Após os cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitarem, por unanimidade, a importação e o uso da vacina russa Sputnik V pelo Brasil, o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, disse que a decisão já era esperada. Em entrevista ao programa Jornal da Manhã, na TV Bahia, na manhã desta terça-feira, 27, o secretário afirmou que a decisão é coerente com tudo o que o órgão regulador vem divulgando.
“A simples ida de técnicos da Anvisa a Moscou não iria resolver a infinidade de documentos que eles solicitaram. A nossa equipe prevê em torno de seis meses o tempo para responder a quantidade de questionamentos. Existe uma desconexão da realidade em que vivemos com a exigência que a Anvisa está propondo”, criticou.
Vilas-Boas ainda falou sobre a ausência de embasamento científico para a decisão de rejeitar a importação da Sputnik V. “O que assistimos ontem na apresentação de diretores da Anvisa é um desfile de tecnicalidades batendo na mesma tecla: ‘eu não sei’, ‘eu tenho receio’ e talvez’. A decisão não provê informações de riscos e faz alusão a potenciais riscos que não estão sendo confirmados na prática. Na Argentina, a Sputnik V é a vacina principal e não estamos vendo os hermanos morrerem ou virarem jacaré”, avaliou.
No Brasil, a CoronaVac é o principal imunizante utilizado na aplicações das doses e, segundo o secretário, não tem, sequer, publicação em revista científica internacional. “A Anvisa aceitou sem estarem publicados resultados da fase 3. Há incoerências. Não sei motivadas pelo quê”, questionou.
Vilas-Boas finalizou a entrevista chamando a atenção para a possibilidade de o Brasil ter um “apagão de vacinas”, com chance de interrupção do fornecimento da vacinas.