O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou neste sábado, 18, em sua rede social Truth Social, que espera ser “preso” na próxima terça-feira (21) e convocou protestos, ante uma possível acusação de suborno pago a uma atriz pornô antes das eleições de 2016. Referindo-se a um “vazamento” do escritório do procurador do estado de Nova York para o bairro de Manhattan, Trump, que pretende voltar a disputar a Casa Branca em 2024, escreveu em letras maiúsculas: “O principal candidato republicano e ex-presidente dos Estados Unidos Estados da América será preso na terça-feira da próxima semana. Protestem, recuperem nossa nação!”.
Há dias, multiplicam-se os rumores sobre uma possível acusação criminal de Trump por parte de um grande júri, no âmbito da investigação liderada pelo procurador distrital do estado de Nova York, Alvin Bragg, um magistrado eleito democrata. Nos Estados Unidos, os promotores podem apresentar testemunhas e provas a um painel de cidadãos conhecido como grande júri, que então decide se há um caso a ser respondido. Se for indiciado, Trump, de 76 anos, será o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos acusado de um crime. Isso afetaria sua chance de se tornar o candidato republicano à presidência para as eleições de 2024.
Na sexta-feira, um dos advogados de Trump, Joseph Tacopina, disse à imprensa que seu cliente comparecerá à Justiça de Nova York se for acusado.
Envolvido em vários processos judiciais, mas nunca indiciado, o ex-presidente republicano (2017-2021) pode ver esta ameaça materializada nos tribunais de Nova York.
A investigação liderada por Bragg se concentra em um pagamento de US$ 130.000 feito duas semanas antes da eleição presidencial de 2016, vencida por Trump, a uma atriz pornô conhecida como Stormy Daniels.
O dinheiro estava destinado, supostamente, a impedir Stormy, cujo verdadeiro nome é Stephanie Clifford, de revelar publicamente um relacionamento que diz ter tido com Trump alguns anos antes. Trump negou repetidamente um caso com Daniels e alega que a investigação teve motivação política.
Em sua publicação de hoje na Truth Social, Trump se referiu a “vazamentos ilegais de um escritório do promotor do distrito de Manhattan corrupto e altamente politizado”. Disse, ainda, que a investigação está “baseada em um conto de fadas antigo e completamente desacreditado (por muitos outros promotores!)”.
Convite para testemunhar
Daniels se reuniu com os promotores na quarta-feira (15) e “concordou em estar disponível como testemunha, ou para uma investigação mais aprofundada, se for necessário”, afirmou seu advogado, Charles Brewster.
No início de março, a equipe do procurador Bragg deu a Trump a oportunidade de testemunhar, mas a expectativa é que ele se recuse para evitar se incriminar.
Especialistas dizem que o convite é um sinal de que é quase certo que ele será indiciado.
Na segunda-feira, Michael Cohen, o ex-advogado de Trump transformado em inimigo, testemunhou perante um grande júri em Nova York.
O pagamento a Daniels foi feito por Cohen, que disse ter sido reembolsado posteriormente. Esse pagamento, se não for devidamente contabilizado, pode resultar em uma acusação de um crime menor relacionado com falsificação de registros comerciais.
Isso pode ser considerado crime se a contabilidade falsa tiver sido usada para acobertar um segundo crime, como uma violação de financiamento de campanha, informou o jornal The New York Times.
Trump enfrenta várias investigações criminais nos níveis estadual e federal por possíveis irregularidades antes, durante e depois de seu mandato que ameaçam sua nova carreira na Casa Branca.
Na Geórgia, um promotor está investigando as tentativas de Trump e de seus aliados para anular a derrota eleitoral do presidente nas eleições de 2020 nesse estado do sul do país. Nesse caso, o grande júri recomendou várias acusações.
O republicano também é alvo de uma investigação federal sobre a gestão de documentos sigilosos, assim como seu possível envolvimento na violenta invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Convencido de que o democrata Joe Biden “roubou-lhe” as eleições de 2020, Trump convocou seus apoiadores para mobilizar e alimentar a crise política em Washington, particularmente em 6 de janeiro de 2021 e no ataque à sede do Poder Legislativo americano.