O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (9) que a parceria com a China é essencial para a gestão da pandemia de coronavírus no Brasil. A declaração foi dada na abertura da 13ª Cúpula dos Brics, que ocorre de forma virtual. Bolsonaro citou o fato de que insumos para produção de vacinas vêm da China.
“Esta parceria se tem mostrado essencial para a gestão adequada da pandemia no Brasil, tendo em vista que parcela expressiva das vacinas oferecidas à população brasileira é produzida com insumos originários da China”, disse o presidente, diante de Xi Jinping, chefe de Estado da China. O tom é diferente do que foi adotado pelo presidente desde o início da pandemia, quando fez da Coronavac —vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a China— cabo de guerra político com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Bolsonaro chegou a afirmar categoricamente, no ano passado, que a Coronavac não seria comprada. “Da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela [vacina] transmita segurança suficiente para a população pela sua origem”, disse o presidente em outubro de 2020. A declaração estremeceu a relação com o país, que é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Além disso, Bolsonaro costuma recorrer a ataques ao comunismo —o sistema político vigente na China— em suas investidas contra outros Poderes e adversários políticos.
Em ataque ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, por exemplo, o chefe do Executivo chamou-o de comunista.
Em suas ofensas a governadores, Bolsonaro costuma dizer que eles ofereceram uma amostra de comunismo aos brasileiros por terem implementado medidas de contenção da pandemia, como fechamento de comércios e uso obrigatório de máscaras.
Placas de ataque ao comunismo também marcaram a paisagem dos atos de raiz golpista mobilizados por Bolsonaro por ocasião do 7 de Setembro.
Membros do governo Bolsonaro e seus apoiadores também já criaram diversos incidentes diplomáticos com a China, especialmente desde o início da pandemia da Covid-19. Em maio, o próprio presidente disse que a pandemia de coronavírus seria parte de uma “guerra biológica” chinesa e que “os militares sabem disso.”
Além de Bolsonaro e Xi Jinping, estavam presentes na cúpula dos Brics os líderes da Rússia (Vladimir Putin), da África do Sul (Cyril Ramaphosa), e da Índia (Narendra Modi).
A fala de Bolsonaro foi breve e ocorreu na abertura do encontro, assim como as dos demais chefes de Estado.
O presidente ressaltou ainda interesse em diversificar a pauta exportadora com a Rússia, “de forma condizente com o desenvolvimento de ambas as economias e para o benefício dos nossos povos”.
A respeito da Índia, Bolsonaro disse que a cooperação com o país tem avançado, “em especial nas áreas de ciência e tecnologia, energia e saúde, sobretudo no combate à pandemia de Covid-19”.