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Cotado para concorrer à Presidência, Joaquim Barbosa se filia ao PSB

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa aproveitou a sexta-feira (06) com o foco na iminente prisão de Lula para assinar sua ficha de filiação ao PSB. Nesta tarde ele ainda se encontra com o presidente da sigla, Carlos Siqueira. Barbosa havia solicitado que a formalidade fosse discreta, sem festa e nem discurso político. Ele quis evitar associações entre a sua entrada no partido e a mobilização nacional em torno da prisão do petista. Barbosa vinha avaliando sua filiação ao partido, que o convidou de olho no potencial eleitoral do ex-ministro. Pesquisas qualitativas de conhecimento de socialistas apontam que ele pode ser o grande destinatário de votos com a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da disputa eleitoral. Segundo dirigentes partidários, há maioria na legenda a favor da candidatura de Barbosa, mas a ideia vinha enfrentando resistências internas, principalmente entre os que desejam disputar governos estaduais e temem que uma campanha presidencial abocanhe muito dos recursos do fundo eleitoral. Após a filiação, o partido deve organizar, aí, sim, um ato político para marcar a entrada de Barbosa no PSB.

Ministro do STF de 2003 até 2014, Barbosa foi presidente do tribunal entre 2012 e 2014 e principal nome do julgamento do Mensalão, o maior escândalo de corrupção do país até a Lava-Jato. A condenação de políticos e seus asseclas, à época, marca uma diferença com o que se vê hoje em dia na Lava-Jato, sem nenhum condenado na mais alta corte do país.

Uma ressalva: no Mensalão, o Supremo levou sete anos para se debruçar sobre o processo, enquanto a Lava-Jato começou há quatro anos. Na época, discussões entre os ministros Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa durante o julgamento de casos do Mensalão, apontaram para a tendência da politização do Supremo Tribunal e do sistema judiciário. Além de Lewandowski, Barbosa chegou a discutir com os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Dias Toffoli. Fora do Supremo, também protagonizou polêmicas ao discutir com jornalistas, e por ser sócio de uma empresa nos Estados Unidos a qual ele usou para comprar um apartamento em Miami.

Aposentado voluntariamente em 2014, Barbosa começou a ser cogitado como figura política, posição que refutou inicialmente. Mas as pesquisas iniciais mostravam que ele não era mal recebido nas ruas. Segundo uma pesquisa Datafolha de dezembro do ano passado, Barbosa aparecia com 5% de intenções de voto.

Analistas afirmam que este número pode aumentar consideravelmente após sua filiação e sua confirmação como candidato à presidência. Segundo o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o ex-ministro se junta ao partido, mas ainda não é o nome oficial para concorrer à presidência.

A decisão de nomeá-lo como presidente ainda é incerta porque encontra resistência de alas do PSB. O vice-governador de São Paulo, Márcio França, é um exemplo.

França é aliado do ex-governador do estado Geraldo Alckmin, pré-candidato à presidência pelo PSDB, e que ainda negocia a entrada do PSB em sua base de apoio.

Barbosa é colocado como opção para o eleitorado de centro-esquerda, esfera ocupada por outros dois candidatos: Ciro Gomes, do PDT, e Marina Silva, da Rede, que já confirmaram suas pré-candidaturas.