O Brasil sai de uma das mais acirradas e surpreendentes eleições desde o período da redemocratização. O povo, de onde emana e para quem vai o PODER, expressou sua posição no dia 30/10, definindo o destino do país, como de doze estados da federação, já que os demais haviam escolhidos seus governadores no dia 02 de outubro.
Mas este breve artigo não quer se reportar ao processo eleitoral de 2022, por mais importante que ele seja e sim, outro relevante procedimento que ainda não foi concluído, inclusive prorrogado seu prazo de encerramento.
Trata-se do CENSO DEMOGRAFICO DE 2022, que o IBGE vem realizando em todos os municípios brasileiros, pois é aí que as pessoas nascem, vivem, produzem, gastam e falecem, logo, necessita, periodicamente, ser realizado para que se tenha um retrato real de quantas pessoas existem no Brasil, de que forma residem, sobrevivem, possuem formação educacional, dentro de outras fotografias que estas amostragens revelam este país continental que moramos.
Aqui vamos nos debruçar sobre um resultado preliminar sobre minha terra, Itiruçu, pois nela nasci, constitui família, tenho relações profundas e quando de minha ida para a Morada Eterna, desejo que meu corpo permaneça.
Há pouco mais de 06 anos, ou seja, em 2016, Itiruçu tinha projetado com um total de 13.307 habitantes, já com um número que colocava nosso município na faixa populacional da tabela do Tesouro Nacional com arrecadação baseado no COEFICIENTE DE 0,8, o que reduzia e muito os recursos constitucionais que chegam para a municipalidade.
Ocorre que agora em 2022, o levantamento populacional que está em andamento, demonstra que Itiruçu teve uma redução de quase 3.000 habitantes nesta meia dúzia de anos, cujo levantamento também retrata centenas de imóveis que estão fechados, cujos dados preocupam e muito a todos nós e deve ser objeto de dilema para a gestão da atual como das futuras administrações, pois se confirmado este declínio populacional, poderemos descer para o COEFICIENTE de 0,6, colocando Itiruçu na mais baixa arrecadação existente no Brasil.
Com este anunciado resultado poderemos ficar sem recursos para pagar até salários de servidores públicos e fechar unidades de saúde e educação, pois nossa estrutura administrativa supera outros regionalmente, como Lajedo do Tabocal, Irajuba, Lafayete e Planaltino, que estão nesta faixa.
Além de condições para que os competentes agentes censitários possam concluir seus trabalhos, também poderá ser requerido revisão do resultado, em prazo tempestivo, o que não ocorreu em 2010, mas necessário é que sejam implantadas políticas de desenvolvimento econômico e social no município, de forma a que seja evitado o êxodo de moradores para outros centros, como para os Municípios vizinhos de Maracás, Jaguaquara, Jequié e Iramaia, que tiveram sua população acrescida no mesmo período em que Itiruçu perdeu e perdeu muito.
Certo é que, apenas obras em tempos eleitorais, muito embora mereçam aplausos, vem provando que não são suficientes como atrativos que façam com que a população permaneça no município e que atraiam outros, fazendo com que migrem para residir e produzir entre nós. Este é o triste e preocupante retrato da nossa realidade de agora. Itiruçu, novembro de 2022.
Sobre o autor: *Ailton Cezarino é advogado, especialista em Direito Eleitoral e em Gestão Pública, além de ex-prefeito de Itiruçu.