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Beija-Flor e Tuiuti preenchem lacuna de manifestações e dão recado

A consagração da Beija-Flor no desfile do Rio, seguida de perto pela Paraíso do Tuiuti, contempla o que foi a nota histórica do Carnaval 2018 – o protesto contra a deterioração política e social do país nos últimos anos. Qualquer decisão que alegasse “critérios técnicos” para dar a vitória a uma escola com enredo alheio ao clima de protesto que sacudiu a Sapucaí e muitas outras avenidas do Brasil seria uma traição burocrática e formalista ao espírito da festa.

Alguns, os petistas certamente, prefeririam a Tuiuti, que veio numa batida “Fora, Temer” mais evidente e definida, mas a Beija Flor parece ter expressado de maneira mais ampla e dolorida o mal estar que se apoderou da sociedade brasileira –a saturação com as monstruosidades da injustiça social, com o descaso dos políticos, com o desprezo pelos direitos, com a corrupção, com os preconceitos e com o cinismo dominante.

Se havia quem se queixasse da falta de protestos mais expressivos contra a situação que se instalou no país depois da deposição da presidente Dilma Rousseff, não há mais do que reclamar –ou do que se vangloriar. O Carnaval 2018 preencheu, a seu modo, essa lacuna. Deixará para a  história um registro significativo de seu tempo. Um tempo que talvez fosse melhor apenas esquecer, mas que terá de ser vivido e superado.

A avenida deu seu recado.

“Temer vampiro” da Tuiuti chega à TV pública no desfile das campeãs

Sem interesse das TVs abertas comerciais, o desfile das campeãs do Rio será exibido, pelo terceiro ano seguido, pela TV Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do governo federal. A transmissão, neste sábado (17), a partir das 20h30, será especial pelo fato de que as duas primeiras colocadas, Beija Flor e Paraíso da Tuiuti, apresentaram desfiles carregados de críticas de conteúdo político.

Um dos alvos do enredo da Tuiuti, justamente, foi o presidente Temer. Na sua crítica às relações de trabalho no país, a escola falou dos trabalhadores sem carteira, comparou Temer a um vampiro e chamou de “manifestoches” os brasileiros que foram às ruas defender bandeiras da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

 

Pela repercussão dos desfiles deste ano, é possível imaginar que a TV Brasil terá, mais uma vez, boa audiência com a sua transmissão. Em 2017, o canal registrou a maior audiência de sua curta história (ela foi ao ar em 2007). No ano anterior, igualmente, o canal alcançou ótimos números.

Uma republicação do Blog do Mauricio Stycer.