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Integrantes do MST invadem escritório de empresa em Maracás

Cerca de 300 famílias pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram, nesta terça-feira (2), o escritório da Companhia de Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa), na cidade de Maracás, a cerca de 350 km de Salvador. Segundo o MST, a ação é uma forma de denunciar e pressionar a empresa para cumprir leis ambientais, sociais e efetivar um diálogo com as famílias do movimento, junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de chamar a atenção para a questão da reforma agrária no Brasil.

Por meio de nota, a Ferbasa disse que tem mantido diálogo com o MST e que a reforma agrária é um assunto que envolve diversos atores e não pode ser resolvido somente pela empresa. O MST alega que desde 2016 denuncia irregularidades realizadas pela Ferbasa, que seria responsável pela criação de desertos verdes na região da Chapada Diamantina. O movimento disse ainda que a Ferbasa realizou um acordo, em 2017, para ceder uma área que assentaria famílias na região, mas o acordo não foi cumprido. Os manifestantes afirmaram que a invasão é por tempo indeterminado e só sairão da área ocupada depois que forem suspensas as reintegrações de posse de dois acampamentos ameaçados, além de efetivar uma reunião entre a Ferbasa, Incra e o Governo da Bahia. Não há detalhes da localização dos acampamentos citados.

Confira nota da Febrasa

”A FERBASA, única produtora integrada de ferrocromo das Américas e reconhecida por sua forte atuação socioambiental, acredita no pleno funcionamento do Estado Democrático de Direito, nos seus valores éticos e no respeito aos compromissos, atuando de forma rígida quanto à observância das leis e regulamentos e em prol do progresso socioeconômico das regiões onde atua.

No tocante às invasões, a Companhia novamente reafirma que tem mantido diálogo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST, com a finalidade de resolver a questão em definitivo. Todavia, vale ressaltar que a Reforma Agrária é um assunto que envolve diversos atores, dentre eles o Poder Público e o próprio Movimento, razão pela qual não pode ser resolvido tempestiva e unilateralmente pela FERBASA.

Adicionalmente, a FERBASA rechaça veementemente a invasão da sua sede administrativa no município de Maracás, pois acredita que as negociações podem ser mantidas de forma pacífica e ordeira. Da mesma forma, manifesta preocupação em relação aos seus colaboradores, que ora estão impedidos de realizar suas atividades laborais”.

Quatro fazendas das cidades de Boa Vista do Tupim, na Chapada Diamantina, Jaguaquara, no sudoeste da Bahia, Juazeiro, no norte do estado, e Guaratinga, no extremo sul, estão ocupadas por integrantes do MST. Mais de 500 famílias estão em áreas consideradas improdutivas pelo movimento.

Confira abaixo as situações:

Boa Vista do Tupim

A ocupação aconteceu no sábado (29), com a participação de cerca de 130 famílias que, segundo o MST, reivindicam o direito à terra para produzir alimentos saudáveis e construir moradias.

A Fazenda Boa Esperança, também segundo o MST, estava abandonada há 18 anos e possui uma extensão de 1.300 hectares de terra improdutiva.

Jaguaquara

A ocupação da fazenda Jerusalém, em Jaguaquara, aconteceu no dia 23 de fevereiro. Na manhã do dia 24, cerca de 200 famílias já estavam no local.

A fazenda Jerusalém, de acordo com o MST, tem um decreto de desocupação desde 2010. Ela já foi ocupada, os integrantes saíram e voltaram a ocupar a área no domingo.

A Polícia Militar informou que a ocupação aconteceu de forma pacífica e que não houve confronto. Afirmou também que a ocupação foi iniciada com cerca de 80 pessoas, mas no fim da tarde o número subiu para mais de 200.

Juazeiro

A ocupação em Juazeiro aconteceu na comunidade do Salitre, na zona rural, também no domingo. O MST informou que cerca de 200 famílias estão no local, que tem pouco mais de 4 mil hectares. Algumas áreas do Salitre já foram ocupadas em outras oportunidades pelo grupo.

Guaratinga

Em Guaratinga, 118 famílias estão na área da fazenda da Mata Verde, na zona rural. Essa ocupação aconteceu no sábado (22) e o grupo alega que a área é improdutiva.

O Movimento Sem Terra alega que as áreas são improdutivas e que não tem famílias assentadas. Conforme o MST, essas ocupações fazem parte do processo de reforma agrária que acontece em todo o Brasil. Informações do G1.