Após o discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), na noite desta quarta-feira, 2, em televisão aberta, diversos bairros de Salvador se manifestaram negativamente através dos tradicionais ‘panelaços’. Os protestos foram registrados em diversas outras capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. O presidente foi à TV para celebrar bons indicadores econômicos do primeiro trimestre do ano e para defender a realização da Copa América de seleções de futebol no Brasil. Ele também afirmou que os brasileiros que quiserem serão vacinados até o final do ano. “Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados”, disse.
Em vídeos enviados ao Portal A TARDE, é possível ver o ato de desaprovação registrado nos bairros da Barra, São Rafael e Rio Vermelho. As manifestações também ocorreram nos bairros da Pituba, Imbuí, Garcia, Brotas, entre outros. O gesto de bater panelas tem se tornado bastante comum de desaprovação durante os pronunciamentos do gestor federal, principalmente durante a pandemia da Covid-19.
Na fala que durou cinco minutos, Bolsonaro, além de destacar o número de vacinados no país – novamente a partir de dados absolutos, e não proporcionais – voltou a se colocar contra as medidas restritivas de governadores. Também afirmou que o “governo não obrigou ninguém a ficar em casa” e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais.
Ele iniciou seu discurso lamentando as mortes pela Covid-19. Mas em seguida voltou a queixar-se das medidas adotadas por governadores e prefeitos. “O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais”, afirmou.
Bolsonaro defendeu políticas adotadas por seu governo, como o auxílio emergencial e a destinação de crédito para pequenas empresas. Ele ainda celebrou o crescimento de 1,2% da economia no primeiro trimestre.
Segundo a última atualização do balanço do Ministério da Saúde, referente aos avanços do coronavírus, o país registrou um total de 16,6 milhões de pessoas contaminadas e 465 mil vítimas causadas pela doença.
LEIA O DISCURSO NA ÍNTEGRA:
Boa noite,
Sinto profundamente cada vida perdida em nosso país.
Hoje alcançamos a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios.
O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta.
Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa.
Ontem, assinamos acordo de transferência de tecnologia para a produção de vacinas no Brasil entre a AstraZeneca e a Fiocruz.
Com isso, passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacina contra a Covid no mundo.
O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais.
Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea.
Destinamos, em 2020, R$ 320 bilhões para o auxílio emergencial para atender aos mais humildes.
Esse montante equivale a mais de dez anos de Bolsa Família. E mais de R$ 190 bilhões para ajudar estados e municípios.
Alguns setores como bares e restaurantes, turismo, entre outros, em grande parte foram socorridos pelo nosso governo por meio do Pronampe (Programa Nacional de Apoio as Microempresas e Empresas de pequeno porte.)
Hoje mesmo sancionamos a nova lei do Pronampe, agora permanente, que pode destinar a vários setores até 25 bilhões de reais, onde 20% será destinado ao setor de eventos.
Terminamos 2020 com mais empregos formais que 2019. Somente nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil criou mais de 900 mil novos empregos.
O PIB projetado para 2021 prevê um crescimento da economia superior a 4%.
Só no 1º trimestre deste ano, a economia mostrou seu vigor, estando entre os países do mundo que mais cresceram.
Com o Congresso Nacional estamos avançando, aprovamos:
a nova lei do gás;
o marco legal do saneamento;
a MP da Liberdade Econômica;
o Banco Central independente; e
o novo marco fiscal.
Realizamos leilões de rodovias, portos e aeroportos.
Levamos internet para mais de 8 milhões de brasileiros em grande parte para as regiões Norte e Nordeste.
Ontem, a Bolsa de Valores bateu recorde histórico, a moeda brasileira se fortalece, e estamos avançando no difícil processo de privatizações.
A Ceagesp, sob um comando honesto e responsável apresentou, além de lucro, um ambiente salutar entre os permissionários e funcionários.
Essa companhia socorreu nossos irmãos de Aparecida e Araraquara, entre outras cidades do interior de São Paulo, doando dezenas de toneladas de alimentos.
As estatais, no passado, davam prejuízo de dezenas de bilhões de reais devido à corrupção sistêmica e generalizada. Hoje são lucrativas.
Nos dois primeiros anos do nosso Governo, a Caixa Econômica Federal bateu recorde de lucro mesmo reduzindo os juros do cheque especial, da casa própria, das micros e pequenas empresas e dos empréstimos às Santas Casas.
Estamos avançando na transposição do Rio São Francisco, levando água para todo o Nordeste.
Na infraestrutura, o nosso Governo tem construído pontes, duplicado rodovias, terminando obras paradas há décadas, como a BR-163 no Pará.
Ainda neste ano, será concluída a Ferrovia Norte-Sul, que ligará o Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Porto de Santos, em São Paulo, é a retomada do modal ferroviário no Brasil.
Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América.
O nosso Governo joga dentro das quatro linhas da constituição, considera o direto de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis.
Todos os nossos 22 ministros consideram o bem maior de nosso povo a sua liberdade.
Que Deus abençoe o nosso Brasil.
— A TARDE