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Diretor da Mirabela e engenheiro afirmam que barragem da mineradora é uma das mais seguras do mundo: “risco é baixíssimo”

Diante da repercussão da tragédia ocorrida na última sexta-feira, 25, após o rompimento de uma barragem de rejeitos em Brumadinho, e da preocupação de moradores de municípios do baixo e médio Rio das Contas com a barragem da Mirabela, instalada em Itagibá, a reportagem do GIRO buscou esclarecimentos sobre o caso e foi recebida na mineradora por Milson Mundin (diretor presidente da Mirabela) e Vagner Lima (engenheiro de barragem). Numa longa entrevista, ambos esclareceram a atual situação da barragem e afirmaram que ela é segura e que o risco de rompimento é baixíssimo. A segurança da barragem da Mirabela também foi atestada pelo especialista José Batista de Oliveira – professor de mina da UFBA, em um áudio no WhatsApp compartilhado por ele no último sábado e direcionado à moradores de Itacaré.

Diretor da Mirabela (direita na foto) e Engenheiro de Barragem foram entrevistados pelo Giro em Ipiaú.

Milson Mundim destacou a diferença da barragem da Mirabela às de Brumadinho e Mariana. “O primeiro ponto que a gente tem que lembrar é que essas duas barragens tem 40 anos de construção e nesse período a tecnologia da engenharia evoluiu. E para se ter uma ideia, hoje não é mais possível licenciar uma barragem que use o método construtivo utilizado por eles naquela época. Elas são feitas com o próprio rejeito da mineração e alteadas com montante, isso significa que vai colocando o rejeito em cima do próprio rejeito e vai aumentando a altura da barragem. A nossa barragem é bem diferente. Ela é feita principalmente com rocha (cerca de 83%) e não rejeito”, destacou Mundim que ainda acrescentou: “O risco de acidente dela (barragem), em termo de rompimento, é baixíssimo”.

Segurança

Outro ponto diferente é em relação ao material contido pela barragem da Mirabela que atualmente tem 21 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Segundo o engenheiro Vagner Lima, apenas 4% desse material é água. “Nosso rejeito é arenoso e tem uma consistência que facilita o adensamento dele, inclusive pode-se trafegar com máquinas em cima do rejeito”, disse. Vagner informou que o método utilizado para a construção da barragem é o mais caro no mercado. Ele revelou que fez um levantamento e constatou que no Brasil, das 790 barragens de rejeitos, apenas a Mirabela (Itagibá) e a de Sossego (no Pará) utilizam essa metodologia de construção. Baseado em uma pesquisa de um órgão internacional, Vagner afirmou: “No mundo não existe histórico de rompimento com nosso tipo de barragem (de enrocamento), não tem nenhum caso”, frisou.
 
Manutenção e fiscalização

Com as atividades de exploração de minério suspensa desde maio de 2016, a Mirabela assegura que, apesar disso, as manutenções na barragem e fiscalizações por órgãos responsáveis têm sido permanentes. “O poder público, o governo da Bahia, através dos seus vários órgãos, a CBPM, o INEMA, fazem essas inspeções regulares e de maneira técnica e bastante profissional e restritiva. Ainda ontem (segunda-feira) a gente teve a visita de uma grande delegação, incluindo três técnicos em barragens, que puderam atestar a segurança da barragem”, comentou.

“Potencial de dano”
Sobre a fala do gerente regional da Agência Nacional de Mineração (ANM), Cláudio da Cruz Lima, o qual durante entrevista ao G1 afirmou que a barragem da Mirabela e mais três na Bahia têm “alto potencial de dano”, Milson explicou: que o “Potencial de dano” não diz respeito ao risco de acidente, mas das consequências e que esse nível é elevado quando existem comunidades próximas e a presença de rios.
Plano de ação de emergência
Os representantes da mineradora garantiram que, caso haja um acidente com a barragem, existe um plano de emergência. “Nós temos o nosso desde 2009, antes da lei pedir. Em 2018 a gente fez uma atualização desse plano e protocolou e apresentou em todas as prefeituras de municípios que hipoteticamente seriam atingidos. A lei prevê esse plano para que, mesmo que a gente saiba que não vai acontecer, mas que a gente esteja preparado para evacuar uma população, se necessário”, comentou Vagner. A mineradora informou também na entrevista, por meio de seus representantes, que ao encerrar as atividades, existe o plano de fechamento de mina, inclusive da barragem. “Esse plano atualmente está sendo atualizado e aprimorado com pesquisadores da área”, destacou Vagner Lima.
Retorno da exploração
No final da entrevista, Milson Mundim – diretor presidente da Mirabela – informou que a previsão para o reinício da exploração está previsto para o segundo semestre de 2019, logo após os serviços de reparos na planta (mina) e de sondagens. “Certamente será no segundo semestre”, estimou. Segundo ele, a princípio, a vida útil da mina é de até 12 anos de exploração, mas pode ser prorrogada, a depender das descobertas nos serviços de sondagens. “Estamos fazendo um trabalho vislumbrando um futuro distante e não um futuro próximo, que é quando essas jazidas que forem chegando ao final, que já tenham novas jazidas mapeadas aqui dentro da área da Mirabela, permitindo a extensão da vida da mina”, disse.

Vagas
Atualmente a Mirabela tem 190 funcionários e cerca de 200 terceirizados. A tendencia é que aumente o número de emprego nos próximos meses. Para isso foi disponibilizado no site da empresa a oportunidade de cadastro de currículos.

Municípios formam conselho para fiscalização

Reunidos na tarde de segunda-feira, 28, no Salão do Plenário da Câmara Municipal de Barra do Rocha, prefeitos de nove municípios do baixo e médio Rio das Contas (ver aqui) decidiram pela criação do Conselho Deliberativo e Consultivo de Gestão e Acompanhamento da Barragem de Rejeitos de Mirabela. O órgão visa o acompanhamento permanente deste equipamento, cuja segurança vem sendo questionada pela população ribeirinha, notadamente as comunidades à jusante da mineração de níquel no município de Itagibá. Representantes de vários segmentos da sociedade civil organizada, assim como da União e do Estado da Bahia, serão incorporados ao Conselho. *Com reprodução de conteúdo do Giro Ipiaú.