começou em Goiás, com o preenchimento de um cartão comum em papel. Nas etapas seguintes, os dados foram lançados no sistema do Ministério da Saúde e depois apagados, segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo. De acordo com a Polícia Federal (PF), as inserções fraudulentas aconteceram entre 2021 e 2022 e tinham como objetivo simular a condição sanitária para que o grupo viajasse aos Estados Unidos.
Conforme a publicação, em Goiás, um médico da prefeitura da cidade de Cabeceiras, ligado ao bolsonarismo, preencheu os cartões de vacinação. Com o cartão em mãos, o grupo prosseguiu com a tentativa de registrar os dados no sistema eletrônico do SUS no município fluminense de Duque de Caxias para que fosse considerado oficial, valendo, inclusive, em viagens internacionais. No entanto, uma incompatibilidade entre o número do lote de vacinas informado e o local para aonde teria sido enviado pela pasta da Saúde impediu a efetivação inicial do registro, fato que motivou a troca de mensagens entre Mauro Cid e seus ajudantes, que viria a ser flagrada em uma operação da PF.
Por meio das mensagens, a Polícia Federal apurou que foi preciso conseguir um segundo número de lotes de vacinas, este do Rio, para fazer o registro. Depois que o cartão foi, enfim, registrado no sistema, tornando a informação de imunização oficial, o grupo baixou os arquivos, imprimiu os cartões e apagou o registro. A PF confirmou a adulteração após realizar perícia no sistema.