Após as famílias terem sido desalojadas da Fazenda do Governo do Estado, onde funcionava a sede da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola- EBDA- sede de Jaguaquara, pois a fazenda é situada no território de Jaguaquarense. Após a justiça cumprir a ordem de reintegração, atendendo ao pedido da prefeitura de Itiruçu, sob gestão da prefeita Lorenna Di Gregorio, o líder do MST da chapada, Abraão Brito, onde também representa os assentados na região, comentou a situação ocorrida ao Itiruçu Online, defendendo o direito de as famílias lutarem pela divisão das terras. Abrão disse que a prefeita de Itiruçu não gosta do povo e que apoiou uma desocupação truculenta.
– “As famílias estão revoltadas com a prefeita, pois ela é da base do governo, ela dependeu a vida toda desse povo para ganhar suas eleições e todos foram eleitores dela, mas o preço que o povo paga é que, amanhã é o feriado da Semana Santa, e as famílias estão despejadas a beira de estrada desde hoje. Como foi ela quem pediu a reintegração de posse, poderia ter pedido para retirar as famílias depois da semana santa, mas não, ela botou a Polícia nesse despejo violento para retirar as famílias e deixá-las em situações de vulnerabilidade, sem ter para onde ir. O que a prefeita estar fazendo é um crime, pois as pessoas vão passar a semana santa sem ter onde ficar. A gente insiste em dizer mais uma situação: a gente sabe quando cristo foi morto, e que a sexta-feira santa é uma data simbólica do sofrimento de cristo, quando pegaram Jesus e entregaram aos malfeitores, e a prefeita fez a mesma situação; é como pegar nosso povo para desgraçar com a vida deles”, – disse.
No que tange ao despejo violento, sem haver resistência das famílias, é que os assentados tiveram seus barracos e roças destruídos na ação.
– “A prefeita mandar a Polícia fazer um despejo violento mostra que ela não gosta do povo de Itiruçu, pois se ela gostasse, não coloria a polícia para agir como agiu no local, com as famílias que trabalham e que geram lucro e renda para o município quando tem o lugar de trabalhar. Elas só querem a terra para trabalhar e produzir comida, mas enfim, a prefeita deveria ter sensibilidade de ter chamado o povo para conversar e dividir o pedaço de terra, pois são 100 hectares. Ela poderia ajudar a dividir para o povo, ficariam com uma parte e o restante para o povo trabalhar na terra, mas ela não topou, não quis acordo e despejou às famílias”, concluiu. –
Importante saber sobre o movimento
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil, tendo como foco as questões do trabalhador do campo, principalmente no tocante à luta pela reforma agrária brasileira. Como se sabe, no Brasil prevaleceu historicamente uma desigualdade do acesso à terra, consequência direta de uma organização social patrimonialista e patriarcalista ao longo de séculos, predominando o grande latifúndio como sinônimo de poder. Desta forma, dada a concentração fundiária, as camadas menos favorecidas como escravos, ex-escravos ou homens livres de classes menos abastadas teriam maiores dificuldades à posse da terra.
Atualmente, depois da extrema direita ter governado o País, voltou a alimentar o sentimento de ódio contra os membros do movimento que lutam por terras e, consequentemente, levando muitas pessoas a comentarem o assunto no escuro, baseados na manipulação das massas com ideias de patriotismo, Deus e Família, mas fora do contexto social do respeito as lutas do próximo, que almeja para uma agenda de erradicação da miséria e da desigualdade, valorizando a função social da terra. Assegurar os direitos do trabalhador do campo é, ao mesmo tempo, defender sua dignidade enquanto brasileiro.