O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, confirmou na manhã desta terça-feira, 27, que vai assumir o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. O anúncio foi feito pelo próprio Ciro pelo Twitter, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Acabo de aceitar o honroso convite para assumir a chefia da Casa Civil, feito pelo presidente Jair Bolsonaro. Peço a proteção de Deus para cumprir esse desafio da melhor forma que eu puder, com empenho e dedicação em busca do equilíbrio e dos avanços de que nosso país necessita”, escreveu o senador.
A reunião confirma a reforma ministerial anunciada por Bolsonaro na última semana. Após o encontro no Planalto, Ciro compartilhou uma foto em que, além de Bolsonaro, também aparecem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e os ministros Ramos, Fábio Faria (Comunicações) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo).
“Tenho certeza também de que contaremos com o apoio do meu querido amigo Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, nessa honrosa missão”, disse o senador, na publicação.
Ao deixar o Planalto, Ciro apenas afirmou que a posse deve ser “o mais rápido possível” e confirmou a recriação do Ministério do Emprego.
A recriação do antigo Ministério do Trabalho, extinto por Bolsonaro ao tomar posse, faz parte do arranjo para nomear Ciro.O novo ministro substitui o general Luiz Eduardo Ramos, que foi deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência.
Já Onyx Lorenzoni – antes na Secretaria-Geral – comandará agora o ministério do Emprego e Previdência, que será criado com o desmembramento de funções sob hoje sob o guarda do Ministério da Economia. Nogueira assume sob a desconfiança da ala militar do governo, que vem perdendo espaço no Planalto.
O encontro entre Ciro e Bolsonaro deveria ter ocorrido na tarde desta segunda-feira, 26, no entanto, o senador, que estava no México, enfrentou problemas técnicos com o voo e a data da reunião foi alterada.
Com a confirmação, Ciro deve buscar a reconciliação com o Judiciário e se tornar um novo interlocutor entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, como chefe da Casa Civil, Nogueira planeja chamar todos os interlocutores importantes do Parlamento para uma rodada de conversas. O novo ministro passou o fim de semana telefonando para colegas de partido e pedindo apoio na nova tarefa.
Apontado como um dos principais líderes do Centrão, Ciro Nogueira já se manifestou contra o voto impresso — a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em análise na Câmara dos Deputados é uma bandeira do Palácio do Planalto. Outro problema é que parte do PP, incluindo a Bahia, tem a intenção de apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.
Com a nomeação de Ciro para um cargo no núcleo duro do governo, Bolonaro contemplou o Senado – que até então não tinha cargos no ministério – e se aproximou ainda mais do Centrão. Além disso, Ciro é do Piauí e é na região Nordeste que Bolsonaro precisa conquistar apoio para enfrentar Lula, que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto.
As trocas de ministros serão publicadas no Diário Oficial da União e a criação da nova pasta de Emprego e Previdência ocorrerá por meio de uma medida provisória, que precisa ser confirmada pelo Congresso em até quatro meses. É o 24º ministério do governo Bolsonaro. O novo ministro da Casa Civil responde a cinco processos na Justiça. Entre eles estão inquéritos que investigam propina recebida da Odebrecht e da JBS.