A Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE-BA) irá entrar com representação contra o vereador de Caxias do Sul, Sandro Fantinel (Patriota), junto aos ministérios públicos federal e estadual. O edil gaúcho culpou os baianos resgatados em situação análoga à escravidão, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, por suas condições de trabalho. O órgão pretende também dar entrada numa ação indenizatória de reparação, de natureza compensatória, por dano moral.
A procuradoria foi acionada pelo governador do Estado da Bahia, Jerônimo Rodrigues, que na terça-feira, 28, emitiu uma nota de repúdio ao pronunciamento do parlamentar.
Na ocasião, ao discursar na tribuna da Câmara de Caxias do Sul, o vereador afirmou que empresas e produtores rurais deveriam contratar funcionários “limpos” para a colheita da uva, como os argentinos e que os baianos têm como única cultura viver na praia, tocando tambor.
O parlamentar pediu que os produtores da região “não contratem mais aquela gente lá de cima”, se referindo a trabalhadores vindos da Bahia e afirmou que “a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor”.
Em entrevista à Folha, o vereador alegou que “falou demais” e que voltará à tribuna nesta quarta-feira para pedir desculpas. “Eu toquei no nome dos baianos porque o processo que está correndo em Bento Gonçalves foi com os baianos. Porque se tivesse sido com os mineiros, eu teria falado sobre mineiros. Se tivesse sido com os cariocas, eu teria falado dos cariocas. Não tenho nada contra os baianos, pelo contrário. Estive nas praias de lá, é maravilhoso”, argumentou.
Um total 207 pessoas foram resgatadas no dia 22 de fevereiro de um alojamento da cidade vizinha de Bento Gonçalves, onde eram submetidas a trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva para as vinícolas.