Saiba quem são os 11 candidatos a ocupar a cadeira de chefe do Executivo a partir de 2023 estão autorizados a iniciar a veiculação de propaganda eleitoral para conquistar o voto dos mais de 156 milhões de brasileiros aptos a participar do pleito de outubro deste ano.
Os postulantes poderão distribuir produtos de autopromoção em canais televisivos, rádio, internet, mídias impressas e meios sonoros. Além disso, a data marca o início do prazo permitido para realizar comícios, carreatas ou passeatas. No pleito deste ano, há cinco candidatos que nunca concorreram à Presidência — Felipe D’Avilla (Novo), Léo Péricles (UP), Roberto Jefferson (PTB), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (UB) — e quatro que nunca estiveram à frente de nenhum mandato político — D’Avilla, Léo Péricles, Sofia Manzano (PCB) e Vera (PSTU).
A corrida presidencial também é marcada por nomes consagrados, como políticos de longas datas — Roberto Jefferson (PTB), que foi deputado federal por 22 anos —, além do presidente Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Lula (PT).
É a primeira vez que o Brasil registra uma corrida presidencial composta por quatro candidatas mulheres: Simone Tebet, Sofia Manzano, Soraya Thronicke e Vera são as primeiras a registrar o feito.
Além disso, o candidato Pablo Marçal (Pros), apesar de ter registrado a candidatura junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e constar no site do órgão como concorrente, está fora da corrida presidencial. O partido anunciou na segunda-feira (16/8) que apoiará Lula no primeiro turno das eleições.
Até 2 de outubro, os 11 candidatos terão que driblar desafios e conquistar os eleitores. Conheça abaixo cada um deles, por ordem alfabética:
Ciro Gomes (PDT)
Ciro Ferreira Gomes, de 65 anos, concorre pela quarta vez a uma eleição para a Presidência da República — as outras tentativas ocorreram em 1998, 2002 e 2018. No pleito de outubro deste ano, ele concorre em uma chapa pura, com a pedetista Ana Paula Matos como vice.
Natural de Pindamonhangaba (SP), iniciou a carreira política em 1982, ao se tornar deputado estadual no Ceará, unidade federativa em que o pai nasceu e na qual ele passou a morar a partir dos três anos de idade.
De lá para cá, foi prefeito de Fortaleza (1989), governador do Ceará (1990-1994), ministro da Fazenda do governo Itamar Franco (1994-1995), ministro da integração nacional no governo Lula (2003-2006), deputado federal (2007-2011) e secretário de Saúde do Ceará (2013-2015).
O político é formado em direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e é autor de quatro livros da área de economia política. Fora dos cargos públicos, ele foi presidente da Transnordestina Logística S/A, empresa subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por 18 meses, entre 2015 e 2016.
Ciro faz parte de uma família de políticos que atuaram no Ceará. O irmão Cid Gomes foi governador do estado, já o outro, Ivo Gomes, é atual prefeito de Sobral, cidade cearense em que Ciro foi radicado e na qual o pai, o avô e o bisavô deles já haviam ocupado o mesmo posto. Além disso, o tio do pedetista, Vicente Antenor Ferreira Gomes, foi prefeito do município de Itapipoca em 1992 e deputado estadual no estado do Ceará em 1982.
Nas pesquisas eleitorais para o pleito deste ano, Ciro aparece como o terceiro candidato com maior intenção de votos, atrás de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Entre os candidatos que se colocaram na posição de “terceira via”, Ciro é o que se mantém à frente na preferência dos eleitores entrevistados.
Constituinte Eymael (DC)
José Maria Eymael, de 83 anos, é o candidato que tentou por mais vezes se tornar chefe do Executivo no Brasil: ele disputa pela sexta vez o posto político. As candidaturas do candidato conhecido pelo jingle “Ey, ey, Eymael, um democrata cristão” foram todas disputadas pelo Partido Social da Democracia Cristã (PSDC), sigla criada por ele em 1995 e presidida pelo próprio desde 1997. Atualmente, o partido se chama apenas Democracia Cristã (DC).
O candidato disputa as eleições deste ano em uma chapa pura com o também democrata cristão João Barbosa Bravo, conhecido como Professor Bravo. Eymael não pontuou, até então, nas pesquisas eleitorais já divulgadas.
Eymael é de Porto Alegre (RS) e é formado em filosofia e direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). O interesse político começou em 1962, quando se filiou ao Partido Democrata Cristão (PDC), no qual militou no núcleo Juventude Democrata Cristã. A sigla foi extinta em 1965, por meio do Ato Institucional nº 2, da Ditadura Militar, que extinguiu e desativou partidos, em uma repressão política severa.
Além das candidaturas à Presidência, Eymael já concorreu a deputado estadual de São Paulo, em 1982, e a prefeito de São Paulo, em 1985. Em 1986 ocupou pela primeira vez um posto no Legislativo, como deputado federal constituinte — cargo pelo qual foi reeleito em 1990.
