RESUMO- O presente trabalho de conclusão de curso desenvolverá uma abordagem acerca do jornalismo ético, tema central do texto. Esse estudo será dirigido com a justificativa que nos dias atuais, com o advento da tecnologia e os novos métodos midiáticos, as notícias falsas se tornaram comuns no cotidiano, ainda mais quando se trata de política, como se dá o exemplo da famosa “Fake news”. Assim, será preciso discutir o que é ética e como ela deve ser direcionada dentro dos jornais, uma vez que suas consequências podem ser negativas e afetar a dignidade de alguém. O objetivo, portanto, se dá através de conhecer e propor formas de evitar essa problemática. A metodologia utilizada para a criação desse trabalho é a pesquisa descritiva de cunho bibliográfico. Foram selecionados autores e obras que abordam o tema estudado e consultadas as plataformas de postagem de conteúdo acadêmico: Scielo e Google Acadêmico na busca por materiais de apoio no processo de escrita.
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo. Ética. Política. Tecnologia. Fake news.
1 INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade, existem diversos aspectos a serem tratados, dentre eles, a verdade. O jornalismo, em seu conceito inicial, deve-se ater a informar seu público de determinado conhecimento, sem omitir os fatos (censura) e ser verídico. Por mais que na teoria essa seja a resposta correta, na prática nem sempre acontece, o que ocasiona a famosa fake news, essa muito comum nas zonas eleitorais e entre os políticos.
A fake news é um termo estrangeiro, mais comum nos Estados Unidos (principalmente nas acusações do Donald Trump durante seu período como presidente), mas que infelizmente se tornou mundial e é visto em todos os lugares, inclusive no Brasil. Nas eleições de 2018 durante as campanhas de Bolsonaro e Haddad aconteceu bastante, já que um alegava que o outro estava usufruindo de notícias falsas para se sobressair. Esse método é configurado como crime, no entanto, deve ser combatido desde a sua fonte para ter eficácia: os jornalistas. Eles devem presar por sua honra quando forem produzir notícias.
Nesse mesmo sentido, o objetivo geral deste trabalho é de promover uma argumentação através do jornalismo ético. Pretende-se, de forma específica para atingir os objetivos: Conceituar o jornalismo e a ética; discutir sobre as crises éticas no jornalismo; Sintetizar o efeito negativo das fake news para o cenário jornalístico.
Assim, a justificativa plausível para a elaboração do estudo se deve ao fato de que é necessário, dentro da ética, apresentar a verdade e suas características, por mais dolorosa que seja de um modo negativo. Quando positivo, também deve ser feita de modo integral, visando não manchar a reputação de uma pessoa limpa com mentiras. Portanto, ao longo do texto será respondida a seguinte problemática: De que forma a ética jornalista deve ser aplicada para evitar as fakes News e suas repercussões?
A metodologia utilizada para a criação desse trabalho é a pesquisa descritiva de cunho bibliográfico. Foram selecionados autores e obras que abordam o tema estudado e consultadas as plataformas de postagem de conteúdo acadêmico: Scielo e Google Acadêmico na busca por materiais de apoio no processo de escrita.
2 O JORNALISMO E A ÉTICA
O jornalismo é baseado no interesse e na confiança de seu público. Depende da lealdade e das crenças das pessoas. A melhor maneira de encontrá-los e possuí-los é trabalhar com responsabilidade. Christofoletti (2012) acredita que somente compartilhando símbolos e seus significados de forma eficaz um produto compreensível pode ser fornecido. Seja com base em depoimentos pessoais, documentos ou relatórios baseados na fonte, a verdade pode ser vista em sua referência; dados e fatos.
Segundo Karam (2014), para a obtenção de notícias, o caminho mais correto é o de utilizar métodos de verificação legal sem que princípios éticos de obtenção da informação tenham sido corrompidos, uma vez que a sociedade em si anseia por algo interessante e polêmico, mesmo que não seja verdade. Esse é um dos pontos principais que as notícias falsas vêm a surgir.
