É nítida a dificuldade que as pessoas têm hoje em se expressar por meio de textos. Percebemos que é um grande desafio ordenar palavras e dar sentido às ideias que queremos compartilhar com nossos interlocutores. Usando gírias, repetição de palavras, erros de ortografia e abreviaturas na escrita ou fala, muita gente sofre para escrever textos com lógica e coerência no mundo corporativo.
O fato das pessoas utilizarem textos poucos elaborados na comunicação falada e escrita não significa que elas não estejam se comunicando com competência com os demais, mas indica que está nascendo uma forma de se expressar distante das normas cultas e referências literárias.
Em determinados círculos profissionais e níveis hierárquicos, a incompetência na articulação falada e escrita tem seu preço: ela pode limitar o crescimento na carreira, restringir promoções, diminuir a autoestima e aumentar a sensação de exclusão de um profissional. A pobreza no vocabulário repele oportunidades: apesar das mídias digitais e inovações tecnológicas, ainda dependemos da coerência das palavras para fecharmos negócios e parcerias.
Nas redações que observamos nas redes sociais, e-mails, trabalhos acadêmicos e conversações ficam explícitas as dificuldades de articulação da maioria dos brasileiros segundo os padrões formais da língua. Temos algumas hipóteses para esse fenômeno:
– Desde cedo, as escolas obrigam os alunos a lerem “livros clássicos da literatura portuguesa e brasileira” que – aparentemente – não têm conexão com o cotidiano dos jovens.
Resultado: os alunos passam a odiar leituras de qualquer natureza. Segundo eles, a literatura é “chata e difícil de compreender”. Ficam com ojeriza às palavras.
Dica: oferecer textos mais dinâmicos, interativos e contemporâneos para os jovens.
– A leitura não foi estimulada no Brasil desde a época da colonização. Somente a elite tinha acesso aos livros.
Resultado: até hoje as famílias brasileiras não criaram o hábito da leitura. Há desinteresse e indiferença ao universo escrito. Livros servem para decorar estantes. O acesso à cultura começa em casa. No Japão, a versão impressa do jornal Asahi Shimbun é lida por mais de 12 milhões de cidadãos diariamente.
Dica: comece a ler agora os assuntos que lhe interessam. Leitura é prazer.
– Ler é um processo cansativo se comparado com as mídias digitais.
Resultado: as pessoas leem somente o “resumo dos resumos” na internet e ficam com preguiça de ler conteúdos mais complexos. Internet, vídeos, sons, multimídia são mais envolventes que a leitura.
Dica: leitura, como qualquer hábito, exige concentração e disciplina. Acostume-se à prática e “curta” a experiência.
Quem não lê, não escreve. Se você conseguiu ler esse artigo até o fim, é um bom começo. Fim da mensagem.
Artigo de Marcos Gross Scharf
Diretor da McGross – treinamento e consultoria
Mestre e especialista em Gestão de comunicação