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Sergio Moro determina análise de bens de Lula apreendidos na Lava Jato

Sergio-Moro

O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, determinou nesta sexta-feira (23) que a Secretaria da Presidência da República analise os bens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – apreendidos durante a 24ª fase da Operação Lava Jato – e que estavam guardados no Banco do Brasil. A intenção, conforme o juiz, é verificar se os objetos são do acervo pessoal de Lula ou se há itens que deveriam ter sido incorporados ao patrimônio da Presidência da República. O G1 entrou em contato com a assessoria dos advogados do ex-presidente e aguarda um retorno.

Após os dois mandatos de Lula, os bens foram retirados do Palácio do Planalto e guardados em um cofre da Agência Líbero Badaró do Banco do Brasil, em São Paulo, por cinco anos sem qualquer custo. Entre os itens estão moedas de ouro, medalhas, esculturas, uma espada e uma adaga, por exemplo. A decisão de Moro é resposta a um pedido do Ministério Público Federal (MPF). No início de setembro, a força-tarefa da Operação Lava Jato afirmou que Relatório de Fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) indicou que 1,58% dos itens recebidos por Lula, durante os dois mandatos como presidente, foi incorporado ao Patrimônio da União.

De acordo com os dados do TCU, foram 568 itens recebidos e nove destinados ao Patrimônio da União. O relatório destaca existir uma “fragilidade” para se caracterizar os presentes e, por isso, em consonância com os princípios da moralidade, legitimidade e razoabilidade, todos devem ser  públicos. “Desse modo, mais razoável é que os presentes nesta condição recebidos (excluídos os de  consumo,  por  sua  própria  natureza  depreciativa,  e  os  de  caráter personalizado) façam partedo patrimônio da União e, não, da pessoa física que,  naquele  momento,  a  representa  oficialmente”, diz trecho do relatório do TCU destacado por Moro.

Manifestação da defesa
A primeira vez que o MPF pediu esclarecimentos sobre os bens foi em março deste ano, antes de a investigação ser suspensa e remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com o retorno dos autos para a primeira instância, em julho, o MPF pediu para que Moro intimasse novamente Lula.

Ao determinar que a Secretaria da Presidência da República faça a análise do material, Moro relembrou que o fato e mencionou que a defesa do ex-presidente apresentou petição alegando que não reconhecia a competência de Moro para o caso.

Na petição, protocolada no sistema eletrônico da Justiça Federal em 2 de setembro, os advogados do ex-presidente afirmam não haver razão para o caso ser investigado em Curitiba porque os fatos ocorreram Brasília (recebimento dos presentes) e em São Paulo (armazenamento).

“Desse modo, não há motivos para que a presente investigação ocorra em Curitiba, uma vez, ainda, que todos os fatos apontados na investigação se dissociam territorial e materialmente de qualquer aspecto ou conteúdo da ‘Operação Lava Jato’”, alegaram os advogados.