Não me lembro precisamente o ano, mas sei que o trio já descia as ruas ao som das suas guitarras elétricas. A multidão eufórica, levantava a poeira num misto de suor e alegria.
Nessa época, o trio era totalmente diferente dos de hoje. Não existia a concentração de músicos em um mesmo local como acontece hoje – na parte superior -, era tudo dividido: tambores, caixas e repiques ficam em cada lado do trio, enquanto a guitarrinha baiana ficava na parte superior e a junção de todos os instrumentos, sonorizava a máquina do som. As cornetas tremiam aos acordes frenéticos dos seus músicos que ali faziam os instrumentos cantar sem entoar uma única voz e lá embaixo, a alegria da micareta se misturava nas mortalhas que eram feitas com tecidos comprados nos armarinhos da cidade e estes, eram aquecidos economicamente pela riqueza dos imponentes cafezais da época.
A cidade estava em festa, era micareta em Itiruçu e a região toda se concentrava nesse pedaço de chão. As ruas se enchiam num mar de gente qFróeslava e brincava extravasando a alegria.
Durante o dia pelas ruas marcadas pela folia, a bandinha de percussão e sopro de Dió, anunciava que a alegria não teria trégua e que todos (maiores de idade) se encontrariam no famoso Bataclan.
Os homens se travestiam de mulheres e as mulheres se desenhavam com paetês e purpurinas. Pais enfeitavam seus filhos de palhaços, índios, soldados, bailarinas e etc.
A terra da alegria era aqui.
Enquanto uns corriam atrás do trio nas noites frias da Boa Terra, outros se preparavam para os bailes intermináveis do Clube Recreativo de Itiruçu ao som do Embalo 4 (banda de sucesso da época – Jequié – e que tinha Orlando de Seu Juquinha como um dos seus componentes). A Rua Presidente Vargas, era um intenso e alegre movimento. Me lembro até de um Gaúcho que morava em Jequié e que em tempos de festa no clube social, sempre vendia espetinho de carne em frente à casa de Dona Iaiá – num murinho que ligava a casa ao clube. E confesso que era uma delícia!
Enquanto isso pelas ruas, o povo se esbaldava ao som do trio elétrico. Nesse tempo, não se falava em abadás, nem em cordas ou muito menos, festas fechadas (exceto clubes). O que valia mesmo, era a alegria de um povo que sempre foi igual e como igual se tratava.
Bons tempos aqueles e ainda preservados nas minhas boas lembranças.
Ainda hoje sinto saudades dos trios e das suas marchinhas de Carnaval pelas ruas encantadas da Boa Terra.
Por Joselito Fróes/ Itiruçuense que atua como radialista na rádio Recôncavo FM de Santo António de Jesus.