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EUA confirma tarifa de 25% sobre aço e alumínio a partir desta quarta; medida impacta o Brasil

A Casa Branca confirmou no início da noite de hoje que começará a aplicar, a partir da meia-noite desta quarta-feira (12), tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio no país.

“Uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio, sem exceções ou isenções, entrará em vigor para o Canadá e todos os nossos outros parceiros comerciais à meia-noite do dia 12 de março”, disse Kush Desai, porta-voz da Casa Branca, em comunicado.
A medida, que irá atingir em cheio o setor de siderurgia de países como Canadá, Brasil e México, faz parte de uma das principais promessas de campanha de Trump: a taxação de produtos estrangeiros para priorizar a indústria norte-americana.

Em fevereiro, quando assinou o decreto, o republicano afirmou que os EUA “precisam que o aço e o alumínio permaneçam na América, não em terras estrangeiras”.

“Nossas tarifas sobre aço e alumínio, para que todos possam entender exatamente, são de 25%, sem exceções. E isso vale para todos os países, não importa de onde venha”, acrescentou. Na ocasião, Trump também mencionou que as empresas têm a opção de estabelecer filiais e levar a produção para dentro dos EUA, o que lhes garantiria tarifa zero. Ao todo, cerca de 25% do aço usado nos EUA é importado, segundo o Departamento do Comércio do país. A maior parte é proveniente do Canadá, seguido pelo Brasil e pelo México. Além disso, metade do alumínio utilizado no país também é importado, principalmente do Canadá.

Por aqui, um dos principais efeitos da medida deverá ser a diminuição das exportações de aço e alumínio do Brasil para os EUA. O cenário traz desafios para o setor siderúrgico, que terá que redirecionar suas vendas ou, no longo prazo, diminuir a produção, segundo especialistas. Diante dos impactos, o governo brasileiro já avalia estratégias de reação para evitar perdas comerciais e manter uma relação equilibrada com os EUA, conforme mostrou o blog do Camarotti.

Diplomatas e técnicos envolvidos nas negociações acreditam que a resposta do Brasil deve ser cautelosa e estratégica. Uma fonte do governo afirmou que o Brasil não pode escalar o conflito, mas também não pode abrir mão da reciprocidade. “Não podemos escalar, mas também não dá para abrir mão da reciprocidade”, revelou ao blog um interlocutor do governo. Outro integrante das negociações comparou a situação a um jogo de tabuleiro, no qual o Brasil precisa evitar que os EUA percam o respeito no comércio bilateral. “O Brasil não pode deixar os americanos perderem o respeito”, afirmou.

Apesar do início da taxação, as negociações seguem abertas. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, tem mantido reuniões frequentes com representantes do governo dos EUA, e as conversas foram consideradas positivas. Como parte dessas negociações, os americanos manifestaram insatisfação com a tarifa de 18% que o Brasil impõe sobre o etanol importado dos EUA, enquanto os americanos cobram apenas 2,5% sobre o etanol brasileiro. Washington indicou que esperava um gesto do governo brasileiro para avançar nas tratativas.

O Brasil, então, sugeriu uma alternativa: deixar de lado a discussão sobre o etanol e negociar uma redução na tarifa sobre o açúcar exportado para os Estados Unidos. Atualmente, os EUA taxam em 80% o açúcar que excede a cota de 146 mil toneladas anuais permitida para o Brasil.

Histórico de tarifas
Essa não é a primeira vez que Trump aplica taxas sobre aço e alumínio importados nos EUA. Durante seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, ele criou tarifas e outras restrições para a importação desses produtos, mas todas foram posteriormente retiradas.