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Fake news estão na mira dos líderes corporativos

Por Silvio Celestino

Não é difícil perceber as imensas dificuldades que uma pessoa teria se acreditasse que dois mais dois são cinco. Entretanto, se um erro de soma é fácil de ser percebido, o mesmo não ocorre com outras informações. E, se elas são relevantes para a tomada de decisão, as consequências podem ser catastróficas.

Quer seja na vida pessoal, na carreira ou na liderança executiva e empresarial, a verdade desempenha papel fundamental em nossas escolhas. Ela é uma alavanca que, se acionada, produz os resultados esperados, e, se for corrompida, pode causar grandes prejuízos. Portanto, a busca pela verdade deve ser o foco na conduta de todos e, em particular, dos líderes.

E as fake news dificultam sobremaneira conhecermos a verdade. Embora o termo exista há mais de um século, nos últimos anos, o advento das redes sociais criou um ambiente propício para sua propagação.

Em síntese, fake news, nada mais são que notícias falsas propagadas deliberadamente para impor um poder, normalmente político.

Contudo, você não precisa de uma rede social para utilizar fake news. A força devastadora delas pode ser observada na sociedade alemã das décadas de 1920 e 30, que culminou com a ascensão ao poder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães – Partido Nazista –, que impôs, com o apoio de outras forças, ideias destruidoras em uma sociedade reconhecidamente culta. Uma das características das fake news é a inundação da mente das pessoas com uma quantidade de informação tão grande que elas ficam suscetíveis a acreditar em qualquer coisa – e é aí que está seu grande perigo: manipular pessoas fazendo-as aceitar aquilo que um grupo deseja.

Um líder empresarial deve ter grande preocupação com a mentira empacotada em notícias falsas. Elas são graves para o País, mas podem ocorrer em menor escala dentro da companhia e causar, também, sérios danos a ela.

Embora existam muitas orientações a respeito de como identificar fake news, penso que há um ponto importante, que é rejeitar certas afirmações que criam o ambiente para que elas se propaguem. A que mais me preocupa é a famosa “cada um tem a sua verdade”.

Quando ouço alguém afirmar isso, eu interrompo e procuro demonstrar que podemos ter crenças e opiniões diferentes, mas não verdades diferentes. A verdade é aquilo que não pode ser negado.

Dentro da empresa, ocorre o mesmo que no mundo: fatos e registros. E a busca por eles é o enorme desafio. Pois, para saber o que é a verdade, todo gerente, diretor e presidente deve saber o seguinte:

Se a verdade é o que aconteceu, e, portanto, segue uma linha do tempo, ela somente pode produzir resultados se for conhecida por alguém. Portanto, a afirmação de que hoje se produz muito conhecimento é fantasiosa. O que se produz muito é registro de conhecimento, que, se estiver fora da cabeça de um ser humano, não realiza nada.

Como pessoas morrem e também perdem a memória, assim como há uma linha do conhecimento, há uma linha do esquecimento. Por exemplo, recentemente saiu uma notícia de que descobriram mais informações sobre o concreto usado no império romano, o qual, ao contrário do atual, fica cada vez mais duro quanto mais exposto ao sol e às intempéries do clima. Ainda assim, por motivos diversos, são desconhecidos fatores fundamentais para que seja produzido hoje.

Por último, além das linhas da verdade e do esquecimento, e paralelamente a ambas, há a linha da mentira. Ela é criada por pessoas e grupos que desejam o poder a qualquer custo e, para isso, vão se proteger e atacar a verdade por meio de mentiras que são os tijolos que constroem as fake news. Afinal, uma notícia fantasiosa deve ser reforçada ao longo do tempo por mentiras e mais mentiras que devem ser criadas e divulgadas sistematicamente, criando um complexo sistema de confirmações, todas falsas, mas que podem se referenciar umas às outras para suportar a mentira principal.

A conclusão é que é uma tarefa muito difícil descobrir a verdade. Quer seja na história de um país, ou naquilo que ocorre no interior de uma empresa na interação entre seus funcionários, fornecedores, gestores e clientes, a verdade pode estar encoberta por uma camada de informações falsas. E é por isso que um gestor deve ser capaz de selecionar pessoas de boa índole, corajosas e capazes de dizer a verdade dos fatos.

Sob muitos aspectos, confiar em alguém significa confiar nos números e nos fatos que relata.

As fake news, portanto, são criações humanas, e, por isso mesmo, sua origem são pessoas específicas que devem ser identificadas e retiradas do interior da empresa e afastadas dos círculos de decisões para o bem da companhia e de seu futuro. E essa é uma tarefa fundamental a que os gerentes, diretores e presidentes não podem se furtar.

Vamos em frente!

(*) Autor do livro “O Líder Transformador, como transformar pessoas em líderes”, Sílvio Celestino é sócio fundador da Alliance Coaching. No Twitter: @silviocelestino. Visite: www.alliancecoaching.com.br e www.facebook.com/AllianceCoachingBrasil