Em campanha salarial há quase dois meses, os rodoviários de Salvador se reuniram em assembleia, na tarde desta terça-feira (22), após não entrarem em acordo com as empresas de ônibus sobre o pedido de reajuste dos salários. A categoria decretou greve por tempo indeterminado a partir da meia-noite de quarta-feira (23).
O encontro foi realizado no Sindicato dos Bancários, nos Aflitos. A Justiça determinou que 50% da frota circule nos horários de pico e 30% nos demais horários. O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira, disse que a decisão é ninguém ir para as garagens, mas quem for fazer piquete e tiver que trabalhar não vai cobrar passagem, ou seja, vai liberar as catracas dos coletivos.
Com o indicativo de greve após a última tentantiva de negociação entre rodoviários e empresários, a prefeitura de Salvador divulgou um plano de contigência para minimizar os impactos da paralisação para a população. O pedido inicial de aumento dos rodoviários era de 6%. Após mediação da Superintendência Regional do Trabalho (SRT) e Ministério Público do Trabalho (MPT), os trabalhadores reduziram para 5% e depois para 3%, mas não houve contraproposta dos patrões.
“Saímos de 6% para 3% , tentamos negociar o tíquete. Nós só queremos o que é nosso de direito. A categoria não pode aceitar as retiradas de direito, não podemos aceitar ganho zero”, disse Hélio Ferreira.
Com isso, os rodoviários sinalizaram a greve por tempo ideterminado e o MPT e SRT deixaram a mesa de negociação, alegando que, sem propostas do outro lado (patrões), não há como fazer negociação.
“Não houve proposta [das empresas]. Vamos defender a greve”, disse Hélio Ferreira, presidente do Sindicato dos Rodoviários.
O presidente do sindicato falou, ainda, que a categoria tentou acordo e diminui o máximo para que se fizesse um reajuste. O reajuste de acordo com a inflação seria de 1,9%, mas os representantes das empresas alegam que não têm condições de oferecer nenhum aumento.
O assessor de relações sindicais do Consórcio Integra, Jorge Castro, informou que o reajuste não poderá ser concedido porque o sistema de transporte da capital baiana passa por problemas financeiros e acumula prejuízos.
Conforme Castro, o prejuízo mensal do sistema é de R$ 10 milhões. Segundo ele, o faturamento mensal chega a R$ 77 milhões. No entanto, o custo para manter o transporte é de R$ 87 milhões.
O principal fator apontado pelos donos das empresas, como um dos motivos para esse prejuízo é a integração com o metrô, uma vez que 80% dos passageiros de ônibus da capital baiana são advindos desse modelo de transporte.
O prejuízo com a integração se dá porque, do total do valor da tarifa, que é de R$ 3,70, as empresas de ônibus ficam com R$ 1,46. Esse valor representa menos de 40% do total da passagem. Nos casos de meia passagem, o valor recebido pelos donos das empresas é de R$ 0,73.
Além disso, a expectativa mensal de passagens pagas nos ônibus da capital não é suprida. Dos 28 milhões esperados, os ônibus de Salvador têm recebido apenas 21 milhões e 820 mil.
Outros fatores apontados para os prejuízos no sistema de transporte estão a crise econômica, o volume de gratuidades, – incluindo a de policiais militares e trabalhadores dos Correios -, o transporte clandestino e a regulamentação dos taxistas.
O último reajuste dos rodoviários ocorreu em maio de 2017. Na ocasião, a categoria desistiu de entrar em greve após aceitar aumento de 5% nos salários. A proposta foi colocada à mesa em reunião com os patrões pela Superintendência Regional do Trabalho e Ministério Público do Trabalho (MPT), que fez a mediação do acordo.
A tarifa de ônibus em Salvador custa R$ 3,70. Esse valor passou a valer no dia 2 de janeiro deste ano. Antes era R$ 3,60.
Transporte intermunicipal
Os trabalhadores do transporte intermunicipal e fretamento não entrarão em greve, pois fizeram um acordo com as empresas de transporte na tarde desta terça-feira, segundo informou a Superintendência Regional do Trabalho na Bahia (SRT), mediadora da negociação.
Os trabalhadores e representantes das empresas assinaram um acordo e chegaram a um entendimento que contempla reajuste salarial e no ticket alimentação de 2,7%, retroativo a 1º de maio, pagamento por parte das empresas da renovação da carteira nacional de habilitação de todos os motoristas associados, com o desconto nos vencimentos dos empregados em dez parcelas mensais fixas a partir do mês seguinte à realização da despesa e a manutenção das conquistas anteriores.
Além da Superintendência, assinaram o acordo, o Ministério Público do Trabalho (MPT), Sindicato de trabalhadores em transporte intermunicipal do Estado da Bahia (SINDINTER), Sindicato dos trabalhadores em empresas de locadoras, fretamento e turismo do Estado da Bahia (SINDFRETUR) e Sindicato de Trabalhadores em transporte rodoviários de passageiros urbanos, intermunicipais, interestadual de Feira de Santana (SINTRAFS), Sindicato das empresas de transporte rodoviário de passageiros do estado da Bahia (SINTRAN) e Sindicato das empresas de transportes de fretamento e turismo do Estado da Bahia (SINFRET). *Com informações do G1.
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