A falência ovariana precoce (FOP), também conhecida como insuficiência ovariana primária (IOP) é definida por amenorreia por um período de 4 a 6 meses. Ou seja, ela está diretamente associada à ausência de menstruação. Pode ocorrer como um caminho natural da vida das mulheres, que normalmente a partir dos 50 anos deixam de menstruar, mas pode vir mais cedo… e é aí que está o problema. “Se a FOP for identificada em mulheres na faixa dos 50, é relativamente esperado. O grande problema é que ela tem sido mais diagnosticada em jovens e a preocupação, nesses casos, é enorme”, explica o médico do IVI Salvador, Dr. Fábio Vilela.
A incidência da falência ovariana precoce (FOP) é de cerca de 1:1.000 antes dos 30 anos, 1:250 em torno dos 35 anos e de 1:100 aos 40 anos. Representa entre 10 e 28% dos casos de amenorreia primária, entre 4 e18% dos quadros de amenorreia secundária e de 2 a 3% das situações de infertilidade feminina. A falência esporádica é a forma mais comum. Porém, em cerca de 5% dos casos, observa-se uma história familiar positiva, o que sugere uma predisposição genética para essa patologia.
O quadro clínico é caracterizado pela ausência de menstruação. Neste caso, geralmente é precedida por um período de irregularidade menstrual e flutuações das gonadotrofinas, tendo uma apresentação muito complexa. Muitas vezes o primeiro sinal é uma resposta inadequada à estimulação ovariana ou exames que mostrem uma reserva ovariana baixa. Para essas pacientes, a chance de FOP é cerca de quatro vezes maior e, portanto, elas devem ser alertadas sobre os riscos futuros de sua vida reprodutiva.
Os sintomas costumam ser intensos, tanto vasomotores (sudorese e ondas de calor), como atrofia vaginal e cutânea, consequentes do hipoestrogenismo. Podem ainda apresentar insônia, irritabilidade, cefaleia, instabilidade emocional e depressão, levando a grande comprometimento da qualidade de vida.
“O impacto emocional que as mulheres sofrem com o diagnóstico de FOP é imenso, com uma grande sensação de frustração e de perda da sua fertilidade e feminilidade, portanto, o ginecologista deve ter muito cuidado ao dar essa notícia e sempre oferecer todo o apoio necessário, inclusive psicológico”, explica o especialista.
Do ponto de vista reprodutivo, alguns estudos demostraram que 16 a 50% das mulheres que foram diagnosticadas com Falência Ovariana Precoce em amenorreia por 3 a 6 meses ovularam, mas somente cerca de 5 a 10% delas engravidaram espontaneamente ou com ajuda de tratamento. A maioria das vezes, a única opção para uma gestação é utilizando óvulos doados.
Entre 80/90% das vezes não é encontrada uma causa, sendo considerada idiopática. Em cerca de 5% dos casos, ocorre a forma hereditária, em que a FOP pode ser prevista pelo histórico familiar. O restante ocorre de forma esporádica.
Tratamento da infertilidade para pacientes com FOP
O tratamento da infertilidade vai depender do estágio em que foi feito o diagnóstico e pode ser dividido em algumas fases, que vão desde a prevenção, passando pela tentativa de restauração da função ovariana, para chegar à ovodoação.
No caso da prevenção, pacientes que irão ser submetidas a cirurgia, quimioterapia ou radioterapia podem utilizar de técnicas de preservação da fertilidade, e assim manter chance de gravidez após os tratamentos. Isso vale também para aquelas com diminuição da reserva ovariana precocemente ou história familiar de FOP.
A restauração da função ovariana é limitada, pois 5% a 10% das pacientes ainda apresentam alguma função ovariana e podem engravidar até mesmo espontaneamente, no caso de amenorreia secundária com cariótipo normal. Se a amenorreia for primária, esta chance é praticamente nula. Nos casos em que se percebe uma diminuição precoce da reserva ovariana em pacientes que desejam engravidar, pode-se realizar a estimulação ovariana para fazer a fertilização in vitro.
A ovodoação é a fase utilizada para aquelas mulheres em que o ovário realmente já entrou em falência completa, já não responde mais a estimulação. Neste caso, a única opção terapêutica viável é o uso de óvulos doados para alcançar a gestação.
Sobre o IVI – RMANJ
IVI nasceu em 1990 como a primeira instituição médica em Espanha especializada inteiramente em reprodução humana. Desde então, ajudou a criar mais de 200.000 crianças, graças à aplicação das mais recentes tecnologias em Reprodução Assistida. No início de 2017, a IVI fundiu-se com a RMANJ, tornando-se o maior grupo de Reprodução Assistida do mundo. Atualmente são em torno de 80 clínicas em 9 países e 3 centros de pesquisa em todo o mundo, sendo líder em Medicina Reprodutiva. Em 2021, a unidade IVI Salvador completou 11 anos. https://ivi.es/ – http://www.rmanj.com