Geralmente ao ler, ouvir ou assistir a reportagens, os consumidores de notícias acreditam que por trás das ações profissionais existem preocupações com regras e regulamentos que fornecem espaço e suporte à liberdade de imprensa, ou seja, independente do que é dito, é a verdade absoluta. A sociedade acredita que os produtos jornalísticos não são criações aleatórias ou ficções, e que o que se diz é real, além disso, as histórias são fragmentos corretos e os jornalistas usam seus recursos técnicos para reconstruí-las da maneira mais fiel e responsável possível. (MORAES, 2011)
Primeiramente, o jornalista executa essa operação no processo de descoberta de fatos e, em seguida, escolhe o que considera mais importante, primeiro usando recursos simbólicos para compreensão e, finalmente, faz a disseminação. Existe uma relação de confiança, um contrato em que ele é o responsável pelas ações que gera credibilidade e promove o público. Este é um tratado que não pode ser quebrado. Bilbeny (2012) enfatizou: “Se a imprensa tem o privilégio e o direito de decidir o que dizer, se espera que por meio da comunicação, a imprensa possa informar e publicar com precisão conteúdos de interesse social” (Bilbeny, 2012, p.51).
A ética rege este processo em todos os aspectos. A responsabilidade moral permite a integração permanente entre a mídia e o público, e possibilita ao jornalismo cumprir seu papel como forma de conhecimento e um saber único, justamente porque as informações que fornecem não devem ser capturadas e adaptadas apenas às suas restrições temporais e espaciais dos meios. Mesmo sendo uma realidade cruel, ainda é movida pelos interesses de grupos políticos e econômicos e precisa de debate e resistência. A ética das notícias pode continuar a resistir a essas pressões, que usam a credibilidade e os contratos de confiança delas em apoio a grupos sociais. (DEL SENT E DA SILVA, 2020)
Karam (2014) enfatiza a luta entre seus limites e sua realização. Segundo o autor, os limites cotidianos das notícias carregam a tensão entre a possibilidade de realizar a ética e a dificuldade de operação teórica de implementar princípios, ou seja, o movimento moral sempre existe. Porém, neste momento, a abstração e a generalização precisam transpor as circunstâncias específicas do trabalho do repórter, que se depara com dificuldades e dúvidas, e precisa escolher o caminho mais correto de acordo com a dimensão pública de sua atividade. (2014, página 52).
Ao enfatizar o papel social da ética, Bilbeny (2012) estabelece sua relação com a justiça. Para ele, esses dois são intermediários entre as pessoas. A justiça é a parte central da moralidade, porque dirige as ações de todas as virtudes, e essas ações governam as atitudes das pessoas umas em relação às outras. Refere-se aos princípios básicos de justiça, igualdade e unidade, e tem buscado uma sociedade mais justa e fraterna, estabelecendo cada vez mais normas de construtores de pessoas livres e unidas.
“A moral busca a libertação pessoal e social e a injustiça das pessoas”. Segundo Karam (2014, p.28), “outras relações pessoa-a-pessoa” fazem afirmações sobre leis e morais significativas porque estão vinculadas a compromissos coletivos, e as relações interpessoais que surgem na sociedade levam à autonomia. Reconhecimento e compromisso com a autonomia de todos.
Conceitualmente, Cerqueira (2010) enfatizou que a ética é uma ciência moral. Isso é teórico, segundo o autor, é uma explicação e investigação de tipo empírico e uma forma de comportamento moral humano, mas é considerada na perspectiva do todo e da diversidade. Sua tarefa é explicar conceitos morais eficazes, esses comportamentos humanos e seu comportamento em um tempo e espaço específicos. “O valor da ética como teoria reside no que ela explica, não em prescrever ou fazer recomendações para ações em situações específicas” ainda segundo o mesmo autor.
Ele acredita que, embora teoricamente falando, não pode ser reduzido a um conjunto de normas e regulamentos. Para Karam (2014), a moralidade cumpre a tarefa de fiscalização pública da própria sociedade, enquanto a moral cumpre a função de legalização ao questionar a própria norma. Da mesma forma o autor apontou que embora a moralidade esteja relacionada a uma série de normas refletidas no comportamento, na cultura e no tempo, para autores como ele, ela é uma reflexão sobre o mundo dos homens.