Felipe D’Avila (Novo)
Luiz Felipe Chaves D’avila, de 58 anos, é o segundo candidato do Novo para a Presidência desde a fundação da sigla, em 2015 — João Amoêdo foi o primeiro, em 2018. Felipe é cientista político e empresário, e disputa, pela primeira vez, um posto público. Quem o acompanha na estreia da disputa presidencial é Tiago Mitraud, deputado federal por Minas Gerais também pelo Novo.
Natural de São Paulo (SP), Felipe aparece como sócio-administrador de ao menos oito empreendimentos e diretor de duas. Entre as empresas, estão uma de geração de energia com fontes sustentáveis, uma de cultivo de milho e uma plataforma digital de jornalismo de dados. Ele é autor de nove livros com temas políticos e históricos.
Nas eleições deste ano, D’Avila é o candidato com maior patrimônio declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE): são mais de R$ 24,6 milhões em bens, entre participações societárias, casas e aplicações de renda. Até o momento, D’Avila não pontuou nas pesquisas eleitorais.
Jair Bolsonaro (PL)
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL) disputa a reeleição no pleito deste ano. Desta vez, o chefe do Executivo, de 67 anos, concorre pelo Partido Liberal — em 2018, ele ganhou pelo Partido Social Liberal (PSL) — com o general Braga Netto, que substituiu o atual vice-presidente Hamilton Mourão.
Natural de Glicério (SP), Bolsonaro se tornou presidente após vencer, no segundo turno, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) Fernando Haddad, em 2018. O mandatário se tornou presidente após 28 anos como deputado federal pelo Rio de Janeiro. Antes da Câmara, ele já ocupava um posto público como vereador do Rio de Janeiro (1989-1991).
A carreira política começou 16 anos após o início da carreira militar de Bolsonaro, única ocupação oficial exercida pelo presidente além da política pública. Ele se formou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1977 e depois atuou nas áreas de artilharia de campanha e paraquedismo.
No pleito deste ano, Bolsonaro aparece como segundo colocado nas pesquisas eleitorais, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Léo Péricles (UP)
Leonardo Péricles Vieira Roque, de 40 anos, é o representante do Unidade Popular (UP) na corrida presidencial deste ano. Natural de Belo Horizonte (BH), ele é o único homem preto na disputa, que é majoritariamente ocupada por homens e mulheres brancas — além de Leonardo, Vera Lúcia, do PSTU, se declara preta.
Na disputa para o pleito deste ano, ele é acompanhado por Samara Martin da Silva, também do UP. Léo, que é técnico em mecatrônica, nunca ocupou um cargo político, mas é ativista social desde a adolescência. Organizou e presidiu a Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (AMES-BH) e foi um dos responsáveis pela conquista do passe livre estudantil.
Também atua no Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB), a favor da moradia digna, assim como no próprio Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), em Belo Horizonte. Em 2008, ele concorreu a uma vaga de vereador na capital mineira e, em 2020, foi vice de Áurea Carolina (Psol) na corrida pela Prefeitura de BH.
Lula (PT)
Natural de Garanhuns (PE), Lula tem histórico na luta sindical e pelos direitos dos operários do ABC paulista. Além disso, foi uma das lideranças do movimento Diretas Já, no período da redemocratização. O primeiro posto político ocupado por ele foi o de deputado federal por São Paulo, em 1986.
Logo depois, por três eleições, disputou a Presidência da República, mas saiu derrotado. Em 2002, saiu vitorioso do segundo turno das eleições contra José Serra e se tornou chefe do Executivo.
Lula foi responsável pela consolidação do Bolsa Família e o Fome Zero, além de outras políticas públicas para promoção da educação no país. Após ser reeleito, em 2006, deixou o cargo em 2011 para a sucessora, Dilma Rousseff, também do PT.
Em 2017, foi condenado em primeira instância por Sérgio Moro, então juiz federal, no âmbito da Operação Lava Jato, por corrupção e lavagem de dinheiro. Em abril de 2018, foi preso e permaneceu assim até novembro de 2019, quando o STF decidiu que a execução da pena só deveria ocorrer com o trânsito em julgado de um processo.
Em março de 2021, Lula recuperou os direitos políticos após uma decisão do ministro Edson Fachin, do STF, anular as condenações na Lava Jato por considerar Sérgio Moro incompetente para julgá-lo, já que era ex-presidente. Nas pesquisas eleitorais do pleito deste ano, Lula aparece como líder, à frente do presidente Bolsonaro.
Roberto Jefferson (PTB)
Ex-presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e dono de uma carreira política extensa, Roberto Jefferson solicitou ao TSE o registro da candidatura para permitir que ele concorra à Presidência da República. Filho e neto de políticos, Jefferson é natural de Petrópolis (RJ), formado em direito e foi deputado federal por seis mandatos consecutivos, entre 1983 e 2005.
