Agora chegou a hora do até logo e de efetivamente agradecer à todos vocês pela confiança em meu trabalho. Como eu disse ontem na Live, um agradecimento muito especial para Williams e Raimundo, dois amigos-irmãos que essa caminhada me presenteou. Mas, outras amizades também surgiram junto a equipe Undime e aos municípios baianos, um grupo que lutou e que continuará lutando muito na defesa dos interesses da educação pública municipal.
Não foi uma caminhada nada fácil, e em um contexto onde tivemos a ausência da coordenação da política nacional e estadual, nós, municípios, efetivamente seguramos a onda. Não fomos nota zero, como tentaram impor à Bahia: “a educação não parou, o ensino é que estava remoto”, lema cunhado por diversos municípios em 2020.
Foram muitas aprendizagens, conseguimos reunir muita gente boa que nos ajudou neste processo, em especial a equipe de formadores da Undime Bahia, uma equipe extremamente qualificada e comprometida com a educação pública. E, construímos parcerias muito importantes com a UFBA, UESB, UESC, CEEBA, FEEBA, UNCME e destaco o Itaú Social, que acreditou nas nossas propostas, e viabilizou financeiramente nossos sonhos! Destaco que, em nenhum momento nos portamos contra a Secretaria Estadual de Educação, pelo contrário, a primeira parceria que buscamos para fazer o Movimento Curriculante foi a SEC, justamente por compreender a importância da SEC neste processo e também pelo fato da mesma dispor de 10 milhões de recursos públicos para fazer a formação do ProBNCC. Infelizmente eles não toparam, no entanto reconheceram que teríamos autonomia para buscar outras parcerias para execução da proposta, e encontramos o Itaú Social. Enquanto a SEC/BA optou por usar recursos públicos para fazer a formação com uma fundação privada, nós buscamos recursos de uma fundação privada para fazer formação com uma Universidade Pública. São escolhas no exercício da autonomia de cada instituição, mas defendo que precisamos manter coerência com a teoria que professamos. Também aproveito para rememorar aqui, que no carnaval de 2019 eu e outras pessoas estávamos dentro da Secretaria da Educação do Estado, representando a Undime na elaboração de uma proposta de Regime de Colaboração, que foi solicitada pelo então Secretário. Apresentamos com muita expectativa e depois foi engavetada.
No mais, valeu muito a pena tudo que vivenciamos, foi muito conteúdo produzido para subsidiar e fortalecer o trabalho das equipes técnicas dos municípios, nós chegamos as escolas, as comunidades escolares, propondo reflexões que sem dúvidas impactaram e continuarão impactando as práticas. Tudo isso com muito rigor científico, teórico, prático e objetivo. Reunimos os maiores educadores do Brasil nas nossas 207 Lives, sempre na perspectiva de fazer COM e não sobre os municípios.
Tivemos falhas? Claro que sim, tenho plena consciência disso, sei muito bem e senti, vivenciei na pele as dificuldades de cada município neste processo! E humildemente peço desculpas pelas minhas falhas, pois não tive condições de atender a tudo que chegou para mim!Vivenciamos um contexto de muitas ações de formação sem diálogo, sem alinhamento, se encontrando em cada município. Cada ação tem sua importância, mas não se pode continuar com essa desarticulação das políticas públicas de formação. E também não se pode pensar em Políticas de Formação sem diálogo horizontalizado com os municípios.
Muitas equipes se sentiram sobrecarregadas com razão, e isso precisar ser analisado. Meu sentimento é que falta uma liderança para coordenar esse processo na Educação Baiana, mas coordenar não é se achar secretário dos municípios baianos, mas ter a competência de articulação e a capacidade de dialogo com os municípios e as diversas entidades representativas, construindo coletivamente um projeto comum. A Bahia tem tudo para ser exemplo de articulação para o Brasil e o mundo.
Ficam as aprendizagens, as amizades, vínculos e afetos construídos neste lindo movimento undimiano! Sou quem sou hoje por conta da Undime Bahia, jamais esquecerei isso!
Continuarei contribuindo criticamente com o pensar a educação baiana, sobretudo com as reflexões e análises na coluna do Itiruçu online, me dedicando a escrever sobre tudo que construímos para que academicamente nossas experiências sejam ouvidas e possam servir de inspiração, pois sei que podemos ainda mais, no entanto, saio muito decepcionado com os espaços e relações institucionais, com todo respeito que tenho pelas diversas pessoas com quem convivi nestes espaços. Mas, há muita hipocrisia, muitas vaidades que prejudicam o avanço da educação baiana, mas por outro lado, ainda bem que existem muitas outras pessoas neste espaços que lutam como nós lutamos, e desejo força para que continuem nesta luta, eu preciso de uma parada! Cada vez mais me convenço de que, como nós disse Darcy Ribeiro, “A crise da educação não é uma crise, é um projeto”.
E aí fico com Freire, quando nos diz que “é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”. E quem se coloca como sendo do campo progressista, não pode brincar com os sonhos e desejos das pessoas da classe popular. É preciso ocupar os espaço para fazer diferente.
Meu contato continua o mesmo, estarei até o final do mês concluindo as demandas finais do Movimento dos PPPs!
Desejo muito sucesso para Anderson e Adoniran neste processo de coordenação da Undime Bahia, e eterna gratidão ao meu amigo irmão Raimundo.
Aos municípios, seus Dirigentes, Técnicos de Secretarias, Gestores Escolares, Coordenadores Pedagógicos, Professores e Professoras, trabalhadores da Educação, MEU ENORME RESPEITO À VOCÊS!
Viva a Educação Baiana, Viva a Undime!
Renê Silva
Doutorando em Educação pela UFBA. Pedagogo, Especialista em Fundamentos Sociais e Políticos da Educação e em Gestão Escolar, Mestre em Educação.