No que diz respeito à profissão de jornalista, as questões éticas e morais estão claramente refletidas no código moral. Nas palavras de Karam (2014, p.34), deontologia é “a cristalização temporária do mundo moral, verificada por meio da reflexão moral, normas sociais específicas, princípios formais e, em alguns casos, normas jurídicas”.
Bilbeny (2012) analisou o conteúdo das regras e normas morais propostas para o trabalho dos jornalistas, apontou quatro eixos, delineou os rumos da ética da notícia, e o que se entende e pensa sobre a relação entre ética e notícia. São eles: missão da empresa, liberdade de informação, honestidade como obrigação fundamental e respeito pelas pessoas como limite.
2.1 As crises éticas do Jornalismo
Certos setores da sociedade suspeitam que haja problemas com as reportagens da mídia, seja por comportamento excessivo ou silencioso, unilateral, falta de compromisso com a verdade sobre o horizonte e falta de transparência, que levam o público a questionar a ética. (DEL SENT E DA SILVA, 2020)
Por outro lado, os jornalistas tendem a evitar debates, dar motivos e apontar o dedo ao objetivo obtido como motivo para a mídia. Porém, o que se deve dizer é sobre o nascimento do comportamento, que requer reflexão e mudança de direção.
Cerqueira (2010) registrou que somente formando o processo dialético do movimento da ética profissional e reconhecendo a importância social do jornalismo, “pode-se criar condições para a realização da tecnologia profissional, política, ética e moralidade”. Para o autor, o direito social de saber inclui a diversidade de significados do mundo, incluindo palavras e imagens, notícias escritas e imagens de notícias.
Este direito passou por várias revelações contraditórias sobre esportes e comportamento humano. Isso não é causado por coisas arbitrárias, mas pelo conhecimento acumulado e fortalecido por diferenças e pontos de vista diversos. O jornalismo parte do mundo real para o de referência, para construir um mundo possível, de acordo com Moraes (2011). É uma representação institucionalizada da realidade, na qual várias forças exercem seus próprios interesses na luta pelos sentidos. Algumas pessoas são mais liberais e acreditam em múltiplas fontes, meios e formas. Outros se concentram no poder pessoal e, obviamente, desejam manter o status. Fazem isso sob o discurso de que tudo é produzido como uma missão, garantindo assim o direito do público de saber.
Devido à divergência convencional entre discurso e fatos, é difícil acreditar que eles serão completamente puros nas atividades noticiosas e irão permanecer calmos nas decisões de procedimentos éticos. Ao contrário, “conflitos” na busca de informações surgem constantemente. Em alguns períodos, a frequência é quase ininterrupta. Em jogo, nesse sentido, está o poder simbólico da informação.
Del Sent e da Silva (2020), acreditam que a luta pela liberdade de acesso à informação e liberdade de expressão enfrenta a questão da dominação há milhares de anos. Afinal, para sujeitos que não querem ser axiomas de subordinação, a informação é um requisito indispensável aos que querem ser deterministas. Portanto, o autor atribui tanta importância a ela como expressão de poder, controlando pensamentos e opiniões como fonte de lucro.
As questões éticas nas reportagens foram resolvidas de várias maneiras, incluindo questões de interesses comerciais e políticos, que aparecem em grandes grupos de mídia privados ou organizações públicas e estão sujeitas à interferência de partidos políticos. Nessa perspectiva, existe a busca de conseguir espaço para impor ideias, conceitos e histórias. É necessário despertar audiências públicas, e essas audiências devem aumentar periodicamente sua influência e a capacidade de expandir o espaço de poder. (CERQUEIRA, 2010)
Nesse ambiente, as preocupações morais estão sob tremenda pressão e vulnerabilidade. Para proteger o direito de saber, é preciso partir desse eixo e pensar nessa reorganização lógica (KARAM, 2014). O alerta é que a mídia precisa ser democratizada, e a origem, propriedade e regionalidade da mídia devem ser mais diversificadas. Segundo o autor, um horizonte distante, mas felizmente claro.
