Irritado com a manutenção dos espaços do PSDB no governo, um grupo de deputados do PMDB decidiu focar artilharia para tentar derrubar o ministro da Secretaria de Governo, o tucano Antonio Imbassahy. A estratégia foi definida durante almoço do grupo nesta quarta-feira na casa do deputado federal João Arruda (PMDB-PR). Segundo Arruda, 16 parlamentares do partido passaram pelo encontro. “A maioria entende que a articulação política do governo é toda feita pelo PSDB, e nós, como peemedebistas, estamos sendo prejudicados por conta de quem coordena a articulação política. Nada contra o deputado (licenciado) Imbassahy. Todo mundo gosta dele. Mas tem um efeito psicológico muito forte a presença dele na articulação política”, afirmou o deputado paranaense ao Estadão/Broadcast após o almoço. Juntamente com o Centrão, bloco informal do qual fazem parte PP, PR e PSD, o PMDB vem cobrando o governo a diminuir o espaço do PSDB no governo. A cobrança começou após a bancada tucana dar 21 votos a favor e 22 contra a aceitação da denúncia por corrupção contra o presidente Michel Temer na Câmara e se intensificou na semana passada, após o PSDB veicular programa partidário com críticas ao governo Temer. No caso da Secretaria de Governo, a presença de um tucano no comando da Pasta sempre incomodou o PMDB. Peemedebistas nunca engoliram ter pedido o cargo para o PSDB, após a saída de Geddel Vieira Lima. Geddel, que cumpre prisão domiciliar desde junho deste ano, deixou a Pasta em novembro de 2016, após ser acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tê-lo pressionado a rever decisões do Iphan para beneficiar a construção de um edifício no qual o peemedebista comprou apartamento em Salvador. “Essa coisa do PSDB no governo está irritando muito a turma. Enquanto os peemedebistas que não votam com governo são punidos, os do PSDB ganham ministérios. A insatisfação é muito grande. A bancada quer ter participação maior no governo, não digo só com cargos e ministérios. A bancada quer ser ouvida, quer ser protagonista, tanto para fazer a crítica construtiva, quanto para fazer a defesa do governo, quando necessário”, afirmou Arruda. O deputado paranaense afirmou que o grupo deve se reunir toda semana e levar a reivindicação a Temer. Não há, por enquanto, ideia de fazer um manifesto escrito. A estratégia, por enquanto, é aumentar a pressão política pela saída de Imbassahy, por meio de discursos e entrevistas à imprensa. “Se o governo quer uma base sólida para construir boas políticas públicas, com esse comportamento com o PSDB, acaba fragilizando a unidade da bancada governista”, disse Arruda.
Estadão Conteúdo