O ex-parlamentar está em prisão domiciliar desde janeiro deste ano após ter sido detido, em agosto de 2021, por envolvimento em uma suposta organização criminosa que atua em redes sociais para atacar a democracia. A ordem de prisão foi feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
No entanto, não é essa prisão que pode deter a participação dele na corrida pela cadeira de chefe do Executivo. Em 2012, Jefferson foi condenado pelo STF a uma pena de 7 anos e 14 dias de prisão por participar do Mensalão — esquema delatado por ele.
O ex-deputado foi preso em fevereiro de 2014, mas, após um indulto natalino editado pela então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015, a defesa do ex-deputado solicitou o perdão da pena ao STF, em 2016, o que foi concedido por Luís Roberto Barroso.
No entanto, apesar do perdão e da liberação da pena, a lei eleitoral afirma que condenados em ações criminais— por decisão colegiada por pela última instância sem direito a recurso — se tornam inelegíveis. Agora, a Corte Eleitoral terá até o dia 12 de setembro para julgar definitivamente o pedido de Roberto e outros no mesmo caso.
Quem o acompanha na possível candidatura como vice-presidente é Padre Kelmon, também do PTB.
Simone Tebet (MDB)
Senadora pelo Mato Grosso do Sul (MS), Simone Tebet (MDB) é uma das quatro candidatas à Presidência ao pleito deste ano. Ela forma, junto à candidata à vice-presidência Mara Gabrilli (PSDB), uma das duas chapas exclusivamente femininas desta eleição — a outra é composta por Vera e Raquel Aguiar Santos, do PSTU.
A parlamentar de 52 anos é mestre em direito e já atuou como professora. Na política, ela ocupa cargos públicos desde 2002, quando se tornou deputada estadual pelo estado natal. Depois, foi prefeita de Três Lagoas por dois mandatos consecutivos, entre 2004 e 2010; vice-governadora entre 2010 e 2014, quando conquistou o posto de senadora.
Tebet é filha de Ramez Tebet, ex-senador e ex-presidente do Congresso Nacional. Em entrevistas, ela afirma ter sempre estado entre políticos e conhecer o Legislativo— antes mesmo de ocupar um cargo público, foi consultora técnica jurídica e diretora técnica legislativa na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul entre 1995 e 2001.
É a primeira vez que a parlamentar disputa a chefia do Executivo. Nas pesquisas eleitorais, Tebet tem registrado entre 1% a 2% das intenções de voto.
Sofia Manzano (PCB)
Sofia Padua Manzano, de 51 anos, é a representante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) na corrida à Presidência da República. Doutora em história econômica, ela é filiada ao partido desde 1989. Integrou o Comitê Central da Reconstrução Revolucionária do PCB, reorganizou a União da Juventude Comunista e foi responsável pela interação com outros grupos militantes da Colômbia, Argentina, Portugal e Cuba.
Manzano também participou do Movimento Estudantil e do movimento sindical, na área de direito dos professores. A economista nunca ocupou um cargo público, mas foi candidata à vice-presidente do país em 2014, junto a Mauro Iasi.
Sofia disputa o pleito deste ano ao lado do jornalista Antônio Alves, também do PCB.
Soraya Thronicke (UB)
Soraya Vieira Thronicke, de 49 anos, é senadora pelo Mato Grosso do Sul e concorre, pela primeira vez, à Presidência da República. Natural de Dourados (MS), Soraya representa o União Brasil (UB) no pleito deste ano. A parlamentar é advogada e, junto com a família, é dona de uma rede de motéis no estado natal. Em 2018, ela declarou apoio a Bolsonaro e é apoiadora das pautas do presidente. O cargo de senadora é o primeiro de cunho político ocupado por ela.
A sul mato-grossense disputa a corrida presidencial ao lado do professor Marcos Cintra.
Vera Lúcia (PSTU)
A pernambucana Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado, de 54 anos, completa a lista de 11 candidatos à Presidência da República como a única mulher negra na disputa. Ela também compõe uma das duas chapas exclusivamente femininas do pleito deste ano — Simone Tebet e Mara Gabrilli formam a outra —, junto a indígena e professora Raquel Aguiar Santos.
Vera representa o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), sigla na qual está filiada desde 1994, quando ajudou a fundá-la. No entanto, Vera começou a participar da vida política aos 19 anos, quando se tornou parte do movimento sindicalista. Formada em ciências sociais, ela se tornou filiada, pela primeira vez, ao Partido dos Trabalhadores, no início da década de 90.
Em 2004, se candidatou, pela primeira vez, a um cargo político: ela se tornou uma opção pelo PSTU para ocupar a cadeira de prefeita de Aracaju — posto que ela voltou a concorrer em 2008, 2012 e 2016. Em 2006 e 2014, ela tentou se tornar deputada federal pelo estado sergipano. Em 2010, foi a vez de Vera tentar ser governadora de Sergipe.
Foi em 2018 que a cientista social concorreu pela primeira vez à Presidência da República. Em 2020, ela tentou ser prefeita de São Paulo. No pleito deste ano, Vera aparece nas pesquisas eleitorais com 1% das intenções dos votos.