Informação significa ser mediada por uma espécie de ética, deve não apenas obedecer ao código de conduta, mas também refletir suas próprias teorias morais, e deve ser capaz de quebrar a moralidade conservadora, a legitimidade e a regra universal. Portanto, pode se basear em valores como a liberdade e humanos, pois alguns princípios o permitem, mas outros levam à erosão da contradição impossível entre o saber jurídico e a prática (KARAM, 2014 p.28).
Aliás, com o surgimento e implantação de novas tecnologias de informação e comunicação, essa abordagem vem provocando grandes mudanças na interface entre a imprensa e o mundo no sentido de se reconstruir. Mas seus objetos são os mesmos e a realidade que existe em múltiplas manifestações agora foi redistribuída em plataformas, segundo Reginato (2020)
A partir de agora, questões conceituais permanecem mais firmes como interesse público, relevância social, rigor de investigação e cautela na divulgação. Opina-se que na integração da sociedade da informação e da tecnologia no jornalismo, a importância duplica, isto é, o resultado da aplicação da teoria e da ética à prática profissional.
As questões relacionadas à ética jornalística são tão complexas que parecem não se enquadrar em uma única legislação ou norma profissional. As leis, os códigos morais e os regulamentos (como o ECA-Regulamentos da Infância e da Juventude) precisam de um diálogo para poder tratar “esta ou aquela” informação, este ou aquele fato na prática.
No entanto, há duas outras questões no jornalismo atual que mudaram a forma como os profissionais são vistos: primeiro, o entendimento real é substituído pela influência. Os jornalistas procuram notícias com impacto óbvio; voluntariamente criam clichês, slogans e manchetes para atrair e ajudar o público a se conectar facilmente e, assim, serem enganados em partes ou totalmente (REGINATO, 2020).
Nessa luta, a moralidade perde espaço para buscar influência direta porque mede o sucesso das notícias. A aproximação da autenticidade (a versão mais fiel) abre espaço para desvio moral em nome da visibilidade, fornecendo, assim, suporte do público para espectadores falsos. Outro ponto mais sério é que eles lançam as bases para a pós-verdade, ainda de acordo com Serra (2014).
Em segundo lugar, a pós-verdade geralmente é usada a partir do centro do poder. Em seguida, chega-se em um momento em que o jornalismo deve ser suficientemente crítico para condenar essas mentiras do poder. É importante ressaltar que o poder sempre quis manipular. O que aconteceu agora é que ele o fez de forma oculta.
Portanto, de acordo com Serra (2014) se não basta a construção de uma realidade distorcida movida por limites editoriais, ideológicos, interesses políticos e econômicos, os cidadãos se deparam com eufemismos e os jornalistas devem eliminar o mesmo todos os dias. Não irrita, nem se reproduz. Não se trata de heroísmo, mas de profissionalismo. Eles têm legitimidade, e se visam à autenticidade, contextualização, transparência e rigor dos métodos noticiosos. Essa é uma forma de diminuir o impacto da crise de confiança em torno do evento e fortalecer a ideia das notícias jornalísticas.
2.2 FAKE NEWS
Quando se tratam das notícias falsas, de acordo com Gelfert (2018) popularmente conhecidas como fake news, muitas são as questões abordadas, desde a sua origem, motivo e a consequência que ela irá promover a quem sofreu essa balburdia por meio da mídia. Assim, ao longo desse capítulo se entenderá todo o funcionamento do processo noticiário e onde se pode haver a fraude, ponto central do texto.
Logo, as múltiplas formas de tramas diárias requerem uma visão única sobre questões sem que haja o descuido de ela ser desviada e modificada por alguém que não esteja totalmente preparado. Mesmo quando a busca por informações de interesse público é ameaçada, discussões sobre a legalidade de jornalistas, jornalistas e imagens aparecem no palco da polêmica, ainda segundo o mesmo autor.
