A cidade baiana de Cravolândia, registrou na terça-feira (27) a sua primeira morte decorrente da covid-19. Com isso, todos os municípios da Bahia já tiveram vítimas fatais da doença que provoca uma pandemia global.
Cravolândia é uma pequena cidade de 5 mil habitantes, situada a 320km da capital. Cortado por duas rodovias estaduais, a BA-550 e a BA-120, o município faz divisa com Santa Inês, Ubaíra, Itaquara e Wenceslau Guimarães, que registraram mortes por coronavírus meses antes.
A primeira vítima foi uma idosa de 93 anos que não tinha comorbidades, apesar da idade avançada. Ela testou positivo há 17 dias e estava programada para receber a segunda dose da vacina nesta quinta-feira (28).
A vítima era mãe da secretária de Saúde do município Ednalva de Oliveira Mendes. A chefe da pasta revelou que após a Semana Santa o número de casos disparou na cidade e agora já somam 236, além de outros 48 à espera do resultado do teste.
“O número de infectados aumentou assustadoramente após a Semana Santa por conta das pessoas que vieram visitar os parentes. Já perdemos o controle e estamos transferindo pacientes para outras cidades com hospitais mais equipados”, revela Ednalva. Cravolândia não conta com centros médicos de ponta e não possui respiradores.
Por conta do aumento exponencial, diversas medidas de isolamento foram adotadas na cidade. Aos fins de semana, lockdown. A feira, que tradicionalmente ocorria aos sábados, foi transferida para as sextas. Bares, restaurantes e lanchonetes também foram fechados.
Evolução da doença
Por causa do avanço progressivo da covid-19 no estado, no início deste ano a Bahia tinha apenas 20 cidades sem registro de mortes. Um mês depois, em fevereiro, o número já tinha caído para sete. No início de março, eram apenas três: Tanque Novo, Catolândia e Cravolândia. No dia 28, Tanque Novo registrou a primeira morte e, em pouco mais de 15 dias, saltou para quatro óbitos. Catolândia registrou o primeiro óbito na última quinta-feira (8).
Cravolândia registrou o primeiro caso da doença em 07 de abril de 2020 – um comerciante que viajou para Salvador e voltou contaminado -, mas para evitar que o vírus se espalhasse, a secretária Ednalva explica que foi logo adotado isolamento dos contaminados e controle de acesso ao município com quatro barreiras sanitárias.
Duas das barreiras foram fechadas em novembro de 2020. Logo depois, os casos na cidade começaram a aumentar, segundo o professor Washington Rocha. “As ações que eles dizem ter feitos funcionam. Mas é interessante observar que, logo no início de dezembro, após duas barreiras terem sido fechadas, começa a aumentar os casos”, diz.
As outras duas barreiras funcionam até hoje e servem para controlar a entrada de pessoas na sede do município, que tem cerca de 3 mil habitantes, segundo a prefeitura. Cravolândia tem ainda uma extensa zona rural dividida em 14 povoados. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 5,4 mil habitantes.
“É uma cidade pequena, aconchegante e tranquila. Não tem violência. Na zona rural as pessoas não viajam muito. Os casos que temos são, geralmente, de pessoas de fora que vão visitar parentes. Se a população não recebesse visita, a gente não precisaria se preocupar. Não é à toa que os casos aumentam após um período de festa. Agora mesmo teve Semana Santa e muita gente de fora veio visitar familiares”, lamenta a secretária.
No Brasil, a primeira morte por covid-19 foi registrada no dia 12 de março de 2020, uma mulher de São Paulo. Já na Bahia o primeiro óbito ocorreu em 29 de março: um idosos de Salvador. *Com informações do Correio.