O vereador Valdinei da Silva Caires, preso pelo desaparecimento de Beatriz Pires da Silva, teve o mandato cassado nesta quarta-feira (13), em uma sessão extraordinária realizada na Câmara de Vereadores de Barra de Estiva, no sudoeste do estado.
Beatriz foi vista pela última vez no dia 11 de janeiro deste ano, ao entrar no carro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município. De acordo com a delegacia da cidade, o veículo costumava ser usado pelo vereador Valdinei Caires. O corpo de Beatriz nunca foi encontrado. No dia 12 de julho, o Ministério Público da Bahia (MP-BA), denunciou o vereador pelo feminicídio de Beatriz, agravado por por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.
As investigações confirmaram que a vítima e o vereador tiveram uma relação amorosa. Ela tem um filho de 2 anos com ele e estava grávida de seis meses quando foi morta.
A acusação sustenta que a motivação do crime foi o fato de o vereador não aceitar que a vítima divulgasse que ele era o pai da criança, “tendo em vista que o vereador gozava de grande prestígio na cidade”. O vereador Valdinei Caires, preso no dia 21 de junho, começou a ser investigado após interceptações telefônicas.
O mandado de prisão preventiva, pelo crime de homicídio qualificado, foi cumprido por equipes da Delegacia Territorial de Barra da Estiva e da 20ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Brumado), na Praça Jackson Aguiar, no centro do município.
Valdinei Caires, que nega participação no desaparecimento, está no Conjunto Penal de Brumado.
Antes de desaparecer, Beatriz teria comentado com a mãe que faria uma viagem com o pai do filho dela. No entanto, a família não sabe quem é o homem, já que a identidade dele nunca foi revelada pela jovem.
“Quando eu perguntava quem era [o pai do filho de 2 anos], ela dizia que não ia complicar ninguém, porque a pessoa tinha muita confiança nela e ela não ia complicar. É tanto que agora, que ela está grávida de seis meses, eu voltei a perguntar e ela disse que não ia complicar”, explicou.
“Aí eu falei: ‘Já que você não quer me contar quem é, me diga ao menos se é o mesmo pai?’ E ela disse que sim. Ela tinha comentado antes, que ele queria que ela fizesse um aborto desse segundo bebê, que era menino também”.
Após o desaparecimento da filha, a mãe de Beatriz, Célia Pires ficou responsável por cuidar do neto. A criança, de acordo com a mãe de Beatriz, apesar de muita nova, tem apresentado mudanças de comportamento depois que a jovem não foi mais vista.
Investigado era presidente da Câmara
Então presidente da Câmara de Barra da Estiva, Valdinei Caires, renunciou ao cargo, no dia 8 de março. Mesmo longe da presidência, o parlamentar manteve suas atividades como vereador.
Segundo Valdinei Caires informou à produção da TV Sudoeste, a renúncia do cargo foi feita para não atrapalhar o andamento dos trabalhos legislativos do município. No dia 13 de fevereiro, ao menos 10 vereadores de Barra da Estiva protocolaram na Justiça um abaixo-assinado que pedia que o presidente da Casa renunciasse.
Valdinei estava afastado da Câmara de Vereadores após apresentar atestado médico de 15 dias, que expirou no dia 10 de fevereiro. Três dias depois, ele retornou aos trabalhos da presidência da Casa.
Na ocasião, a defesa de Valdinei Caires disse que repudiou às acusações contra o cliente e que, no estado democrático de direito, todos as pessoas estão sujeitas a serem investigadas, sobretudo quem se encontra na vida pública.
Ainda segundo a defesa do vereador, o parlamentar colaborou com as investigações e nada foi demonstrado sobre envolvimento de Valdinei Caires no desaparecimento de Beatriz.
Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na Câmara de Vereadores de Barra da Estiva, no gabinete de Valdinei Caires. Uma CPU e o carro em que Beatriz foi vista antes de desaparecer foram apreendidos.
Policiais civis também fizeram buscas, com uso de cães farejadores, na casa do vereador, na cidade de Barra da Estiva, no dia 6 de abril, mas a jovem não foi encontrada.
Do g1 Bahia.