Existe, nesse tema, diversos direitos que devem ser citados. Dentre eles estão os direitos de propriedade, direitos de imagem, violação de direitos de privacidade e a falsidade da ideologia. Eles estão sendo constantemente ameaçados e vale lembrar que as regras de processamento da construção da informação são muito complicadas, pois “o movimento dos conceitos e a complexidade da reflexão moral não são adequados para a cristalização das normas. Os casos precisam ser revistos de acordo com as circunstâncias” (DEL SENT E DA SILVA, 2020)
Esse é um dos principais métodos de prevenir as notícias falsas de se disseminarem pela sociedade. Deve-se levar em conta que não são apenas estatísticas ou notícias, mas sim vidas em jogo. As vítimas desse crime horrendo são, na maior parte das vezes, pessoas sensíveis e sem culpa, podendo sofrer de forma injusta por algo que não fizeram. Não se devem existir exceções de forma alguma para que a notícia seja contada não mais do que a verdade. É um fato que boa parte dos jornalistas exageram nas suas manchetes buscando causar polêmica e despertar o interesse de seu público, porém o enredo principal deve ser sempre composto por verdades absolutas que podem ser provadas e comprovadas sempre que preciso for, conforme assevera Lazer (2018)
Por exemplo, quando o “propósito” com um reconhecido interesse público justifica os “meios” e os “meios” são corrompidos por comportamentos ilegais e fora das margens da moralidade social, os jornalistas devem ser julgados pelo que fizeram, uma vez que tal ato se torna antiético e, consequentemente, e um crime de fake news, ainda de acordo com Lazer (2018)
No caso dos Estados Unidos da América e do Brasil, nas suas últimas eleições observa-se um caso curioso. Jair Messias Bolsonaro e Donald Trump, dois amigos, não são os presidentes mais queridos de seus respectivos povos e, assim, por mais que suas intenções não sejam totalmente puras, elas ainda são distorcidas em uma espécie de notícias falsas. (ORSI, 2020)
Os jornalistas que buscam promover fama e interesse de seu público nas costas de outras pessoas não devem ser respeitados pelo seu trabalho, tendo que ter consciência e somente publicar aquilo que pode ser provado.
Existem várias questões que colocam a ética dos jornalistas nas “cordas bambas”, no entanto, algumas são principais. Elas são as fundamentadoras da tese e devem ser expressas a partir de: respeito pelos valores especiais de certas culturas, termos de consciência, confidencialidade das fontes, intervenção de jornalistas em conversas com criminosos, comunicação da cena do crime (como sequestro) e perseguição. No entanto, toma-se a liberdade de afirmar que não há terreno mais fértil para a crítica à ética do jornalismo do que a escolha da estrutura, a tentativa de imprimir verdades específicas e a aparência ideológica unilateral composta de falsa justiça e neutralidade. (ORSI, 2020)
Ferrés (2010) foi muito crítico neste ponto e enfatizou que nas democracias modernas, a liberdade de expressão depende da possibilidade de expressão. Diz:
A censura política é geralmente substituída pela censura econômica e autocensura em cada meio com base em seus próprios interesses. Mesmo nas democracias formais, existem filtros de censura derivados da concentração da propriedade da mídia e do sistema de seleção de profissionais, ajudando a manter as necessidades publicitárias dessas mídias e contando com as informações geradas pelo próprio governo ou instituições. Em todos os casos, são filtros, por isso mesmo os profissionais acreditam honestamente na objetividade de suas informações (FERRÉS, 2010, p. 67).
Ao contrário de alguns dos exemplos dados acima, o processo de construção simbólica (imprimindo posições ideológicas sobre determinados temas) imposto pela imprensa, movida por interesses comerciais e políticos, dá mais atenção do que nunca à credibilidade de certas empresas.
Esse problema agora parece mais óbvio devido à Internet e à multiplataforma social usada para obter informações. Quando o público tem acesso a outras fontes noticiosas, perde força o histórico processo vertical de divulgação de informação imposto pelos detentores da “verdade absoluta e única” da fonte e da época pelos principais grupos de divulgação, métodos de produção e difusão. As informações das notícias fornecem versões diferentes, trazem outros pontos de vista e colocam os consumidores das notícias na frente de outros fatos. (SILVA, 2016)
Isso quer dizer que nos dias atuais o jornalismo não se torna totalmente mais ético e imparcial, mas sim um derivado do que se pode ser apresentado de forma obrigatória, para não fugir do tema, com inúmeras gotas de opinião pessoal e empresarial, pelo motivo da grande concorrência que irá fazer de tudo para conseguir mais clicks do que os jornalistas tradicionais, de acordo com Lazer (2018).
Hoje, mesmo que a força de inserção e alcance seja pequena, a capacidade de gerar conflitos de informações é inimaginável em outros momentos. Novos canais e fontes de informação não só aumentaram as oportunidades de produção de conhecimento proporcionadas pelo jornalismo, mas eles permitem que leitores e ouvintes acessem diferentes versões de fatos, diferentes aparências e comparem a cobertura e a estrutura do relatório.
Assim, constata-se que é difícil investigar qual é a verdade absoluta deste ato, fortalecendo os aspectos das fake news e disseminando as notícias falsas. Como foi dito anteriormente, há vários meios de reprodução e eles têm concorrência entre si, logo, é necessário criar conteúdo “interessantes” e que satisfaçam aos seus clientes para saírem na frente no negócio.
Outro motivo para o erro de acordo com Gelfert (2018) é o monitoramento coletivo do escorregamento e uma possibilidade mais real de detecção de erros, porque o jornalismo “tradicional” de hoje não tem mais acesso a recursos exclusivos e ao monopólio da divulgação de informações, o que explica a possibilidade de inúmeras pessoas divulgarem informações, sendo essas verídicas ou não. Porém, pelas diversas possibilidades de distribuição da versão, os jornalistas enfrentarão maiores desafios na geração de conteúdos compreensíveis, demonstrando o maior grau de autenticidade, credibilidade e profissionalismo.
Deve-se manter então, dentro do possível, o equilíbrio entre a ética e as notícias, evitando as fake news. A falta de equilíbrio e o unilateralismo tornaram-se mais evidentes com o passar dos anos e isso é um fato uma vez que à medida que novas fontes de informação também se tornaram fontes potenciais de relatórios comparativos, métodos e quadros de notícias, ficaram mais difíceis saber quais são as distorções, no entanto, facilita a apreensão de desvios morais. (SILVA, 2016)
Conforme é descrito ao longo do texto, as principais formas de atuação das notícias falsas, conhecidas como fake news, são os novos métodos de reprodução, ou seja, a internet. É claro que também nas televisões e jornais elas podem aparecer, uma vez que existem muitos provedores. No entanto, quando se trata de uma empresa série, é mais difícil de se sair algum “podre” que não tenha embasamento e provas. Existe toda uma questão de ética jornalística, conforme explica o estudo, que pode gerar processos e multas caso não cumpridas.
Por outro lado, na internet há uma “terra sem lei”. As postagens são feitas de forma desleal, fora dos contextos e os cidadãos são alienados a receber elas e aceitar, sem mesmo debater e procurar por fontes confiáveis. Por dia, são centenas de milhares de informações soltadas pelas vias eletrônicas em todo mundo, garantindo, portanto, que nem todas elas abrangem a verdade como unilateral, ainda segundo o autor Gelfert (2018).
A rede, a versão e o vídeo mais fácil de publicar podem ser usados como contra evidência, ou seja, cruzamento de dados apenas na sala de edição de notícias. Ficou mais fácil perder credibilidade e colocar a relação entre provedor de notícias e população em risco. Portanto, a luta por requisitos mais rígidos, precisos, pluralistas e transparentes deve ser maior. Seguindo esses preceitos, as notícias falsas podem ser evitadas de uma forma mais eficaz.
3 CONCLUSÃO
Ao longo deste estudo foram abordados vários temas, mas dentro de um mesmo contexto: o jornalismo ético. Sabe-se que o mundo contemporâneo está passando por inúmeras dificuldades, sejam elas políticas, econômicas ou no ramo da saúde. Levando em consideração esse fato, muita das vezes as informações são despejadas pelos milhares meios de comunicação e a notícia não chega a sua verdade integra, o que dificulta a credibilidade com o público e a aceitação da sociedade.
Na política, por exemplo, foram citados os casos das eleições entre Bolsonaro e Haddad. Durante esse período no ano de 2018 foram despejados vários noticiários contra os dois candidatos, apresentando supostas informações negativas sobre suas respectivas vidas que poderiam negligenciar suas candidaturas. Nesse aspecto, cabe ao Poder Público responsável pelo Eleitoral investigar os disseminadores dessas ideias e impedir que aconteça novamente sem as devidas provas.
Quanto à economia, esse já se torna um fato inegável. O Brasil é um dos países com maior taxa de desemprego por cidadãos, o que dificulta a invenção de notícias falsas. No entanto, mesmo que esse seja um tema fácil de se escrever, ainda existem aqueles que exageram e discorrem um cenário pior do que o verdadeiro, causando pânico na população.
Falando em pânico, esse ano é um dos piores da história na questão da saúde, graças ao advento do novo coronavírus, o COVID-19. Nesse aspecto, cabe lembrar que muitas notícias são divulgadas sem o consentimento do Ministério da Saúde e extraviam a verdade, sejam elas positivas ou negativas. Assim, deve-se conscientizar que esse é um momento sério e a mídia não deve, em momento algum, pensar em ganhar com ele, mas sim informar aos seus leitores sobre o que realmente está acontecendo.
Portanto, em vista dos fatos apresentados é necessário se ater e promover, dentro do jornalismo, a prática ética. São tempos difíceis e a necessidade de cada vez mais notícias precisas e com credibilidade faz com que os donos de empresas de tecnologia contratem pessoas especializadas e com moralidade para promover apenas o correto, independente do contexto, a verdade pura e absoluta.
4 REFERÊNCIAS
BILBENY, Norbert. Ética intercultural. Plaza y Valdés, 2012.
CERQUEIRA, L. A. E. de. Qualidade jornalística: ensaio para uma matriz de indicadores. Brasília: Unesco, 2010.
DEL SENT, Luciano Victória; DA SILVA, Luciana Kraemer. Um Estudo sobre a formação acadêmica ética do jornalista luso-brasileiro com vistas à cobertura do suicídio. Fórum de Estudos em Informação, Sociedade e Ciência, v. 3, p. 48-52, 2020.
FERRES I PRATS, John. Televisión subliminal: socialización mediante comunicación inadvertida. 2010.
GELFERT, Axel. Fake news: A definition. Informal Logic, v. 38, n. 1, p. 84-117, 2018.
KARAM, Francisco José Castilhos. Jornalismo e ética no século XXI. Anuário Unesco/Metodista de Comunicação Regional, v. 13, n. 13, p. 15-27.
KARAM, Francisco José Castilhos. Jornalismo, ética e liberdade. Summus Editorial, 2014.
KARAM, Francisco José Castilhos. Jornalismo e ética no século XXI. Anuário Unesco/Metodista de Comunicação Regional, v. 13, n. 13, p. 15-27.
LAZER, David MJ et al. The science of fake news. Science, v. 359, n. 6380, p. 1094-1096, 2018.
MORAES, Ângela. A crise do Jornalismo e o discurso legitimador. Estudos, v. 38, n. 4, p. 663-678, 2011.
ORSI, Carlos. Fake News em saúde: o inimigo mora ao lado. Fundação Oswaldo Cruz. Gerência Regional de Brasília. Fake News e Saúde, p. 60-66, 2020.
REGINATO, Gisele Dotto. Informar de modo qualificado: a finalidade central do jornalismo nas sociedades democráticas. Estudos em Jornalismo e Mídia, v. 17, n. 1, p. 43-53, 2020.
SERRA, J. Paulo. Para além da propaganda e da Internet: a ética do jornalismo. Comunicação e Sociedade, v. 25, p. 290-300, 2014.
SILVA, Andreia Fernandes. Porque é que as fakes News se transformaram em protagonistas do jornalismo contemporâneo? Comunicação Pública, v. 14, n. 26, 2019.
Autor: Tiago Santos Almeida.